quinta-feira, 9 de junho de 2022

Caldense entra em conversas para se tornar clube-empresa

  Paulo Vitor de Campos

pvc.mantiqueira@gmail.com 

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 Poços de Caldas, MG – Confira uma entrevista especial com o presidente da Caldense Rovilson Ribeiro. Ele fala sobre a decepcionante campanha do time no Brasileiro da Série D e conta ainda que existem conversas para que a Caldense se torne uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), também conhecida como clube-empresa. 


Mantiqueira – Como a diretoria analisa a campanha da Caldense nesta Série D? 

Rovilson Jesus Ribeiro – Primeiramente agradeço a oportunidade de poder falar do nosso ponto de vista e podermos explicar através do jornal Mantiqueira algumas coisas. Desde o final do ano passado tivemos uma dificuldade imensa para montar o time para a temporada. Foi complicado fazer aquele grupo que disputou o Campeonato Mineiro, mas deu certo, montamos um time operário graças um trabalho muito bem feito pelo professor Gian Rodrigues, da comissão técnica, da diretoria e dos atletas, conseguimos fazer um campeonato muito bom. Ficamos em quarto lugar, o que nos garantiu a possibilidade de jogarmos a Copa do Brasil em 2023, o que vai nos proporcionar uma receita a mais. Mas quando o time foi montado para o Campeonato Mineiro a gente não sabia o dinheiro que viria, e se viria alguma coisa. E realmente o dinheiro da televisão veio bem inferior, R $350 mil a menos que anos anteriores, e isso para um time pequeno, do interior, faz muita diferença. A gente esperava uma verba de R $800 mil, ou seja, tivemos que nos adequar para a temporada. Trabalhamos duro, pagamos tudo e graças a Deus deu tudo certo, o time encaixou e acabou entre os finalistas, perdendo para um Atlético Mineiro na semifinal, que todo mundo sabe a força que tem. Logo depois veio a Série D. A Caldense até poderia não participar, mas estávamos num período bom, quase que classificando entre os quatro semifinalistas, não dava para falar em não participar da Série D. Seria um banho de água fria em todo o time. Então seguramos e fomos para a disputa. É sabido por todos que o clube não tem condição econômica para arcar com todas as despesas e por isso foi necessário a vinda da parceria. 


Mantiqueira – Quais exatamente são as despesas para uma temporada completa? 

Rovilson Ribeiro - Quando falamos em despesas, o torcedor não tem noção de quais são estes gastos. Não fica só em pagamento de salários dos atletas e comissão técnica. Existem todos os custos operacionais do Centro de Treinamento, exames, inscrições de jogadores, uniformes, uma série de coisas que eleva o patamar para a Caldense. São gastos que saem de nosso controle econômico financeiro e eu não posso fazer nada que seja fora das normas estatutárias do clube. Em função disso passamos o time para a parceria, caso contrário não teria como disputar a competição. 


Mantiqueira – E o que a parceria tem a dizer da atual campanha? 

Rovilson Ribeiro – Estão decepcionados como todos nós estamos. É um time jovem e que infelizmente não deu liga, não funcionou em campo, pelo menos até o momento. Estamos todos chateados tanto quanto nossos torcedores. Claro que queríamos ver a Caldense fazendo uma campanha melhor, mas não fizemos nada com descaso com o time, de forma alguma. Queremos ver a Caldense bem em todas as disputas, mas se no Campeonato Mineiro a campanha superou a expectativa, no Brasileiro não aconteceu da forma esperada. 


Mantiqueira – Mas não seria mais viável deixar de disputar o campeonato e focar o trabalho para a temporada 2023 que será mais cheia que este ano? 

Rovilson Ribeiro – Foi como disse na pergunta anterior. Não tinha como desistir do campeonato. Era um momento bom do time e tenho certeza que se a gente desistisse da disputa iríamos enfrentar críticas mais pesadas ainda da torcida e até da imprensa. 


Mantiqueira – Como o senhor vê o questionamento do torcedor, que é duro, principalmente nas redes sociais? 

Rovilson Ribeiro - Entendo perfeitamente os questionamentos, jamais vou tirar o direito do torcedor que quer ver o time sempre à frente e sempre ganhando. Resolvemos disputar o campeonato, a opção que a gente tinha para isso era a parceria, mas o resultado está aí, não é legal e claro que o torcedor está chateado, mas ele pode ter certeza que estamos ainda mais tristes que eles. Vale destacar que o trabalho que vem sendo feito nos últimos anos foi muito bom. O time ficou entre os quatro melhores do Mineiro em 2004 e depois voltou a ter esta performance apenas em 2015 quando perdeu a final de forma bastante polêmica. Nos últimos quatro anos, quando assumimos a presidência, fomos semifinalistas duas vezes, ou seja, o balanço é mais que positivo. Sem contar que nunca corremos risco de rebaixamento. 


Mantiqueira – O que esperar para o restante da temporada? 

Rovilson Ribeiro – A classificação já não vem mais. Difícil acreditar em milagre. Vamos ver se nos jogos que restam o time melhora um pouco o desempenho e consegue subir na classificação. Nos jogos diante da Ferroviária, que é um adversário que entrou no campeonato com mais recursos e para brigar lá em cima, a gente conseguiu evoluir bastante em relação aos outros jogos. 


Mantiqueira – O que falar sobre não participar do Campeonato Mineiro de base? A Caldense realmente precisou pagar uma multa alta? 

Rovilson Ribeiro – Foi noticiado que a Caldense teria que pagar uma multa de R $50 mil reais, mas isso não procede. A Federação Mineira arbitrou este valor, que não é aplicado para categoria amadora, mas sim profissional. Entramos com recurso e eles entenderam e a multa foi retirada. 


Mantiqueira – O clube tinha intenção de participar deste campeonato? 

Rovilson Ribeiro – A intenção existia, mas ao analisarmos os altos custos com viagens, hospedagem, entre outros, acabou não sendo viável a participação e tivemos que abortar este projeto. 


Mantiqueira – Como estão as conversas da Caldense para se tornar um clube-empresa, passar a ser uma SAF? 

Rovilson Ribeiro – É o caminho. Nós precisamos tratar o futebol de uma outra forma e hoje o que está se aplicando é a implantação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) que já foi aderida por vários clubes. Estamos num processo de realização, mas não estou aqui falando que isso vai acontecer nos próximos dias. É um processo, uma etapa muito burocrática, demora, mas a Caldense tem todas as condições para realizar a SAF, por ser, em primeiro lugar, um clube que se encontra de maneira saudável, com todas as suas economias em dia, não tem débitos, está com todas as certidões negativas, tudo certinho, ou seja, o caminho está muito mais curto de que em alguns outros lugares. Estamos trabalhando junto com o Departamento Jurídico para tentar colocar o futebol na SAF. 


Mantiqueira – O que falar sobre as eleições que estão chegando? 

Rovilson Ribeiro – Realmente está chegando, recentemente tivemos a eleição do novo conselho, o Dr. Vanderlei encerrou o seu mandato, ele foi muito bem, realizou um trabalho muito importante, uma etapa difícil de transição dentro do nosso clube. Agora temos o novo conselho que vai ser presidido pelo Carlos Couto, uma pessoa experiente e que tem como vice o Leandro, um jovem, enfim, estamos mesclando e mudando os rumos dentro da Caldense. Sobre a eleição a presidente ainda vamos aguardar mais um pouco para definir, vamos ter algumas reuniões para vermos os rumos que as coisas vão tomar. Tudo tem que ser feito com muita calma para dar sequência ao trabalho.  


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