Poços de Caldas, MG - Um dos maiores entusiastas da canoagem no Brasil, o atleta Fábio Paiva conversou com o jornal Mantiqueira durante sua vinda a Poços de Caldas para participar do Festival Aloha.
Paiva ajudou a criar dezenas de polos do esporte no país. Nascido na capital paulista, o atleta reside em Santos desde os cinco meses de idade. Filho de dois atletas santistas, Paiva construiu sua carreira esportiva na cidade de Santos. Aficionado pelo mar, aos 10 anos ganhou do pai o primeiro barco a remo. Engenheiro por formação, em 1984 venceu sua primeira competição. Durante uma viagem à Espanha, na década de 90, conheceu a canoa havaiana e apaixonou-se pela modalidade, decidindo trazê-la ao Brasil.
Abandonou a carreira de engenheiro para dedicar-se integralmente à canoagem. Em 1989 começou a fabricar canoas havaianas de forma quase artesanal, dando início à empresa Opium.
Primeiro campeão brasileiro de canoagem da história, no ano de 1985, na Volta à Ilha de Vitória, Fabio permaneceu 14 anos invicto no país. Primeiro brasileiro a disputar uma prova internacional, foi vice-campeão sul-americano no Uruguai e segundo lugar no Campeonato Mundial de Canoagem Oceânica na Volta à Ilha da Madeira.
Responsável pela introdução do esporte em mais de 15 bases espalhadas pelo Brasil, Fábio é organizador da Volta à Ilha de Santo Amaro e foi condutor da tocha dos Jogos Pan-Americanos de 2007, e da chama olímpica nas Olimpíadas de 2016, remando entre as cidades de Guarujá e Santos.
“Estar em Poços de Caldas é um prazer muito grande, já tinha tido convite há muitos anos para fazer esta visita e agora deu certo. Sou considerado um dinossauro vivo da história da canoagem no Brasil, trouxe a canoa havaiana pra cá, a canoagem oceânica também e hoje a gente tenta identificar lugares com potencial natural para replicar isto”, disse Fábio. Ele conta que Poços de Caldas estava no radar de eventos nacionais há muito tempo e o Festival Aloha realizado neste fim de semana foi a oportunidade de conhecer o potencial da cidade. Pelo que viu, ele acredita que Poços tem tudo para se tornar um grande polo da conoagem e com chances de receber etapas de competições importantes como o Campeonato Brasileiro. “A canoa havaiana é um esporte em equipe, com seis pessoas, e temos condições aqui para competições deste porte” disse. Dono de projetos importantes no litoral paulista, Fábio acredita que pode trazer os mesmos para a cidade. “São projetos ligados ao esporte e na área da saúde, meio ambiente. Hoje trabalhamos a canoa havaiana como uma grande ferramenta de integração para o esporte e para a saúde. Temos o projeto Kaora que é a remada na recuperação das mulheres com câncer de mama. Foi identificado que remar é a melhor atividade física pós-cirúrgica. Com muito orgulho digo que montamos a primeira academia do câncer do mundo com remada indoor, temos um tanque dentro de uma piscina, temos aulas de yoga, aula de dança, aula de canto, ginástica e tudo isso supervisionado por um grupo multidisciplinar com médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfim, uma grande equipe. Isso tudo pode vir para cidades como Poços de Caldas e funcionar muito bem”, destacou Fábio. “O que oferecemos hoje pode ser num futuro a cura do câncer. Hábitos saudáveis, cabeça boa, atividade física e amor, é isso que a gente passa para estas mulheres e o resultado, desde 2016, está sendo fantástico”, destacou.
Fábio também comanda o projeto “Shay Remando”, que tem este nome por ser realizado na Praia do Shay, litoral norte de São Paulo, e trabalha com crianças da comunidade, colocando o esporte como ferramenta de socialização.
Sobre a estrutura de Poços de Caldas, Fábio destacou que ficou surpreso com o potencial da cidade. “Tudo muito incrível. Me surpreende as pessoas não conhecerem a canoa havaiana e nosso objetivo é criar um grande polo de canoa havaiana aqui. Tem tudo para dar certo, mas precisa de interesse da administração também”, finalizou o “dinossauro”.
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