domingo, 30 de outubro de 2016

“Éramos a terceira força de Minas”, conta o ex-lateral Orlando

Poços de Caldas, MG - Ao longo de toda a história da Caldense, apenas quatro jogadores que vestiram a camisa alviverde foram convocados para a seleção brasileira. O zagueiro Neto, o volante Elzo, o atacante Casagrande e o lateral-direito Orlando Fernandes.  Orlando marcou época na Veterana e é considerado um dos melhores de todos os tempos da posição, juntamente com Arnaldo. Destacou-se no Atlético, ganhou inúmeros títulos e seu nome figurou inclusive na lista de convocados para a badalada seleção de 82.

Como foi sua chegada à Caldense e trajetória no clube?
Sou de Santo André e comecei nas categorias de base do Santos com Pepe, Formiga e Olavo. De lá vim pra Caldense em 77, onde joguei até 79. Na época cheguei junto com um amigo, o Romildo. O Carmelito nos recebeu, conversou conosco e nos levou para a antiga república dos jogadores. Chegando lá conheci o Jota Lopes, o Paulinho zagueiro e comecei a fazer amizade com o pessoal. Vivi grande momentos na Veterana, inclusive disputei o brasileiro de 79 onde empatamos por 1 a 1 com o Internacional, que foi campeão invicto. No começo de 80 estava voltando pra iniciar os treinamentos e me falaram que eu havia sido vendido para o Atlético.

Qual era o diferencial da Caldense na época?
Nós tínhamos uma equipe muito forte, completa. Um time que jogava e não deixava jogar. Éramos imbatíveis, com uma intensidade de jogo muito alta. Éramos a terceira força de Minas. A garra, a vontade de ganhar, a marcação e a disciplina tática eram nossas marcas. Uma equipe compacta. Dificilmente nossos jogadores levavam cartões.

Como era seu estilo de jogo?
Eu gostava muito de apoiar o ataque, mas também voltava para marcar e ajudar os volantes. Antigamente atuávamos mais como lateral, hoje o pessoal joga como ala. Tínhamos o Augusto que era ponta e que sempre me pedia para dar um suporte nas jogadas ofensivas, era o que eu gostava de fazer.

Qual é seu gol inesquecível pela Veterana?
Foi em uma noite no Cristiano Osório em 78 contra o Atlético. Saiu uma falta próxima ao meio do campo, mais para o lado esquerdo. O Élter, o mãozinha ponta-esquerda, correu pra bola e deu um toque para o lado. Eu cheguei e bati. O goleiro, que na época era o Ortiz, deve estar procurando a bola até hoje (risos).

Você foi convocado algumas vezes para a seleção brasileira. Como foi sua experiência com a amarelinha?
Fui convocado pelo Telê Santana para a seleção que iria jogar a Copa de 82, meu nome estava entre os 23. Só que eu dei um pouquinho de azar, pois no primeiro jogo da decisão do Brasileiro de 80 pelo Atlético, sofri uma contusão. Apresentei-me à seleção no Rio, mas tive que voltar para BH para me recuperar, pois eles não dariam assistência. Fiquei 15 dias tentando a recuperação, mas acabou não dando tempo e convocaram outro para o meu lugar. Tempos depois eu estava me saindo bem no Colorado do Paraná e fui convocado para a seleção olímpica de 84, junto com outros dois jogadores, só que nenhum clube liberou os atletas para participar, pois os campeonatos regionais estavam para começar. Por conta disso, o time do Internacional fez o papel de seleção brasileira.

Por quais outras equipes você atuou e quais foram seus principais títulos?
Joguei na Inter de Limeira, Fluminense, Colorado, Sport, Santa Cruz. Mas neste meio tempo sempre ia e vinha para o Atlético. Fui vice-campeão brasileiro e tricampeão mineiro pelo galo e bicampeão pernambucano pelo Santa.  Também fiquei quatro anos em Portugal, voltei pra encerrar a carreira na Caldense em 94, mas treinei por uma semana no clube, senti que não teria oportunidade no time e acabei parando. Hoje jogo no master do clube.

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