sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Professor Carlos Alberto dos Santos, o “Lelo”, tem trajetória de vida dedicada ao esporte

 Poços de Caldas, MG - Nesta edição, o destaque é para Carlos Alberto dos Santos, o professor Lelo da Secretaria Municipal de Esportes. Ex-jogador de futebol profissional e ex-secretário de Esportes, Lelo construiu uma vida inteira dedicada ao esporte, com origens profundamente ligadas ao futebol.

Nascido em uma família tradicional de futebolistas em Ipuiúna, no sul de Minas Gerais, Lelo cresceu respirando o esporte. “Na verdade, nossa família era tradicional no futebol, porque meus tios e os irmãos da minha mãe jogavam muito futebol”, relembra. Seu pai também tinha paixão pelo esporte, e a proximidade com o campo local facilitava a rotina. “Acabava a escola, a gente ia direto para o campo, e minha mãe ficava chamando para estudarmos, mas a gente estava sempre jogando.”

Ainda jovem, Lelo mostrou talento e habilidade, ganhando lugar como titular no time adulto aos 16 anos. Em um dos campeonatos regionais da época, seu desempenho chamou a atenção de Dr. Santana, médico de Ipuiúna e irmão de um conselheiro da Ponte Preta. Em 1979, após uma observação durante uma partida, Dr. Santana fez o convite para que Lelo fizesse um teste na equipe de Campinas, São Paulo.

Apesar da resistência inicial da mãe, o pai de Lelo incentivou a oportunidade. “Meu pai disse: ‘Vai sim’”, relembra Lelo. Ele seguiu para Campinas, ficou por 15 dias em avaliação e foi aprovado pela Ponte Preta, marcando o início de sua carreira profissional no futebol.


De Ipuiúna a Campinas: 

A trajetória de Lelo 

como atleta profissional

Apesar das dificuldades e da distância de casa, Lelo seguiu firme na sua formação de atleta. Em Campinas, treinou sob o comando de técnicos renomados como Cilinho, José Duarte e Wilson Nery. Durante esse período, teve a oportunidade de conviver com grandes nomes do futebol, como Dicá, entre outros.

A Ponte Preta frequentemente realizava jogos amistosos para fortalecer a presença do clube e engajar torcedores. Em muitas dessas partidas, jovens da base eram escalados para ganhar experiência. Lelo participava dessas oportunidades, ora jogando como titular, ora começando no banco.

Um desses momentos inesquecíveis aconteceu em uma partida contra a Caldense, no estádio Cristiano Osório, em Poços de Caldas. Lelo brilhou, marcando dois gols. Ao final do jogo, o repórter Chico Formoso, da Rádio Cultura, o entrevistou surpreso com seu desempenho e quis saber sua origem. Ao ouvir que o jovem talento era de Ipuiúna, demonstrou incredulidade: “Mas não pode!”


De Campinas a Poços 

de Caldas: A chegada 

de Lelo e a busca pela 

elite do futebol mineiro

A trajetória de Carlos Alberto dos Santos, o Lelo, teve uma reviravolta importante quando a pergunta inevitável surgiu: “Por que você não veio jogar pela Caldense?” Naquela época, a Caldense estava montando um time forte para conquistar o acesso à Primeira Divisão do Campeonato Mineiro.

A oportunidade se concretizou quando uma comitiva formada por Gilberto de Matos, o Dr. Sebastião Navarro, e Geraldinho da GM Costa – pai de Laércio Martins e avô de Franco Martins – foi até Campinas negociar com a Ponte Preta para trazer o jovem talento de volta ao sul de Minas.

Antes de aceitar a proposta, Lelo quis saber se havia uma faculdade de Educação Física em Poços de Caldas, pois o desejo de continuar os estudos era fundamental para ele. Mesmo sem a faculdade na cidade na época, ele decidiu se juntar à Caldense. Chegou para a primeira temporada em agosto de 1971.

Naquele ano, a Caldense disputou o acesso à elite mineira, mas o sonho ficou pelo caminho após uma derrota nos pênaltis contra o time de Três Corações. Naquela época, era comum um mesmo jogador bater todos os pênaltis, e apesar dos esforços, o time não conseguiu a classificação. O goleiro Gilberto, que depois também viria a jogar pela Caldense, brilhou defendendo as cobranças pelo time adversário.

