Paulo Vitor de Campos
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Poços de Caldas, MG - O falecimento do padre Graziano Cirina esta semana causou grande comoção na cidade. O sacerdote era bastante conhecido por sua generosidade na busca de ajudar o próximo, mas era também um grande amante do esporte, mais especificamente do futebol. Ele quase se tornou um jogador profissional. Nascido da Sardenha, Itália, Graziano se lesionou e teve que colocar a carreira de lado, porém, o futebol nunca deixou de ser uma paixão.
O padre nutria um amor muito grande por dois times, o Cagliari, da Itália, e o Poços de Caldas Futebol Clube. Desde a fundação do Vulcão, ele se tornou um torcedor ferrenho do time. Atualmente, ele era um dos dirigentes e foi um dos maiores incentivadores do retorno do time aos gramados, o que aconteceu este ano graças ao trabalho de Alessandro Gaiga e Fábio Paulista. “As primeiras reuniões que discutiram a volta do Poços de Caldas Futebol Clube aos gramados foram com o padre Graziano, na casa dele. Ele foi o maior incentivador por este retorno”, conta Gaiga, presidente do Vulcão.
Parceria
Paulo Cássio Pereira entrou em contato com o Mantiqueira e contou mais uma página nesta história de amor do padre pelo Vulcão. Pereira escreveu a letra de uma música que se tornou uma espécie de hino não oficial do clube. Esta letra acabou virando música na voz do padre Graziano, que deu uma interpretação que demonstrou todo seu amor pelo time.
Paulo Cássio conta que a amizade com o padre era grande desde os tempos em que participavam das atividades na paróquia do Parque Pinheiros. Ele lembra que na época o padre incentivava os trabalhos de uma escolinha do bairro e chegou a conseguir uniformes para os meninos. Este uniforme foi uma doação do time do Cagliari. “O esporte era a vida do padre e se alguém duvidava disto ele provava. Eu mesmo desconfiei que ele poderia ter sido um jogador profissional e antes de uma reunião na paróquia o desafiei a fazer embaixadinhas com a bola. Foi ali que constatei que realmente na minha frente tinha um jogador de futebol”, contou Paulo César. “O padre Graziano gostava muito da vida e de Poços de Caldas, de música, esporte, de futebol. Ajudou muito a nossa comunidade e nos movimentos da Pastoral da Juventude, também na área espiritual e social. Ajudou na criação do cursinho pré-vestibular comunitário e gratuito Educafro que existe até hoje, criou a Aphas e foi muito presente em nossas vidas. Já está fazendo muita falta”, finalizou Pereira.
“Hino do Vulcão”
Paulo conta que o Vulcão estava “voando” em campo e sua torcida lotava o Ronaldão. “Foi naquela época do atacante Renatinho, que vinha se destacando no clube e empolgando a todos. Acho que o time estava na terceira divisão do Campeonato Mineiro, mas todos estavam muito animados com aquele time”, falou Pereira. Ele conta que um dia, após uma grande vitória, se encontrou com o padre. “Estávamos cheios de alegria e entusiasmados pelo time e juntos começamos a pensar um hino”, disse Paulo, que fez a letra e enviou ao padre. Mas, algum tempo passou e padre Graziano não disse mais nada, até que veio a surpresa. “Tempos depois fui a uma missa na paróquia Sagrado Coração, no final nos cumprimentamos e ele me chamou para dar uma volta, com outro amigo, no seu carro. A minha surpresa foi quando ele colocou o CD e começamos a ouvir o “Hino do Vulcão”. A emoção foi forte, momentos de muitas alegrias e contentamento, fizemos a maior festa ouvindo”, disse Paulo. Segundo ele, nunca existiu a intenção de que aquele fosse o hino oficial do clube. “Para nós, entusiasmados na época, bastava ir no campo e curtir a nossa música. Queríamos o sucesso dos jogadores e do time. Esta é uma história para refletirmos de que no final da nossa passagem aqui a matéria vai embora, mas o que realmente importa são as palavras, a espiritualidade e as ações que ficam registradas nas nossas vidas”, falou Paulo.
Emoção
A reportagem enviou o arquivo com a música cantada pelo padre para Alessandro Gaiga e ele se emocionou bastante. Gaiga é o atual presidente do Poços de Caldas Futebol Clube e foi amigo pessoal do padre por 21 anos. Ele disse que tinha conhecimento da música, mas nunca a tinha escutado. “Ouvir a música na voz do padre Graziano foi uma emoção muito grande. Já tinham me dito que existia esta música. Conversei com o padre e ele ficou de me enviar, mas o tempo foi passando, ele não enviou e ficou por isto mesmo. Depois ele foi adoecendo e o assunto não foi mais conversado” disse Gaiga. Padre Graziano era atualmente o diretor social do time e membro ativo do clube, ajudava nos bastidores. “Estou muito triste com o falecimento do padre, mas receber este presente de vocês, que é esta música na voz dele, e escrito por um grande amigo do Graziano, foi muito emocionante. Muito obrigado por este presente maravilhoso de escutar este hino na voz dele, me deixou muito feliz num dia de muita tristeza. Foram 21 anos de convivência, uma grande amizade. Neste período ele me ensinou a entender a vontade de Deus, mas quando a vontade de Deus não é a nossa fica difícil de aceitar”, falou Gaiga. “Ele tinha mais a oferecer, mas Deus devia saber das limitações físicas dele e o chamou para fazer seu trabalho lá de cima. São muitos projetos em andamento e ele vai continuar cuidando de tudo”, finalizou Gaiga, parceiro do padre na Aphas e na paróquia. Eles também tiveram o projeto Roteiro de Viagem, quando viajaram para cinco países, além de outros vários projetos. “Em quase todos os projetos dele eu estava envolvido e depois de tanta dor esta música na voz do padre Graziano acalma meu coração um pouco”, finalizou Gaiga.
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