sexta-feira, 23 de junho de 2023

Poços de Caldas ganha Dia Municipal da Capoeira

 O prefeito Sérgio Azevedo instituiu o Dia Municipal da Capoeira. A data será comemorada em 13 de maio. A lei 9.715, publicada nesta quinta-feira (22) no Diário Oficial do Município, acrescenta dispositivo na lei 9.620, de 24 de agosto de 2022, para incluir no calendário comemorativo e de eventos de Poços de Caldas a nova data.

A comemoração é mais um incentivo ao esporte de matriz africana, presente em diversas atividades culturais e esportivas do município. Na cidade, há várias associações que promovem a prática da capoeira.

Para o mestre capoeirista Luiz Henrique de Souza, a instituição da data comemorativa vai ajudar a capoeira a ter ainda mais reconhecimento. “É bastante importante ter a confirmação da criação desta data que vai celebrar uma cultura que abrange mais de 160 países”, avalia.

A lei é de autoria do vereador Claudiney Marques.

História

A capoeira é uma expressão cultural afro-brasileira que mescla elementos de arte marcial, dança e música. Sua história remonta ao período colonial no Brasil, quando milhões de africanos foram trazidos como escravos durante o período da escravidão. A palavra capoeira significa “o que foi mata”, por meio da conexão dos termos ka’a (“mata”) e pûer (“que foi”). Alude às áreas de mata rasa do interior do Brasil, onde era feita a agricultura indígena. Os primeiros registros da capoeira datam do século 16. Os escravos traziam consigo tradições culturais, incluindo práticas de luta, que foram incorporadas à capoeira.

No entanto, a capoeira foi proibida pelas autoridades coloniais por estar associada à resistência e à rebelião por parte dos escravos. Por isso, os praticantes desenvolveram uma forma disfarçada de luta, incorporando elementos de dança e música, para evitar chamar a atenção das autoridades. Após a abolição da escravatura em 1888, a capoeira começou a ser praticada abertamente apesar de ainda enfrentar estigma e discriminação.

Na década de 1930, o mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado) e o mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha) desempenharam papéis fundamentais na valorização e organização da capoeira. Mestre Bimba criou uma nova modalidade chamada “capoeira regional”, incorporando movimentos mais rápidos e acrobáticos. Mestre Pastinha, por sua vez, dedicou-se à preservação das tradições antigas da capoeira, criando a “capoeira angola”. Foi nessa época que a prática foi legalizada.

A partir da década de 1970, a capoeira ganhou reconhecimento e se espalhou pelo mundo. Muitos mestres e praticantes viajaram para difundir a arte marcial e cultural da capoeira, resultando em um interesse global crescente. Em 2008, a capoeira foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, o que contribuiu para sua preservação e promoção. Hoje, a capoeira é praticada em todo o mundo, com academias, grupos e eventos.

Características
A capoeira reúne diferentes tipos de elementos do campo da musicalidade, luta, religiosidade, dança e costumes. Ela se consolidou enquanto forma de preservar as culturas ancestrais de seus praticantes, bem como de resistir à opressão vivenciada no contexto da escravidão. A capoeira é caracterizada pela da roda de praticantes e tocadores, pelos cantos, pelos instrumentos e pelos movimentos corporais. A música é um elemento essencial para a construção da prática corporal e de desenvolvimento da capoeira. Os diferentes toques executados nos diversos instrumentos, como o berimbau e o atabaque, junto ao coro e o compasso das palmas, compõem a musicalidade da manifestação cultural. Entre os temas das letras musicais cantadas na capoeira estão as vivências das pessoas escravizadas e as divindades do candomblé.

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