Mantiqueira - Como foi todo o percurso para a conquista deste importante título mundial?
Elton Fiebig - Sai do Brasil no dia 21 de setembro e cheguei em Madrid dia 22. Depois de uma noite naquela cidade segui viagem até Málaga, local da competição. São 540 quilômetros de distância e fizemos esta viagem cansativa de ônibus.
Mantiqueira - Como foi a parte burocrática do evento?
Elton Fiebig - No começo houve alguma confusão. Muita gente, cerca de 1500 atletas num local apertado, mas aos poucos as coisas foram melhorando.
Mantiqueira - Houve treinamentos antes dos combates valendo o título?
Elton Fiebig - Consegui realizar dois treinamentos preparatórios que foram feitos antes da pesagem. Foi tudo feito dentro do prazo estipulado.
Mantiqueira - Como foram suas lutas?
Elton Fiebig? - Meu primeiro combate foi contra um atleta da Argentina que eu não conhecia. Logo no início da luta ele tomou uma punição por ter pisado fora da área e ficou nervoso. Aproveitei o fato e consegui aplicar um hippon com pouco mais de 40 segundos. Esta luta me deu confiança, pois uma boa estreia é fundamental num campeonato como este. Não tive um desgaste físico muito grande. No segundo combate enfrentei um atleta da França. Ele veio mais preparado e me conhecia. Ele partiu para o ataque, porém, com muita vontade em abrir muita vantagem no início da luta acabou caindo em sua própria armadilha. Consegui dominá-lo e consegui vencer por imobilização.
Mantiqueira - Depois destas vitórias veio a semifinal. Ali você sentiu que dava para ser campeão?
Elton Fiebig - Já entrei com este pensamento. Meu objetivo desde que sai de Poços de Caldas era de conseguir o primeiro lugar. Na semifinal enfrentei um atleta da Rússia. Este judoca participa de todos os campeonatos mundiais e europeus, sempre conseguindo bons resultados. Acredito que este foi meu combate mais difícil no Mundial. Ele começou o duelo em vantagem porque levei uma punição logo de início. Tentei me equilibrar e no segundo minuto de combate consegui crescer e empatei a luta. A luta terminou igual no tempo normal e fomos para o desempate. Ele partiu para cima e acabou realizando um ataque falso, se projetando sozinho contra o solo. Com isto acabou punido e perdeu a luta.
Mantiqueira - E a decisão? Você montou uma estratégia ou foi no tudo ou nada?
Elton Fiebig - Montei uma estratégia diferente por não conhecer meu adversário. Esperava uma dificuldade foi maior por ser um atleta da casa e que venceu todas as lutas em seu grupo. Outra desvantagem foi a torcida que foi toda a favor dele. Mesmo assim foi minha melhor participação no Mundial. Este combate durou apenas 13 segundos, tempo que consegui segurar no kimono e ele andar me dando espaço para a realização de um golpe preciso que virou um hippon. Na verdade não deu nem para sentir se o adversário era forte ou fraco, pois consegui um golpe no tempo certo e não tem jeito. Quando pega no tempo certo, com a técnica correta não existe volta. Depois disto o público se manifestou a meu favor e foi bastante emocionante.
Mantiqueira - Além do título, o que fica deste Mundial?
Elton Fiebig - Nossa participação sempre é cercada por dificuldades, tanto financeira como burocrática. Atleta brasileiro sempre tem que dar duro para poder representar o país. O reconhecimento vem da família que dá o suporte, dos alunos que se inspiram em nossas conquistas, mas retorno financeiro praticamente nenhum. Este título serve para provar que podemos ir longe e estimular os alunos a seguirem seus sonhos. Infelizmente no Brasil nossa cultura ainda não favorece o esporte amador e, principalmente, o de veteranos. Este tipo de competição tem finalidade de manter o judoca em atividade para o resto da vida. Existiam categorias neste mundial com atletas até 80 anos.
Mantiqueira - Você acaba de chegar da Espanha. Já pensa no próximo Mundial?
Elton Fiebig - Ano que vem a competição acontece em Amsterdam ou Budapeste. Quero estar presente sim, mas tudo depende de como vamos estar durante o ano, da condição financeira, por isto vamos esperar as coisas acontecerem. Vontade de ir não falta.
Mantiqueira - Esta semana será de atividade normal?
Elton Fiebig - Vou dar uma descansada, Vinha de lesão, fiquei uma semana praticamente fazendo só fisioterapia em dois períodos com o Dr Norberto Ribeiro Neto. No evento não precisei usar o braço da maneira como imaginava. Agora é preciso de um tratamento mais intenso porque em novembro disputo a final dos Jogos Abertos em São Paulo.
Mantiqueira - Você ganhou dois mundial e foi vice uma vez. Qual a competição mais difícil?
Elton Fiebig - O que eu perdi foi o mais difícil. Sair com a derrota o seu estado de espírito fica mais abalado. Perdi para um atleta da Grécia e eu esperava a revanche agora, porém, ele se lesionou e não foi na competição. No caso das vitórias é mais fácil analisar. Sempre digo que toda vitória não acontece no dia da competição. Ela vem no dia a dia de treinamentos, no auxilio dos alunos que estão sempre juntos, no apoio da família, no meu caso da esposa que segura a onda em casa e me dá todo respaldo. Agradeço a todos de que de alguma forma colaboraram para esta conquista.
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