Poços de Caldas, MG – O Mantiqueira conversou com Rovilson Jesus Ribeiro, presidente da Associação Atlética Caldense. Ele abordou temas como a verba de televisão para o futebol profissional, a montagem do time para o Campeonato Mineiro, o clube social na pandemia e as futuras eleições de diretoria que acontece em setembro. Ele falou ainda do cancelamento do jogo-treino contra o Lemense, neste fim de semana, quando acabou sendo criticado nas redes sociais por integrantes do clube paulista.
Mantiqueira – Mais um campeonato chegando, a Caldense entra em campo semana que vem. O que podemos esperar do time montado com esforços da diretoria e da comissão técnica?
Rovilson Jesus Ribeiro – A verdade é que começamos a trabalhar na montagem do time em novembro, como sempre, porém, este ano foi mais complicado porque não tínhamos uma definição da ordem econômica, o que só ficou definido agora em janeiro. Montamos um time dentro das condições econômicas possíveis da Caldense, já que temos uma responsabilidade por trás de tudo isso. Não podemos extrapolar a parte financeira, já que temos um teto orçamentário que precisa ser respeitado. Assim foi montado o time, que tem tudo para representar a nossa torcida.
Mantiqueira – Como o senhor viu o valor que será pago pela Rede Globo aos times mineiros?
Rovilson Ribeiro - Este dinheiro ainda não chegou, mas agora sabemos que ele virá, o contrato já está assinado, e é um valor bem inferior ao que era praticado em anos anteriores, que já não era um valor alto para os times do interior, que pagam caro para manter o futebol profissional. Porém, independente disso podemos destacar que o time foi montado dentro de muito critério, buscamos um treinador que tem um comportamento muito equilibrado, tranquilo e juntamente com o supervisor, o diretor de futebol, buscaram os jogadores. Tivemos a permanência de alguns atletas e a expectativa de um bom campeonato é realmente boa. Claro que dentro de campo o time precisa dar liga, as coisas precisam funcionar bem. A equipe está muito bem preparada fisicamente, os atletas estão de parabéns, assimilaram todo o trabalho dos professores, uma equipe experiente mesclada com jovens atletas e tudo isso me deixa otimista, já que o trabalho está sendo muito bem feito.
Mantiqueira – Ainda sobre o acerto com a TV, o senhor sempre foi confiante em uma finalização. Por que tanta certeza?
Rovilson Ribeiro – Sempre tive confiança no acerto, mesmo que não pelos valores de antes, mas de alguma coisa, e foi o que aconteceu. Temos muitas dificuldades para trabalhar com futebol, principalmente os times do interior que vivem uma dura realidade, por isso este dinheiro de televisão é muito importante. A apreensão foi maior agora pela demora na definição e isso atrapalhou alguns planejamentos, algumas contratações, já que temos responsabilidades com o compromisso financeiro do clube, que não pratica nada fora de suas condições. Esta é nossa responsabilidade, o clube está em dia, não tem dívidas, o nosso futebol está totalmente tranquilo no aspecto financeiro, já que não fazemos nada que não possamos cumprir. Mas nos mantemos esperançosos que este dinheiro viesse e mesmo com um valor bem menos foi um bom acerto.
Mantiqueira – Com o dinheiro de TV com valor menor, a Federação Mineira de Futebol sinalizou alguma ajuda?
Rovilson Ribeiro - Nada neste sentido. Vamos ter que arcar com todas as taxas e possivelmente com os testes de covid em todos os jogos. Pode ser que tenha alguma mudança nessa regra, mas até agora nada.
Mantiqueira – Ano passado a torcida não pode comparecer aos jogos. Este ano ela vai poder estar no estádio. O quanto isso ajuda?