Após a temporada frustrada, a Ponte Preta solicitou o retorno de Lelo no início de 1972 para a disputa de alguns campeonatos. Em maio daquele ano, a Caldense realizou uma nova investida e trouxe Lelo definitivamente. Na transação, a Ponte Preta incluiu o meia Ailton Lira, considerado por muitos o maior craque que já vestiu a camisa do time de Poços de Caldas. “Ailton Lira era fora de série, um atleta de uma qualidade técnica impressionante”, relembra Lelo.


Lelo relembra parceria 

com Ailton Lira e o 

fim da carreira como 

atleta profissional

Lelo, sempre bem-humorado, brinca sobre a negociação que trouxe ambos para o time de Poços de Caldas: “Lira, me compraram e te mandaram junto”, relembra, arrancando risadas do companheiro de equipe.

A relação dentro de campo era de colaboração. Lelo destaca que buscava criar oportunidades para que Lira pudesse brilhar: “Eu caçava algumas ‘caltinhas’ para ele fazer gol também.”

Após se firmar na Caldense, Lelo continuou investindo em seus estudos e ingressou na faculdade de Educação Física em 1974. No ano seguinte, em 1975, participou do quadrangular final do Campeonato Mineiro, em Belo Horizonte, sob o comando do técnico Carlos Alberto Silva, que mais tarde se tornaria uma figura histórica no futebol brasileiro.

Foi nesse período que Lelo decidiu encerrar sua carreira como atleta profissional. A decisão surpreendeu muitos que o acompanhavam e não entendiam por que ele deixaria os gramados no auge de sua forma. No entanto, para Lelo, o compromisso com a educação e novos caminhos fora das quatro linhas já despontavam como prioridade.


De jogador a educador: 

Lelo e sua dedicação 

ao esporte e à educação 

em Poços de Caldas

Após encerrar sua carreira como jogador profissional de futebol em 1975, Carlos Alberto dos Santos, o Lelo, deu início a uma nova jornada dedicada à educação e ao desenvolvimento esportivo na cidade de Poços de Caldas. Ainda cursando o terceiro ano da faculdade de Educação Física, Lelo começou a dar aulas e rapidamente se tornou uma figura importante na formação de jovens atletas e estudantes.

Lelo lecionou em diversas instituições de ensino renomadas da cidade, como o Colégio São Domingos, o Colégio Pio XII e a Escola Dom Bosco. Paralelamente, também ministrou aulas de ginástica na Praia do Sol e na própria Caldense. Sua dedicação ao ensino era clara, e ele acumulou experiências que moldaram gerações de jovens poços-caldenses.

Em 1976, Lelo começou a se envolver com a então recém-criada Secretaria de Esportes, que anteriormente funcionava como um conselho municipal. No ano seguinte, em 1977, tornou-se parte ativa da secretaria, ajudando a estruturar e fortalecer as políticas esportivas na cidade. Pouco depois, foi aprovado em concurso público e se efetivou como professor tanto no estado quanto na prefeitura, onde dedicou impressionantes 33 anos de sua vida ao ensino e à promoção de atividades físicas.

Durante essas décadas, Lelo esteve à frente de diversas competições escolares e viu passar por suas aulas inúmeros alunos, especialmente na Escola Polivalente, onde consolidou sua carreira como educador. Sua paixão pelo esporte e pela comunidade o mantém ativo até hoje na Secretaria de Esportes.

Além da educação, Lelo também teve uma breve, mas marcante, passagem pelo jornalismo esportivo. Atuou como repórter de campo na Rádio Difusora, ao lado do saudoso Antônio Carlos Pereira. Posteriormente, acompanhou Pereira na Rádio Cultura e trabalhou com profissionais como Lázaro Walter Alvisi e Marcelo Luiz Benedetti. Aos domingos, participava de programas esportivos na televisão local, comentando sobre os acontecimentos do cenário esportivo municipal, nacional e internacional.


