sexta-feira, 11 de julho de 2025

A excelência de um projeto transformador

Poços de Caldas, MG – Esta reportagem da série especial do Jornal Mantiqueira sobre os 15 anos da Escola de Futebol Zico 10/Coopoços traz um mergulho nos bastidores do projeto pelas palavras de José Carlos Quiciri, coordenador geral da escolinha e uma das figuras mais importantes no processo de crescimento e profissionalização da iniciativa.

Ex-atleta profissional, Quiciri encerrou sua carreira em 2012 e logo encontrou uma nova vocação: formar talentos e cidadãos por meio do esporte. “Comecei a trabalhar em uma escola de futebol aqui da cidade, mas em 2015 tive a oportunidade de vir para a Zico 10, através do Paulista. Em 2017, assumi a coordenação e, a partir daí, começamos a reestruturar o projeto de forma profunda”, relembra.


Transição e crescimento: da estrutura local à inserção regional

Ao assumir a coordenação, José Carlos participou de uma fase de transição na Coopoços, com a saída do então presidente Sérgio Azevedo e a chegada de Ana Alice de Souza. A nova gestão trouxe também um novo rumo à escolinha. “Começamos a redirecionar o trabalho. Até então, estávamos restritos a Poços de Caldas, mas passamos a buscar novas experiências, novas competições, novos ambientes para o desenvolvimento dos meninos. Isso ampliou as perspectivas e agregou muito em termos de formação.”

Segundo ele, esse movimento exigiu enfrentamento de muitos desafios – técnicos, estruturais e também humanos. “Lidar com as crianças é uma missão maravilhosa, mas desafiadora. Além disso, também temos que lidar com os familiares, com realidades muito diferentes. Nosso objetivo sempre foi formar cidadãos. E para isso, enfrentamos muitos percalços.”


Formação que vai além do campo

Para Quiciri, a base do sucesso do projeto está na visão de que o futebol é uma ferramenta de educação e desenvolvimento pessoal. “Através do esporte, queremos formar caráter, respeito, disciplina. Não se trata apenas de treinar. Trata-se de transformar.”

Esse trabalho gerou frutos não só entre os atletas, mas também no próprio desenvolvimento do coordenador. “A partir desse processo, finalizei minha faculdade, fiz duas especializações e conquistei a Licença da CBF. Todo esse conhecimento foi aplicado na escola. E a estrutura da Zico 10 também evoluiu junto.”


Modernização e profissionalismo

O coordenador destaca que hoje a escolinha tem um dos processos mais modernos da região. “Toda nossa inscrição, controle de alunos, banco de dados é feito via aplicativo. Automatizamos o sistema e isso gera organização e eficiência. Quem chega aqui tem uma impressão muito positiva do trabalho.”

Além disso, o crescimento da equipe técnica foi essencial. “Começamos só com o professor Canhoto e eu. Hoje temos cinco professores. O Canhoto cuida de duas categorias, temos o Miller com o sub-15 e sub-16, o Marquinhos com o sub-7 e sub-9, e um estagiário em formação como treinador de goleiros.”


Currículo estruturado e metodologia própria

Outro ponto de destaque é o planejamento técnico da Zico 10/Coopoços. “Não fazemos um trabalho aleatório. Desenvolvemos um currículo metodológico completo, com sessões de treino planejadas, programação semanal, mensal, semestral. Isso nos dá um norte e garante evolução contínua dos alunos.”

Essa metodologia foi crucial para que a escola atingisse resultados inéditos na formação de atletas de alto rendimento. “A Zico 10/Coopoços, até onde sei, é a única escola de futebol da cidade que levou um atleta da base à Seleção Brasileira. É um orgulho enorme.”


Atletas revelados: da base local para o cenário internacional

Entre os exemplos de sucesso, Quiciri cita com orgulho o goleiro Santiago, que saiu da Zico 10 direto para o Atlético Mineiro e, de lá, foi convocado para a Seleção Brasileira de base. Outro destaque é Carlinhos, ex-aluno da escolinha que foi para o Palmeiras e hoje atua no futebol europeu, na segunda divisão de Portugal. “Esses são apenas dois nomes. Temos vários meninos em fase de formação que têm muito potencial. A safra que vem por aí é muito promissora”, garante.


Um projeto que não para de crescer

A pandemia poderia ter sido um obstáculo, mas, segundo José Carlos, foi o contrário. “Depois da pandemia, nosso projeto cresceu muito. Fechamos todos os anos com crescimento, nunca com redução. E isso só é possível porque temos uma diretoria que acredita no trabalho e uma comissão técnica que persevera.”

Ele finaliza com uma visão de futuro e compromisso com o legado da Zico 10. “Hoje, a escola está consolidada como referência, mas o nosso foco é seguir crescendo. Mais do que formar jogadores, queremos continuar formando pessoas, com seriedade, planejamento e paixão pelo que fazemos.”

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