domingo, 16 de outubro de 2016

Ex-volante Marcus Vinícius fala de sua atuação na Caldense

Renan Muniz
Torcida Lama Verde

Poços de Caldas, MG - Marcus Vinícius, o “Marcão”, nasceu em Divisa Nova-MG e se mudou para Poços de Caldas ainda no início de sua adolescência. Oriundo do futebol de salão, jogou pela GM Costa e logo passou a fazer parte do juvenil do futebol de campo da Caldense. Teve sua chance no profissional, se destacou e sua carreira deslanchou. Vestiu a camisa e foi capitão de grandes clubes brasileiros, como Cruzeiro, Grêmio, Atlético-PR e Ponte Preta. Conquistou inúmeros títulos e levou o nome da Veterana nacionalmente.

Quais eram suas principais características como jogador?  Eu atuava como primeiro volante. Marcava bem, não era muito veloz, mas tinha uma técnica apurada. Conseguia passar a bola com qualidade e me impunha muito. Por ser alto, levava vantagem nas bolas aéreas. Às vezes ajudava o time com gols de cabeça e chutes de média distância. Nunca fui um craque, mas sempre fui um bom jogador.

Os volantes não aparecem muito para a torcida, mas exercem uma função crucial no esquema tático de qualquer treinador. Como você lidava com a responsabilidade de jogar nessa posição? O volante tem que proteger a zaga e os laterais, além de dar suporte ao meio campo. É uma posição onde não se pode perder a bola e nem errar passes e isso era um diferencial meu devido à base que tive no futsal. As jogadas se iniciam no meio e se o volante não souber municiar os meias com qualidade, o poder de criação de um time é prejudicado.

O que você poderia destacar da sua passagem na Caldense? Vesti a camisa da Veterana entre 1993 e 1996, fui emprestado para a Ponte e posteriormente retornei em 1998. Vivi com grandes jogadores, como Tostão, Dácio, Fusquilo, Paulista, Russo e Esquerdinha. Atletas repletos de qualidades que representavam bem o clube. Sempre brigávamos na ponta da tabela, inclusive em 1996 ficamos em terceiro lugar no Mineiro e fomos campeões do interior. Esse era o diferencial da Caldense, montava bons times e dava valor para os jovens da cidade como eu, o Paulista e mais pra frente o Gustavinho.

Qual o seu gol inesquecível pela Veterana? Foi em uma partida contra o Cruzeiro no Ronaldão, estávamos perdendo por 2x1. Faltavam trinta segundos para o jogo acabar e saiu uma falta pra gente na lateral do campo do gol do placar. Foi todo mundo pra área e quando veio o cruzamento consegui subir no segundo pau e marcar o gol de empate. Na época o Cruzeiro tinha um time maravilhoso, muito superior ao nosso, mas jogamos muito esse dia e não merecíamos perder.

Tem alguma partida que não sai da sua memória? Tive a oportunidade, logo no meu segundo jogo como profissional, de enfrentar o Cruzeiro em pleno Mineirão. Na época eles tinham Marco Antônio Boiadeiro, Ademir e vários jogadores de qualidade. E eu fiquei com a responsabilidade de marcar o Palinha, foi surreal. Eu era tão fã dele que antes de o jogo começar deu vontade de pedir pra tirar uma foto com ele (risos). No fim acabamos perdendo por 2x1 e o Palinha fez um dos gols (risos).

Como foi sua carreira pós Caldense? Em 1999 fui contratado pelo Atlético-PR. Cheguei no início da Arena da Baixada e fiquei lá por três anos, conquistamos muitos títulos. Em seguida, me transferi para o Cruzeiro onde vivi minha melhor fase, ganhamos tudo. Joguei com Marcelo Ramos, Muller, Alex, Sorín, Cris, Maicon e vários jogadores de renome. Com certeza Deus me deu mais do que imaginei.

Como tem sido sua vida desde que pendurou as chuteiras? Depois que parei de jogar me tornei diretor de futebol e trabalhei um tempo na Ponte Preta, mas hoje estou afastado do esporte, quero dar uma descansada. Queira ou não, fiquei 20 anos nesse ramo e é uma atividade que te deixa longe da família, cada hora você está em uma cidade. É o preço que paguei, foi o que escolhi fazer. Agora estou dando mais valor aos familiares e vivendo momentos com eles.

No meio do futebol sempre acontecem histórias engraçadas, você se lembra de alguma? Havia um jogador no nosso elenco chamado Russo, era um zagueiro sem muita técnica, mas muito batalhador. Certa vez fomos jogar contra o Cruzeiro e saímos perdendo o primeiro tempo por 3x0. Quando estávamos indo para o vestiário, no intervalo da partida, o Russo me falou: “Marcão, ainda faltam 45 minutos e já tá três, estamos mortos!”. Mas no segundo tempo o Cruzeiro tirou o pé e só levamos mais um (risos).
A gente teve também um treinador que escalava o time baseado em seus sonhos. Uma vez ele sonhou que um jogador nosso não iria jogar bem e resolveu não escalá-lo para o jogo. Eu ficava torcendo para ele não sonhar comigo, porque senão você dorme titular e acorda reserva, aí não dá né! Ele tinha era que sonhar com os números da mega-sena (risos).

Já tem alguns anos que você parou de jogar pela Caldense, mas até hoje ainda é muito lembrado pelos torcedores. O que representa para você ter esse reconhecimento?
É muito legal, até porque tenho muitos amigos em Poços e sempre estou na cidade. Aonde vou sou bem tratado e o pessoal sempre lembra de mim. Se não me engano fui um dos últimos jogadores que saiu da Veterana e foi para um clube maior. Penso que esse reconhecimento vem principalmente por eu ter levado o nome da Caldense Brasil afora. A Caldense mudou o percurso da minha vida. Eu era um menino de origem humilde que sonhava em ser jogador e a Caldense me deu vitrine para o esporte. Por onde eu passei, houve a referência: o Marcus Vinícius da Caldense.

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