Não existiria Lelo 

sem o esporte

Quando se fala em Carlos Alberto dos Santos, o Lelo, é impossível separar sua trajetória de vida do esporte. Sua dedicação à prática esportiva e à formação de atletas e cidadãos é uma constante desde os tempos de jogador profissional até seu envolvimento com a Secretaria de Esportes de Poços de Caldas.

Lelo esteve presente desde a criação da Secretaria e participou ativamente da estruturação e implementação de programas que até hoje impactam a comunidade local. “Minha vida está muito relacionada à atividade esportiva”, destaca ele, refletindo sobre sua longa trajetória de serviços prestados à cidade.

Desde 1979, Lelo foi um dos responsáveis por idealizar e nortear o Programa de Iniciação Esportiva, uma iniciativa que visa oferecer às crianças e jovens a oportunidade de aprender e praticar esportes com acompanhamento de profissionais qualificados. Esse projeto, desenvolvido em parceria com a Secretaria de Educação, se consolidou como um dos pilares do desenvolvimento esportivo em Poços de Caldas.

Graças a esse programa, diversos professores oriundos da Secretaria de Educação passaram a atuar especificamente na área de esportes. Um exemplo é a professora Roseli, que desenvolve atividades de atendimento no Country Club, promovendo a prática esportiva e a qualidade de vida para a população.

Lelo, que já foi chefe da Secretaria de Esportes, relembra com orgulho as ações e projetos implementados durante sua gestão. Ele destaca a importância de manter viva a chama do esporte, não apenas como uma prática competitiva, mas como uma ferramenta de inclusão social, educação e cidadania.

 “Tudo que a gente faz está relacionado ao esporte. É algo que faz parte de mim”, afirma Lelo.


Lelo e seu legado na 

Secretaria de Esportes 

de Poços de Caldas

Durante sua gestão como Secretário de Esportes no governo de Paulo César Silva, Carlos Alberto dos Santos, o Lelo, deixou um legado marcante para o desenvolvimento do esporte na cidade. Com uma visão inovadora e compromisso com a comunidade, ele implementou projetos importantes e trouxe eventos de destaque para Poços de Caldas, reforçando a posição do município como referência esportiva em Minas Gerais e no Brasil.

Entre suas principais iniciativas está a criação do Programa de Lei de Incentivo ao Esporte, que permitiu ao município utilizar impostos direcionados para financiar ações esportivas. Esse mecanismo possibilitou a realização de eventos e projetos de grande impacto social e esportivo. Além disso, Lelo foi fundamental na criação do Fundo Municipal de Esportes e do Conselho Municipal de Esportes, órgãos voltados para o fomento e gestão eficiente das atividades esportivas na cidade.

Sua gestão também viu o desenvolvimento do programa de patrocínio direto pela prefeitura, que surgiu a partir de parcerias estabelecidas anteriormente com a DME (Departamento Municipal de Eletricidade). Essas ações garantiram recursos constantes para o esporte local, promovendo maior inclusão e incentivo às práticas esportivas.

Um dos grandes marcos de sua atuação foi a realização, em 1985, da primeira final estadual dos Jogos do Interior de Minas Gerais (JIMI) em Poços de Caldas. O evento foi um sucesso, colocando a cidade em destaque no cenário esportivo mineiro.

Além disso, Poços de Caldas se tornou pioneira ao sediar, por cinco anos consecutivos, os Jogos Escolares Brasileiros  e as Olimpíadas Escolares Brasileiras. “Fomos a primeira cidade do Brasil a realizar cinco edições consecutivas desses jogos. Isso foi possível pelo bom relacionamento e pela estrutura de qualidade que oferecíamos”, relembra Lelo.

Durante sua gestão, Lelo também trouxe para a cidade competições de rali e outros eventos esportivos de grande porte, diversificando o calendário esportivo e atraindo visibilidade nacional para Poços de Caldas.


Lelo e sua atuação como 

conselheiro do CREF6/MG fortalece a Educação 

Física no Sul de Minas

Carlos Alberto dos Santos, o Lelo, não só dedicou sua vida ao esporte e à educação em Poços de Caldas, mas também desempenha um papel fundamental como membro ativo do CREF6/MG. Desde a regulamentação da profissão em 1998, Lelo atua como conselheiro regional, contribuindo para a valorização e fiscalização da prática da Educação Física no Sul de Minas Gerais.

