Poços de Caldas, MG - A Caldense encerrou sua participação no Campeonato Mineiro de 2021 no último domingo com uma derrota para o rebaixado Boa Esporte. O Mantiqueira procurou o presidente do clube Rovilson Jesus Ribeiro, que colocou seu ponto de vista sobre a temporada. Ele falou sobre a eliminação das finais, a importância da parceria, críticas de torcedores e assuntos diversos, como a situação financeira do clube.
Mantiqueira - Que balanço o senhor faz sobre a participação da Caldense no Campeonato Mineiro?
Rovilson Jesus Ribeiro - Na verdade, não tem como esconder que fiquei chateado com a campanha, pois a gente sempre almeja estar entre os quatro. É uma posição que nos garante pelo menos um jogo de Copa do Brasil, que gera uma receita importante para o clube e isso faz muita diferença para um time do interior. Avalio que não fomos felizes neste final e acabamos perdendo jogos que não eram para ser perdidos. Quando o campeonato se iniciou tínhamos pela frente uma tabela muito difícil, mas acabamos revertendo a situação tornando a tabela favorável ao ganhar os jogos dos três grandes com apresentações convincentes. Acabamos não indo bem diante dos times do mesmo porte nosso e isso fez diferença neste final. Deixamos escapar a nossa classificação dentro de casa e contra times do mesmo porte. Foram resultados muito ruins, como a derrota dentro de casa para o Uberlândia, o empate em casa contra a Patrocinense e dois dolorosos 3x1 diante de URT e Pouso Alegre, fora de Poços. Jogos que custaram nossa classificação.
Mantiqueira - A Caldense merecia sorte melhor?
Rovilson Ribeiro - De forma alguma, não jogamos para merecer a classificação. Temos que entender que não fomos merecedores de estar entre os quatro, precisamos admitir este choque de realidade. Mas a gente sabe que os times do interior enfrentam grandes dificuldades. Tirando os grandes e colocando neste bolo o Tombense, que está forte, os demais lutam para se manter na primeira divisão, este é o primeiro objetivo. Não é que a gente queira só isso, mas ele é o primeiro objetivo. O segundo é ficar entre os quatro. Conseguimos o primeiro objetivo e conquistamos a vaga para o Campeonato Brasileiro da Série D de 2022. O balanço geral tem dois objetivos alcançados, mas a decepção fica por conta da forma que deixamos de estar na semifinal, já que como a vaga nos escapou nos magoou e vamos ter que rever algumas situações. Conversaremos bastante internamente.
Mantiqueira - Seria uma mudança de pensamento na forma de trabalho?
Rovilson Ribeiro - Precisamos conversar, mas o trabalho feito deu resultados melhores que nos últimos anos, tanto no campo quanto financeiramente. Se levantarmos os últimos 10 anos da Caldense os custos do futebol eram muito altos e os resultados nem sempre o que a torcida esperava. Muitas vezes o resultado era pior com o time beirando a zona de rebaixamento. Claro que temos que destacar 2015, quando foi montado um time diferenciado e só não foi campeão porque foi prejudicado na final contra o Atlético. Aquele time era merecedor do título e não podemos deixar de destacar. Foi um ano muito bacana para o futebol, mas era um time que teve um alto custo para o clube e que nos tempos atuais não podemos ter de forma alguma. Agora, entendo as críticas em relação ao time deste ano e a forma com que ele deixou a classificação escapar, mas não podemos falar que foi terra arrasada e que está tudo acabado. Não disputamos para cair e disputamos até a última rodada uma vaga entre os quatro melhores.
Mantiqueira - Existe risco de acabar a parceria? Que balanço o senhor faz deste trabalho?
Rovilson Ribeiro - Vamos seguir com a parceria este ano para a disputa da Série D, mas vamos conversar com eles e acertar outros detalhes. Quero deixar bem claro para nossos torcedores e associados que a parte administrativa é da Caldense e a parte deles é trazer os jogadores e estes atletas chegam com um custo mais baixo para o clube. Isto é muito importante, já que com a pandemia o clube perdeu muito de sua receita por medidas como baixar a taxa, que tivemos que fazer para ajudar o associado e com isso a queda de recursos foi grande. Se não tivéssemos esta parceria não sei o que seria da Caldense e muito menos o que estaríamos falando hoje. Talvez estaríamos conversando sobre coisas piores que teriam acontecido no futebol da Associação Atlética Caldense. A parceria, sendo tratada com calma e falando com a razão, foi e está sendo muito importante para a manutenção do futebol profissional da Caldense.
