sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Contramestre de capoeira fala do sonho de expandir a arte milenar

Poços de Caldas, MG - Esta semana o Mantiqueira se dedicou a divulgar a arte da capoeira. Foram algumas matérias falando desta arte milenar que leva o nome do Brasil para todo o mundo. O personagem de hoje é Tiago Costa Domingos, ou simplesmente o contramestre Saci. Sua história é ligada com a capoeira desde muito jovem. Atualmente o contramestre Saci trabalha com crianças de seis anos e dá aulas em quatro creches da cidade. Aos 18 anos, já na sua segunda corda (graduação), ele viu que tinha vocação para ensinar os pequenos. A chance quem deu foi seu antigo mestre que ministrava aulas no Parque Pinheiros. Como algumas crianças ficam sem atividade, ele viu a necessidade de fazer algo por elas. “Notava que elas tinham uma enorme vontade de fazer capoeira, então organizei meu horário no serviço para conseguir chegar mais cedo no centro comunitário e foi assim que comecei a dar aula para eles”, contou. Ele conseguiu um grande feito, já que suas aulas seriam uma maneira destes meninos terem uma atividade e aprenderem uma arte cultuada mundialmente. O contramestre diz que quando seu mestre chegou e viu que ele estava ensinando os meninos e meninas ficou emocionado. “Quando ele viu o que eu fazia simplesmente parou, ficou observando o tempo todo”, lembra. O dia passou, as aulas foram assumidas pelo titular, mas depois que o treino acabou é que veio a novidade que mudaria a vida de Saci. “Depois, o mestre me chamou para conversar, perguntou se eu tinha interesse de seguir com as aulas para crianças. Claro que não pensei duas vezes e aceitei o desafio”, lembrou o contramestre Saci, que depois deste dia iniciou sua vida na capoeira. Ele começou fazendo trabalhos voluntários na comunidade. A escola Mariquinhas Brochado foi o primeiro lugar e o ano era 2002. Lá, o contramestre Saci ficou até 2009. Depois, ele deu aulas no barracão da escola de samba Sol da Manhã, no condomínio Araucária, por 2 anos. Outro projeto de destaque foi o  trabalho voluntário na creche Pingo de Gente em 2018 e ainda na quadra do Parque Pinheiros e nos campinhos do bairro Campos Elíseos, sempre como voluntário.

O projeto

Vendo que o interesse pela capoeira só aumentava por parte dos alunos, Saci criou o projeto Ginga da Paz com foco na capoeira infantil. “Tenho paixão por ensinar capoeira para crianças, trabalhar com os pequenos é um prazer, um ato de amor. Dedicação total. Ensinando capoeira na creche e na escolinha, no futuro a capoeira só tem a ganhar. Teremos excelentes capoeiristas, não só para o jogo, mas sabendo do fundamento da capoeira. Muita gente não passa a cultura, e isso é uma pena. Tem muita coisa para ser passada aos meninos, puxada de rede, maculelê, samba de roda são coisas que a gente percebe que tá faltando, as crianças precisam se interessar mais no folclore, na história da capoeira. É preciso falar como surgiu, como foi criado, o porquê foi criado, quem foram os mestres”, disse. 

Para ele, falar da história traz um interesse maior nas crianças. “Tem muita brincadeira que a gente pode estar fazendo. Além deles estarem jogando capoeira vão aprender a cultura também, desenvolvendo a coordenação motora, a musicalidade, a história”, destaca o contramestre Saci. Ele conta que o projeto Ginga da Paz é aprovado pela Secretaria de Cultura e visa ao respeito ao próximo e à educação da criança para o mundo. As aulas são ministradas nas creches Pingo de Gente, no Itamaraty, e no Pingo de Gente anexo no Parque Pinheiros. Tem aulas ainda na creche Maria Cláudia Prézia, no Itamaraty, e na creche Palmira e Morelo Mencarini, no Filadélfia. São atendidas cerca de 430 crianças. “Estou muito feliz porque a sociedade do Parque Pinheiros e Itamaraty está sempre dando apoio e elogiando o trabalho feito. Destacam o projeto, mesmo aqueles que seus filhos não estão na creche querem vê-los fazendo capoeira. É gratificante saber que pais de alunos destacam o bem que a capoeira está fazendo para as crianças que chegam em casa falando das brincadeiras e da aula do tio Saci. Isso não tem preço. Bom ver o aluno demonstrando carinho, dizendo o quanto é feliz com minhas aulas e quero sempre poder colaborar para que eles tenham uma vida boa e com muitas oportunidades”, finalizou Saci.


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