Rovilson Ribeiro – Sabemos que este ano teremos uma quantidade mínima de torcedores no estádio, mas pelo menos teremos torcida, o que não aconteceu ano passado. Ontem tivemos uma reunião de planejamento do jogo. Temos um espaço reservado que comporta um bom número de torcedores com segurança e vamos depender muito do nosso torcedor, sim. Que ele compareça e ajude o time na competição. Esperamos que ele compreenda o momento que estamos vivendo, ainda estamos numa pandemia e com um número de casos relativamente alto, por isso pedimos que eles respeitem todos os protocolos sanitários, para nós a presença deles é importante demais, mas queremos todos em segurança.
Mantiqueira – A Caldense este ano fez o trabalho de melhorias no Ronaldão em parceria com a Secretaria de Esportes?
Rovilson Ribeiro – Foi feito sim. Foi feito o trabalho de descompactação, uma melhoria importante no gramado realizado através de uma empresa de fora da cidade, que é contratada pela Caldense. Este ano o trabalho sofreu um pequeno atraso, mas deu tempo e o gramado está bom. Agora tem a parte de preparação por parte da Secretaria de Esportes, com os cuidados com arquibancadas, limpeza, pintura sendo prioridades. Esperamos que até o dia do primeiro jogo contra o América, na próxima terça-feira, o estádio esteja em boas condições.
Mantiqueira – Recentemente surgiram conversas de empresas interessadas em melhorar estruturas esportivas da cidade. A administração até mesmo admitiu a possibilidade de construção de uma nova e moderna arena. O que a Caldense sabe sobre isto?
Rovilson Ribeiro – Recebemos a visita do secretário de Esportes Fernando Henrique dos Santos, Pelezinho, e numa reunião tratamos em primeiro lugar dos cuidados com o Ronaldão. Nesta mesma reunião foi abordado sobre o assunto e a construção de um novo estádio. Mas nada de concreto ficou definido. Eu acho muito importante futuramente termos um espaço melhor, seja uma grande reforma do Ronaldão ou a construção de um novo lugar. Mas até então temos que cuidar do que temos à disposição. É a mesma situação de um carro. Se você não tem dinheiro para comprar um novo tem que fazer toda a manutenção no seu carro velho. Foi isso que pedi para o secretário de Esportes, que tivesse um cuidado com o Ronaldão, que ele nos ajudasse a manter o estádio em condições boas para a gente poder praticar o futebol.
Mantiqueira – Por falar em campo em boas condições, este final de semana a Caldense teve que cancelar um jogo-treino exatamente por não encontrar um campo apropriado. Vieram as críticas. Como o senhor encarou esta situação?
Rovilson Ribeiro – Era um jogo que já estava marcado há algum tempo, a princípio ele seria realizado na cidade de Leme, depois os dirigentes da Lemense pediram para mudar de local, já que o campo deles se encontra em reforma, mas demoraram para indicar um novo local para a partida. Isso aconteceu faltando dois dias para o jogo e o campo indicado foi em Pirassununga. Acabamos indo para o jogo, mas quando nossa comissão técnica viu as condições do campo resolveu não realizar a partida. Um estádio sem condições nenhuma e como estamos às vésperas da estreia no Campeonato Mineiro a comissão técnica achou por bem não jogar, não colocar os atletas dos dois times em risco. Mas o presidente do time deles acabou usando as redes sociais, talvez fazendo média com alguns torcedores que lá estavam, e acabou falando que aqui na Caldense quem manda é o treinador, que o clube não tem presidente, entre outras coisas. Ele está certo. A Caldense é um clube muito grande, temos diversos esportes e para isso temos diretorias e departamentos. No departamento de futebol quem organiza e determina é o supervisor, o diretor ou o treinador, e foi o que aconteceu lá. Se o presidente interferir nas ações de cada diretoria, eu não precisaria de diretores, eu mesmo tomaria a frente. Eu não tenho capacidade técnica para discutir o desenvolvimento do futebol profissional, por isso contratamos pessoas de confiança para cuidar disso. A fala dele foi um pouco infeliz, mas respeito, assim como sempre respeitei todos os clubes e ações e não seria diferente com a Lemense.
