Poços de Caldas, MG – No último dia 9 de agosto foi celebrado o Dia da Equoterapia, também conhecida como terapia verde, que é um processo terapêutico natural que envolve uma série de práticas que auxiliam na conexão e sintonia com a natureza, de modo a encontrar um equilíbrio emocional que priorize a saúde mental, aumentando a sensação de bem-estar.
Esse modelo terapêutico é realizado em diversos locais da cidade. A reportagem do Mantiqueira esteve esta semana no Clube do Cavalo, onde são atendidos cerca de 30 pacientes. Cristiane de Figueiredo Santos psicóloga e equoterapeuta, é uma das responsáveis pelo trabalho realizado. Ela tem autoridade no assunto, já que ela própria sentiu os benefícios do trabalho com cavalos em sua vida. Cris, como é carinhosamente chamada pela equipe, nasceu surda, mas graças à equoterapia consegue, através da leitura labial, entender perfeitamente a todos que estão ao seu redor. Foi assim que ela conversou com a reportagem do jornal Mantiqueira. “Sou surda oralizada, nasci assim e o cavalo me ajudou a melhorar e ter uma vida normal”, disse. O termo surdo oralizado faz referência a uma pessoa surda que utiliza uma ou mais línguas orais para estabelecer uma comunicação com outras pessoas. A comunicação acontece nas modalidades de escrita, leitura, leitura labial (orofacial) e também oral.
O cavalo
Cristiane conta que o animal usado na equoterapia precisa ter uma boa índole, aceitar o contato com as pessoas e, principalmente, com as crianças. Ela destaca que não é qualquer animal que pode ser usado neste trabalho. “São animais extremamente dóceis, aceitam a proximidade das pessoas e das crianças e com isso eles são fundamentais no tratamento delas”, conta o equoterapeuta. Os pacientes são de todas as partes da cidade e até da região. Cristiane destaca que a equoterapia apresenta inúmeros benefícios para a saúde, para a educação, além das questões físicas e psicológicas. “Temos vários casos em que a equoterapia pode beneficiar, principalmente na questão motora, emocional, desenvolvimento, reabilitação, entre outros”, destaca. Os pacientes variam de faixa etária, mas são formados na maioria entre jovens e adultos, alguns com quadros de depressão, ansiedade, insônia, dificuldade de aprendizado, patologias não neurológicas, entre outras tantas dificuldades. Cristiane conta que além da parte de saúde, o trabalho quer acrescentar a parte de equitação lúdica, quando a criança começa a aprender a andar a cavalo e desenvolver habilidades. “Seria o mesmo que estarem aprendendo uma natação, um balé, qualquer atividade que vá contribuir no desenvolvimento natural de toda criança”, disse. Ela destaca que a partir da equitação seria possível abrir espaços para competições. Cristiane acredita que isso traria um ganho muito grande para todos. “Seriam competições com outros centros de equoterapia e isso abriria portas e ajudaria bastante no contato entre estes alunos”, falou ela.
Além de Cristiane, o trabalho no Clube do Cavalo é realizado pelos professores Luciano Borba e sua esposa Kamila Borba. Na retaguarda tem ainda uma equipe de vários profissionais preparados para receberem os alunos que chegam precisando de ajuda através da equoterapia.
Esporte e cultura
Segundo Luciano Borba, o esporte é o novo projeto para atender os 30 pacientes que estão em tratamento no local. Ele conta que estão sendo feitos estudos de alguns projetos que devem ser colocados em prática em breve. Luciano convida os interessados em conhecer o projeto, isso pode ser feito através das redes sociais ou então comparecer até o Clube do Cavalo, localizado próximo ao Hotel Monreale. “Acredito que casar equoterapia com esporte tem tudo para dar certo. Temos uma grande base, um espaço maravilhoso e grandes profissionais”, destaca. “Estamos abrindo janelas, já que além da parte de equoterapia, o trabalho psicológico, fazemos a parte de fisioterapia, equitação, vamos introduzir educação física e cultural”, finalizou Borba.
Em tempo
A reportagem constatou que todos os animais usados no trabalho com os pacientes são muito bem tratados e extremamente dóceis. Cristiane cuida pessoalmente de cada um. “A gente tem que amar muito estes animais, eles são especiais e ajudam demais estas crianças que procuram por nosso atendimento”, disse.
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