Atualmente, Lelo ocupa o cargo de coordenador da seccional sul do CREF6/MG, garantindo que a população da região tenha acesso a profissionais habilitados e serviços de qualidade. Sua função envolve verificar se os profissionais que atuam em academias, escolas e centros esportivos possuem a qualificação necessária para o exercício da profissão.

“É importante para a nossa região ter um conselheiro atuando ativamente, garantindo que a população esteja sendo bem atendida por profissionais qualificados. Nossa missão é assegurar que apenas aqueles que têm a formação adequada possam dar aulas e orientar práticas esportivas”, destaca Lelo.

Além de sua atuação regional, Lelo também participa das atividades do Conselho Federal de Educação Física, colaborando em nível nacional para fortalecer a regulamentação e o reconhecimento da profissão. Sua trajetória é marcada por uma luta que começou nos anos 1980, quando a regulamentação profissional ainda era um sonho distante.

“Naquela época, víamos muitas pessoas não habilitadas dando aula, o que comprometia a qualidade do ensino e colocava em risco a saúde da população. A regulamentação veio para mudar isso, garantindo que apenas profissionais qualificados possam atuar na área”, explica Lelo.

Para ele, ser parte desse processo é motivo de orgulho e satisfação. Sua dedicação ao CREF6/MG e ao fortalecimento da Educação Física demonstra seu compromisso contínuo com a qualidade do esporte e da saúde na sociedade brasileira.


Lelo e a fundação da 

Lidarp: Uma revolução 

no esporte regional

Poços de Caldas, MG – Em sua longa trajetória dedicada ao esporte, Carlos Alberto dos Santos, o Lelo, é reconhecido como um dos fundadores da Lidarp (Liga Desportiva do Alto Rio Pardo), uma iniciativa que fortaleceu o desenvolvimento esportivo na região sul de Minas Gerais e promoveu a formação de jovens atletas.

A história da Lidarp começou na década de 1980, em um contexto onde Poços de Caldas era pioneira na participação dos Jogos do Interior de Minas Gerais (JIMI), criados pelo governo estadual em 1985. Apesar das conquistas, as equipes participantes eram compostas quase sempre pelos mesmos atletas adultos, sem uma renovação de talentos nas modalidades como futsal, vôlei, basquete e handebol.

Percebendo essa necessidade de renovação, Lelo foi um dos idealizadores dos Jogos da Juventude (Joju), e, em seguida, dos Jogos da Juventude Mirim (Jojuninho). Já na primeira edição do Joju, a delegação de Poços de Caldas conseguiu renovar 50% dos atletas, substituindo adultos por jovens talentos vindos das categorias de base.

A partir dessa experiência, ficou claro que era necessário um esforço regional para ampliar o desenvolvimento esportivo. Assim nasceu a Lidarp – a Liga Desportiva do Alto Rio Pardo – uma organização que visava integrar os municípios, fortalecer as equipes e incentivar a contratação de profissionais de Educação Física pelas prefeituras para trabalhar com modalidades esportivas de base.

A Lidarp tornou-se a base de apoio para o Joju e o Jojuninho, fornecendo equipes preparadas e incentivando uma competição saudável entre os municípios. Com o passar dos anos, a liga cresceu e hoje reúne mais de 40 cidades participantes, consolidando-se como a principal competição esportiva intermunicipal da região.

Para Lelo, o sucesso da Lidarp reflete o compromisso com o esporte e o desenvolvimento social: “Através da Lidarp, conseguimos fortalecer nossas equipes, gerar mais oportunidades de trabalho para os profissionais de Educação Física e incentivar os jovens a praticarem esportes e representarem suas cidades com orgulho.”

A Lidarp não apenas impulsionou o nível técnico das competições, mas também fortaleceu a cultura esportiva regional. Graças ao trabalho incansável de Lelo e outros profissionais, as cidades participantes passaram a investir mais em esporte, contribuindo para a formação de atletas e cidadãos mais preparados.

Hoje, a Lidarp continua sendo um símbolo de união, crescimento e excelência no esporte regional, com Poços de Caldas e a Secretaria de Esportes desempenhando papel fundamental na coordenação e participação dessas competições. 

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