segunda-feira, 25 de julho de 2022

Grupo As Marias vai até a Pedra do Coração e visita tribo Kariri de Caldas

Poços de Caldas, MG – O grupo de caminhada As Marias teve um final de semana bastante movimentado. Sábado, mais de 100 mulheres deixaram Poços de Caldas, se concentraram no centro da cidade de Caldas e partiram para subir a trilha que leva para a Pedra do Coração. Foram cerca de cinco quilômetros percorridos num cenário rural de extrema beleza. Após este percurso o grupo deixou Caldas e seguiu para uma visita à tribo Kariri. Lá As Marias tiveram contato com a cultura desses indígenas, que estão no local desde 2017, em terra pertencente ao governo federal.


A trilha

O Mantiqueira acompanhou a subida até à Pedra do Coração. O trajeto é bem tranquilo de ser feito e a beleza do local faz o desgaste físico ser esquecido. A Pedra do Coração é um símbolo de Caldas, uma formação rochosa na Serra do Maranhão, bem de frente para a cidade. No alto da pedra está a Capela de Santa Bárbara, construída no início da década de 1950, com apoio dos viticultores de Caldas. A Pedra do Coração está a cerca de 1350 metros de altitude e o acesso é feito por uma estrada, com início na rua Capitão Augusto Ribeiro, seguida de uma trilha pelo campo.

No local está sendo construída uma rampa de voo livre que vai movimentar o turismo e o esporte da região. A reportagem conversou com várias “Marias” sobre a atividade. “Fazer parte do grupo é muito gratificante, a gente esquece dos problemas do dia a dia, conversamos de tudo um pouco durante a caminhada e tudo acaba ficando mais leve”, conta Maria Bernadete. Ao chegar no destino a recompensa vem junto. A visão de toda a cidade e das montanhas que cercam a região encanta, é impossível não tirar centenas de fotos.


Kariri

Já refeito da caminhada, o grupo seguiu de carro pela poeirenta estrada até a Aldeia Ibiramã do Rio Verde, da etnia Kariri. O percurso de quase meia hora na estrada rural compensa com a receptividade dos indígenas. Lá foi possível ver todo o trabalho artesanal deles e depois eles fizeram uma pequena demonstração de suas danças e cantos tradicionais. A tribo ainda busca se estruturar, mas hoje conta com uma escola e creche. Alguns indígenas trabalham dentro da própria aldeia e outros na cidade de Caldas. A reportagem conversou com o cacique Adenilson de França Santos. Ele destacou que o trabalho ainda está no começou e ficou impressionado com a visita de tantas mulheres. “Ficamos realmente surpresos com a quantidade de mulheres que vieram nos visitar, passamos para elas um pouco da nossa cultura. Estamos em Caldas e muito felizes por estar aqui, mas não foi nada fácil, muito corrido, um trabalho difícil, tivemos que bater em muitas portas, mas conseguimos sucesso. Tivemos apoio da comunidade e de diversas pessoas, autoridades. Deputados, Ministério Público, prefeitos. Então hoje temos muito o que comemorar e quando recebemos visita como esta deste grupo a gente procura realmente mostrar que são muito bem-vindos”, disse o cacique. 89 índios vivem na tribo e eles compõem 27 famílias. “Estamos desenvolvendo nossos objetivos pouco a pouco. Hoje temos nossa escola, temos centro digital, temos nossa Casa da Cultura, conseguimos colocar energia, já temos um poço artesiano furado, então pouco a pouco vamos conseguindo nosso espaço”, disse o cacique.


As Marias

O grupo As Marias foi criado por Luciana Marinoni com o intuito de levar atividade física para as mulheres. As atividades são realizadas durante toda a semana dentro da cidade. As trilhas especiais são realizadas aos finais de semana. “A trilha da Pedra do Coração é mais tranquila e dá até para iniciantes como você, que veio fazer a reportagem para o Mantiqueira. A paisagem e a vista depois que chegamos ao destino compensam o sacrifício. Já sobre a visita aos índios foi muito importante porque acredito que precisamos trabalhar em todas as frentes. O resgate de raízes e a preservação da cultura são muito importantes, por isso tive a ideia de levar o grupo para conhecer de perto uma cultura que só conhecemos por livros ou filmes. Acredito que todos gostaram, tivemos a oportunidade de participar de uma dança deles, ver como vivem e foi muito bacana”, falou Luciana. Ela destaca o grupo As Marias, que começou bem pequeno e hoje se agigantou. “A proposta do grupo é trazer a motivação para a mulher. Quando ela está bem a casa vai bem, o filho vai bem, o marido, o trabalho e é este o intuito do grupo, trazer esta motivação. Muitas vezes a mulher não vai sozinha e em turma é mais fácil”, disse Marinoni. As atividades são realizadas pela manhã, tarde e noite para dar oportunidade para todas terem tempo de estar presentes. 

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