segunda-feira, 23 de maio de 2022

“Não queremos dinheiro, mas que seja feita justiça”

  Poços de Caldas, MG – Poços de Caldas, MG – A reportagem conversou com Vitor Hugo Xavier, um dos irmãos inventores do processo de demarcação por spray. A ideia veio no ano de 1999 e desde então eles buscam pelo reconhecimento da invenção. Para Vitor Hugo Xavier a maior recompensa seria o fato da FIFA tomar conhecimento da nossa História e reconhecer eu e meu irmão como os verdadeiros inventores do processo de demarcação por meio do spray. 


Mantiqueira – Como surgiu a ideia de criar este processo de demarcação por spray para sinalizar o local exato onde a barreira deve ficar?

Vitor Hugo Xavier – Toda grande invenção vem de um pensamento simples e neste caso não foi diferente, percebemos que quando a barreira por determinação do arbitro era formada exatamente em cima da linha da grande área, criava-se ali um referencial visual da posição fixa e qualquer movimentação era facilmente percebida, a partir daí pensamos que se o arbitro pudesse ter um dispositivo que viesse a criar uma linha temporária em qualquer posição do campo o problema estaria resolvido. Esta linha deveria ser marcada por um produto que poderia ser tinta, espuma ou qualquer outro desde que fosse volátil, que não prejudicasse a grama natural ou sintética dos estádios e que não fosse preciso alterar ou incluir qualquer nova regra no Futebol. O arbitro passaria a portar um tubo spray com esta composição que após aplicada desapareceria em aproximadamente 40 segundos, para que a tinta ou espuma se tornasse volátil bastava simplesmente acrescentar a ela éter ou amoníaco.


Mantiqueira – Porque vocês não tiveram o pedido de patente aceito?

Vitor Hugo Xavier –  Os técnicos do INPI na época alegaram que o processo não era passivo de patente já que não se tratava de algo inovador e que não teria aplicabilidade, justificativas que na minha opinião o tempo se encarregou de provar exatamente o contrário.


Mantiqueira – Qual a reação de vocês quando tomaram conhecimento que Heine Allemagne patenteou o mesmo produto e até colocou a Fifa na justiça alegando ter sido passado para trás?

Vitor Hugo Xavier – Na realidade o que ele patenteou foi uma composição espumosa que vai dentro de um tubo spray, veja bem, espuma já existe e tubo spray (aerosol) também já existe, então ele não inventou nada. A espuma que ele colocou dentro de um tubo spray tem uma única finalidade que é a de fazer funcionar o processo de demarcação que eu e meu irmão inventamos em 1999 e que de fato veio a resolver este problema crônico até então do futebol mundial.

Já era de nosso conhecimento que o Sr. Heine entrou com pedido de patente de um produto que seria aplicado na nossa invenção, achamos curioso por que o fato se deu em 2000 um ano após o nosso pedido de invenção PI 9903324-0 ser protocolado no INPI em julho de 1999. A certeza que tivemos foi que ele correu para desenvolver o produto antes de nós para aplicar exatamente em cima da ideia que tivemos e registramos. Já em relação a FIFA, acredito ser difícil ele obter sucesso já que cada país coloca espuma dentro de um tubo spray a sua forma e não vejo razões para a FIFA pagar por isso, no meu entendimento se algum pagamento tivesse que ser feito deveria ser para mim e meu irmão que tivemos a ideia de como fazer um tubo spray com espuma dentro resolver definitivamente o problema do esporte.


Mantiqueira – Além do reconhecimento pela criação do processo do spray vocês querem algum tipo de indenização?

Vitor Hugo Xavier – Já se passaram 23 anos da invenção que tivemos e sinceramente brigar por indenização nunca foi o nosso foco, mas é claro que se algum reconhecimento por parte da FIFA chegasse até nós mesmo que não fosse financeiro ficaríamos honrados por saber que de forma oficial a invenção que tivemos com este processo de demarcação por spray entraria para a História como uma ideia que se espalhou pelo mundo pela criação de dois brasileiros.


Mantiqueira – A Fifa tem conhecimento de vocês. Já houve algum tipo de contato com a entidade? 

Vitor Hugo Xavier – Até hoje não, minha expectativa é que a partir do momento que a grande mídia tiver acesso e sendo o tema de interesse venha dar visibilidade a este caso e com isso a História possa chegar ao conhecimento da FIFA que assim deve se pronunciar.


Mantiqueira – Vocês estão confiantes em reverter a situação mesmo com tanto tempo tendo passado? Qual seria o preço deste reconhecimento?

Vitor Hugo Xavier – Sim, muito confiantes, eu penso que nunca é tarde demais para um justo reconhecimento afinal já se passaram 23 anos e este tempo pode jogar a nosso favor já que até hoje ninguém nem do Brasil e de nenhum outro pais apresentou uma ideia igual ou semelhante a nossa com data de protocolo anterior. Já o reconhecimento? Quem sabe ganhamos de presente, eu e meu irmão o convite para assistir à Copa do Mundo no Catar por conta da FIFA, sonhar é sempre possível, porque não?  (Risos).


Paulo Vitor de Campos

Jornal Mantiqueira


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