Mantiqueira - Como o senhor vê as críticas de torcedores que se manifestam descontentes com o trabalho feito no futebol? Eles questionam o clube e a parceria.
Rovilson Ribeiro - Não é a parceria que manda, é a Caldense. A comissão técnica não é mais da parceria e contratada e paga pela Caldense, mas sei dos comentários feitos por grupos de torcedores e quero deixar claro que entendo o questionamento deles, como torcedores eles podem se manifestar, temos total respeito por eles e sei o quanto ficam frustrados quando um objetivo maior não é alcançado. Mas quero dizer aos torcedores que estamos procurando fazer o melhor para que possamos manter o futebol profissional da Caldense na elite do Campeonato Mineiro e disputando bem uma Série D. A gente hoje tem futebol o ano inteiro, mas sempre queremos algo a mais, porém, nem sempre é possível. Não vou recriminar críticas de torcedores e estamos tão chateados quanto eles, mas como disse antes, nada é tão terra arrasada assim e temos realizado algumas coisas boas.
Mantiqueira - Agora vem o Troféu Inconfidência. Por que foi definido que será um jogo só?
Rovilson Ribeiro - Vamos jogar em Pouso Alegre em partida única sem vantagens. Caso empate, o jogo será definido nos pênaltis. Foi decidido por partida única pelo custo, já que as dificuldades financeiras dos times pequenos são grandes. A cada jogo o dono da casa tem um custo de mais de vinte e cinco mil reais só pela mobilização para a partida, fora outros gastos, como testagem de jogadores, entre outros. Por isso houve um consenso de decidir em partida única para minimizar prejuízos financeiros.
Mantiqueira - E depois vem o Brasileiro. Como estão as conversas para a montagem do time?
Rovilson Ribeiro - Entre esta semana e a próxima vamos nos reunir para discutirmos o planejamento para o Campeonato Brasileiro. É um campeonato cuja fórmula de disputa é mais longa e vamos precisar olhar pela parte econômica e este trabalho será feito com os pés no chão para que a gente não traga nenhum prejuízo financeiro para a Associação Atlética Caldense.
Mantiqueira - E como anda a saúde financeira do clube?
Rovilson Ribeiro - Graças a Deus, mesmo com todas as dificuldades da pandemia estamos vivendo. Conseguimos realizar várias melhorias no clube, como o término da academia, uma obra muito importante e de grande utilização para nossos associados. Todas as contas estão pagas, não devemos nada, mesmo com a grande queda de receita que vem desde 2020, um prejuízo na ordem de dois milhões e meio. Mesmo assim, estamos com as contas em dia e dentro de todas as dificuldades encontradas o clube está muito tranquilo, tanto na parte social quanto no futebol. Acredito que ainda vamos viver 2021 com dificuldades, mas a hora que a vacinação atingir a maior parte da população vamos ter uma melhora.
Mantiqueira - Como está sendo o atendimento? O que está à disposição do associado?
Rovilson Ribeiro - O clube está totalmente aberto e sempre observando os critérios e protocolos do comitê da covid de Poços, como uso de máscara, aferição de temperatura, álcool em gel e o agendamento para as práticas esportivas. O Piano´s Bar está aberto com redução de usuários. Não estão funcionando no clube no momento a piscina para banho de sol, a sauna e, claro, os eventos sociais, como o baile de sexta-feira. A piscina para treinamentos esportivos está liberada e lamentamos a falta do baile, já que é um evento bastante movimentado, mas neste momento não tem possibilidade de volta e acredito que vai demorar bastante até podemos voltar ao normal com este evento.
Mantiqueira - A Caldense está participando de uma campanha solidária. Como ajudar neste momento?
Rovilson Jesus - Recebemos a informação que Poços de Caldas tem quase duas mil e quatrocentas pessoas em grandes dificuldades e sem ter as necessidades básicas em casa. São pessoas sem alimentação, produtos de higiene pessoal, roupas, enfim, quase tudo. Entrei em contato com o secretário de Promoção Social Carlos Almeida e falei para ele que o clube faria arrecadação destes itens para ajudar as pessoas. Estamos conseguindo bastante doações e o clube está aberto para receber este material. Os interessados podem trazer aqui das 8h às 18h, de segunda a sábado, que será muito bem recebido. Fiquei feliz com o sucesso da campanha que foi adotada pelo nosso associado, mas também pela população de uma forma geral. É muito bom poder ajudar estas pessoas e quero ressaltar que não estamos doando este material para nenhuma família ou instituição. O que vem para o clube é entregue na Secretaria de Promoção Social, que tem as famílias cadastradas e por isso a distribuição é de responsabilidade deles.
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