Mantiqueira – Recentemente, a Caldense emprestou o meia Bruno Oliveira para o Santos, um gigante do futebol mundial. Como foi esta situação? O clube receberá algum valor pelo empréstimo?
Rovilson Ribeiro – A Caldense não recebeu nada pelo empréstimo e caso o Santos se interesse pelo jogador terá a prioridade de compra. Este foi o acerto e desejamos que ele tenha sucesso na Vila Belmiro e conquiste muitos títulos pelo Santos.
Mantiqueira – E o clube social? Como está enfrentando o novo aumento de casos da pandemia?
Rovilson Ribeiro – Quando os números caíram o clube foi reaberto e ficamos assim até agora, seguindo à risca todos os protocolos do nosso comitê de saúde. Tem que ser assim, já que eles estão lá para nos orientar e o clube tem a responsabilidade. Trata-se de um local de grande movimentação de pessoas que precisam seguir as normas de segurança. Com o novo aumento no número de casos, o protocolo determinou algumas pequenas mudanças em relação a alguns eventos, como o nosso baile de sexta-feira. Ele não está podendo acontecer neste momento e esperamos que volte logo, mas não vai voltar até que os números baixem novamente. O uso do Piano´s Bar está permitido, porém, apenas com as pessoas sentadas em suas mesas. É proibido elas ficarem no balcão. Estamos seguindo todos os protocolos, como uso de máscaras em todo o clube, uso constante de álcool em gel, distanciamento, enfim, todos os cuidados. Estamos participando ativamente das conversas junto ao comitê anti-covid e estamos por dentro de todo o processo de controle e combate na disseminação do vírus. Temos pedido aos nossos associados a compreensão e usar os espaços seguindo as regras, colocamos placas orientando os protocolos, temos um sistema de áudio no clube falando sobre o distanciamento, enfim, estamos trabalhando para a segurança de todos. É um momento muito difícil em todo o mundo e cada um precisa fazer sua parte para que a situação melhore o quanto antes.
Mantiqueira – Em setembro teremos eleições presidenciais no clube. Apesar de ainda longe, o senhor já pensa no que fazer? Vários sócios pedem por sua continuidade, mas o senhor quer seguir?
Rovilson Ribeiro – Temos ainda um tempo de definição, já que as eleições acontecem em setembro. Sei que o tempo passa rápido, mas sobre as eleições temos uma diretoria executiva trabalhando firme. Não é só o Rovilson, temos nosso vice-presidente Antônio Bento Gonçalves, nosso segundo vice-presidente Luis Fernando Soares, que dá um apoio diário no clube. Ele é o vice-presidente do futebol, enfim, estamos trabalhando e ainda não determinamos, não pensamos sobre isso porque ainda está longe. A política dentro de um clube tem que ter um aspecto diferente daquela que vimos fora do clube. Qualquer candidato que venha a concorrer ele precisa ter o pensamento positivo no clube, o clube tem que estar em primeiro lugar. Ele não pode priorizar ataques, como, infelizmente, aconteceu na última eleição, é uma situação desagradável, afinal de contas somos todos associados, todos amigos e o objetivo comum é o bem de nossa associação. Então, em cima disso, vamos aguardar para definir se sairemos como candidato à reeleição ou se alguém da nossa atual direção assume, mas é uma decisão que levará alguns meses.
Mantiqueira – Mas o Luís Fernando soares, segundo vice-presidente, seria o nome para ser o próximo presidente do clube?
Rovilson Ribeiro – Pode ser o Luís Fernando, o Seu Toninho, se quiser, também, eu mesmo posso seguir, já que é permitido estatutariamente. A única coisa que a gente preza muito é que o objetivo da pessoa que estará à frente da Caldense seja o coletivo. Não temos interesses diferentes disso e é só no bem do clube que pensamos. Aquele que vier a concorrer, se vier e quantos forem, que coloque em mente que é preciso trazer propostas novas, coisas melhores para o clube, coisas que talvez a nossa direção não tenha enxergado e que eles possam fazer de melhor. Isso tudo é importante para a Caldense.
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