terça-feira, 15 de junho de 2021

Protagonistas de embates históricos, Buzuca e Reinaldo se reencontram em entrevista com Milton Neves

 Renan Muniz

A.A.Caldense



Poços de Caldas, MG - O ex-zagueiro da Caldense, Buzuca, ídolo da equipe alviverde nos anos 70, e Reinaldo, ex-atacante, considerado o maior jogador da história do Atlético-MG, participaram recentemente do programa “Domingo Esportivo” da Rádio Bandeirantes, comandado por Milton Neves. Durante o bate-papo, relembraram os grandes embates que tiveram em campo nos confrontos entre a Veterana e o Galo.

A rivalidade entre os dois sempre foi muito conhecida. Buzuca era famoso por sua raça, virilidade e espírito guerreiro. Reinaldo por sua velocidade e habilidade. Quando se encontravam era uma verdadeira guerra, pois os dois queriam vencer. O duelo entre a dupla ganhou destaque nacional em 1978. O Brasil iria jogar pela Copa do Mundo contra a Argentina, que tinha vários jogadores brutos. E perguntaram para o Reinaldo, que seria escalado para a partida, como ele iria fazer pra enfrentá-los. O atacante disse que “quem já enfrentou o Buzuca não pode temer mais nada na vida”. A história foi repercutida em toda a imprensa brasileira.

Durante a entrevista por telefone com Milton Neves, Reinaldo foi questionado sobre qual foi o zagueiro mais difícil que enfrentou. O ídolo atleticano não teve dúvidas. “Buzuca. Ele parecia um pré-histórico, um mameluco escandinavo. Aparentava ter 1,95 m, ruivo, barbudo, olho azul e em volta tudo vermelho e ainda tirava a dentadura para ficar banguelão, então virava um monstro. E a noite naquele frio de Poços de Caldas, tomei muita porrada do Buzuca. Então sabia que ele ia chegar forte e tinha que abrir as pernas, sair da bola, para não apanhar. Era um duelo de Davi e Golias” – disse Reinaldo.

Gostando da história, Milton Neves resolveu ligar para Buzuca, que atualmente mora em Varginha, e o colocou na linha para conversar com Reinaldo ao vivo. O ídolo alviverde comentou as falas de Reinaldo. “Eu tinha um estilo viril mesmo, mas nunca fui desleal. Chegava forte, mas nunca com a intenção de quebrar uma perna. Na época o futebol era jogado de verdade, com muita força, dedicação e amor a camisa. Nós não ganhávamos muito dinheiro, mas respeitávamos o nosso clube e a cidade”.

Milton Neves brincou com Reinaldo, dizendo que antigamente ele “nem dormia de saber que iria enfrentar o Buzuca”. Em tom descontraído, Reinaldo disse que: “com o passar dos anos o Buzuca ficou até com a voz doce, então agora fico mais calmo”. O jornalista ainda questionou Buzuca, de por quê chegar tão forte no Reinaldo. “Era meu ganha pão. Ou eu batia nele, ou não ganhava o meu ‘bicho’ e minha possibilidade de sobreviver”.

Depois, em meio a risadas, Milton Neves abriu espaço para Buzuca pedir desculpas a Reinaldo por tantas divididas duras. E Buzuca respondeu rindo: “ele que tem que pedir desculpas para mim, por ter feito correr tanto atrás dele. Tenho duas próteses hoje, uma no joelho esquerdo e outra no quadril direito, de tanto correr atrás do Reinaldo”.

Reinaldo e Buzuca participaram da entrevista de maneira muito descontraída e em clima de amizade. Os dois lembraram com muito carinho da época em que se enfrentavam e que deixou saudade.

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