Paulo Vitor de Campos
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Poços de Caldas, MG - Desde março sem poder acompanhar os treinos da Caldense devido à pandemia do novo coronavírus, a imprensa finalmente teve permissão de trabalhar no Centro de Treinamento Ninho dos Periquitos. Segundo Renan Muniz, da Assessoria de Comunicação do clube, pelo menos uma vez por semana os profissionais que cobrem a Caldense vão poder ir ao local para registrar imagens e gravar entrevistas. Todos devem seguir alguns protocolos, como medição de temperatura, usar álcool em geral e máscara todo o tempo que estiver no recinto. O técnico Marcus Paulo Grippi conversou com o Mantiqueira e disse que a presença da imprensa durante os treinos é muito importante.
Mantiqueira - Como foi este período de trabalho sem a imprensa por perto?
Marcus Paulo Grippi - Particularmente achei muito ruim porque sempre tivemos uma relação muito boa entre imprensa e comissão técnica. Sempre uma relação muito transparente. E neste período infelizmente vocês da imprensa não puderam adentrar o CT. Foi uma decisão necessária devido aos protocolos de saúde e uma ordem que tivemos que cumprir. Mas foi uma medida protetiva para os próprios integrantes da imprensa, pois estamos viajando o tempo todo, passando por terminais rodoviários e aeroportos, e com isso corria-se o risco de alguém acabar contaminado e poderia até mesmo a culpa disto recair sobre a Caldense. Por medida de segurança tivemos que tomar a atitude de fechar o portão do CT, mas agora felizmente as coisas começam a voltar ao normal. Só lamento que neste primeiro dia apenas você do Jornal Mantiqueira e o Ceará, da TV Poços, estiveram por aqui. Muita gente que cobrou a liberação para a imprensa não veio para conversar pessoalmente e apontar as falhas que foram mencionadas em seus veículos de comunicação. Seria bom que todos tivessem vindo e conversassem conosco nesta reabertura para a imprensa.
Mantiqueira - Mesmo com as medidas de segurança quase todos os jogadores e até mesmo a comissão técnica acabaram infectados pela covid-19. Como se explica isto?
Marcus Paulo Grippi - A questão das viagens explica bem isto. Os voos nunca são diretos, com escalas em aeroportos, enfim, não tinha como isolar o jogador de todas as situações dentro de uma pandemia. Foram diversas situações de risco que enfrentamos e infelizmente acabamos sofrendo as consequências.
Mantiqueira - Com a imprensa longe o trabalho da comissão técnica é mais tranquilo?
Marcus Paulo Grippi - Estamos acostumados com a imprensa, seja na crítica ou nos elogios. Como disse, gosto de um trabalho bem transparente e não dar margens para que depois fiquem falando “abobrinhas”, como acontece muito. Meu trabalho sempre foi aberto e respeito a posição de quem vem ao CT e vê de perto o que está sendo feito. Um profissional que acompanha de perto o que é feito tem o direito de ter sua opinião, positiva ou negativa. Com o distanciamento não se vê o que estamos realizando e acabam falando coisas que não devem, que desconhecem e sem fundamento algum. Tomara que esta reabertura seja definitiva a partir de agora e que todos venham, principalmente aqueles que mais cobraram por esta reabertura.
Mantiqueira - O vazio dos estádios sem torcedor, com poucos profissionais dentro de campo, interfere no rendimento do time?
Marcus Paulo Grippi - Olha, para a Caldense a pandemia veio numa hora muito ruim. O torcedor estava comparecendo em grande número, incentivando o time, sendo um a mais vestindo a nossa camisa. Com a pandemia tudo mudou e os jogos sem o torcedor são ruins demais na questão do apoio. Claro que ficou mais fácil a comunicação com os jogadores, eles me escutam melhor e consigo passar as ideias com mais clareza. Mas a falta do torcedor é grande.
Mantiqueira - Incomoda saber que com o estádio vazio os profissionais de imprensa conseguem escutar tudo que você fala durante o jogo?
Marcus Paulo Grippi - Não incomodaria se determinados profissionais escutassem corretamente o que se passa no gramado. Um exemplo no último jogo é que um atleta me pediu para deixar o gramado aos 40 minutos do segundo tempo porque não tinha mais condições de continuar. Acabei sendo atacado de forma injusta pela substituição, porque, segundo alguns comentaristas, eu não deveria tirar o jogador. Se este comentarista tivesse ouvido direito o que se passava ele saberia que o atleta pediu para sair.
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