O empresário e o educador físico Deusdedit Assis Filho, o Dedão, 45 anos, acaba
de se tornar presidente da Associação dos Professores de Educação Física (APEF), Regional Poços. Ele conta que seu sonho é ver o esporte da cidade como referência no Brasil. “Dedico meus esforços numa cruzada pró-esporte”, diz.
Dedão iniciou-se no esporte, como muitos em Poços, através da escolinha de futebol do Mané da Pinta, na Caldense, no estádio Cristiano Osório, como goleiro. Depois foi para o basquete. Dedão destaca como momento importante na carreira sua convocação para a seleção mineira de basquete no ano de 1980, a partir daí atuou em várias equipes do Estado de São Paulo. Ele relembra que fez parte da “geração de ouro” do basquete da Caldense. “Sob o comando do saudoso técnico, o professor Luiz Cagnani, o Zinho, a quem chamavam de “Olímpico”, conquistamos muitas vitórias e glórias para o basquete da Caldense. Foi nesta geração que se destacaram Paulo Meindl e Raul Togni Filho, o Paulão e o Raul, que chegaram à seleção brasileira e foram destaques nacionais e internacionais”. Hoje Paulão é técnico da seleção paulista juvenil, técnico das categorias de base no basquete de Franca-SP e assistente técnico da equipe adulta junto ao treinador professor Hélio Rubens. Já Raul é técnico das categorias de base no Minas Tênis Clube em BH e assistente técnico da equipe adulta.
“Acredito no trabalho de base, desde que bem organizado e planejado, de maneira séria, correta, com profissionais preparados. É a principal ferramenta para a ascensão do esporte local, não da maneira que ocorre hoje, nada mudou, está tudo como era na minha época, não houve evolução, tivemos os mesmos problemas lá trás. A nossa iniciação esportiva, como é feita hoje, não revela ninguém, os grandes nomes estão no passado, como Xandó do vôlei, Paulão e Raul do basquete, isso já tem 30 anos”, lamenta ele.
“Hoje em Poços trabalhamos com nossos jovens na base, principalmente o esporte de participação, ou seja, aquele que é lúdico e de lazer. Nada contra o esporte de participação, pelo contrário, começa-se a partir daí, só que ficamos fazendo isso a vida inteira e não conseguimos especializar nossos jovens, nem tão pouco prepará-los para a fase madura, a da competição. A nossa iniciação esportiva tem falhas e como é feita não vai revelar ninguém por muito tempo, ficamos à espera dos talentos natos, estes são “pedras preciosas”. É necessário uma reformulação total em nosso esporte de base, nossa iniciação esportiva, é preciso motivar o professor, desenvolver metas, qualitativas e quantitativas, dar suporte aos alunos e cobrar resultados. Não existe, por exemplo, um projeto que possa receber os nossos melhores atletas, nossos talentos que são revelados nas mais diversas modalidades do esporte especializado. Perdemos atletas todos os dias para municípios bem menores que Poços de Caldas, por falta de políticas públicas municipais sustentáveis. É preciso sobretudo vontade política. Ademais, já temos o problema da baixa remuneração a que está sujeito o profissional de educação física. É preciso valorizar mais essa classe, precisamos estimular e motivar nossos educadores. Quando os pais colocam os filhos numa escolinha de esportes estão pensando que além do benefício da prática de uma atividade física para a saúde eles também possam se desenvolver no esporte”.
“Nossa iniciativa privada é muito forte, temos um parque industrial considerável, um comércio forte, agroindústria, extrativismos, enfim, dinheiro não é o problema. Falo da iniciativa privada pois a prefeitura é a principal fomentadora do esporte local e isso sobrecarrega o poder público. No mundo inteiro o esporte é visto como o melhor veículo de comunicação para as empresas associarem à sua marca, aqui é o contrário, o empresariado local colabora com o esporte dando “jogo de camisas” ou bolas e até mesmo pagando inscrições de times em campeonatos. Infelizmente o esporte não é valorizado.
Fico pensando se isso não acontece por falta de confiança do empresariado. Acredito que grande parte das empresas têm receio de aportar verbas no esporte por aqui, primeiro que não existe ainda políticas eficientes para o desenvolvimento de projetos consistentes e segundo que grandes empresas ou pequenas não investem o seu preciso nome e dinheiro em projetos que não são transparentes, que não sinalizam de que forma, para que, onde serão aplicados os recursos disponibilizados. Há que se ter ética, transparência e, sobretudo, credibilidade por parte de quem estará gerindo o dinheiro alheio, caso contrário as nossas grande empresas vão continuar preferindo ‘cobrir creches’, ‘reformar escolas’, ‘doar veículos’ a apoiar projetos esportivos. Nós, que vivemos, para o esporte e do esporte, temos que ficar mendigando aqui e ali um apoio, um incentivo ou patrocínio. Basta, é hora de mudar, de renovar, de fazer as coisas acontecerem. É preciso olhar para o esporte, que é educação, como um dos principais meios de transformação e desenvolvimento de um povo, de uma nação”.
“Fui eleito um dos seis delegados que vão representar a região no I Seminário para o Desenvolvimento Sobre Políticas Públicas para o Esporte, promovido pela Assembleia Legislativa do nosso Estado, nos dias 24, 25 e 26 de novembro em Belo Horizonte. A iniciativa é positiva e louvável, pois aconteceram vários encontros regionais, com a participação das instituições e comunidades, para que houvesse a elaboração de documentos contendo propostas e ideias que se tornarão projetos de lei sugeridos por nós. Isso vai possibilitar a criação de leis de incentivo ao esporte e incrementar as poucas leis existentes no âmbito estadual. Estou bastante animado com esse encontro, principalmente depois que o Brasil foi eleito como o país sede das Olimpíadas de 2016, acredito que vão ser necessários vários investimentos no esporte estadual e municipal por parte dos governos visando à formação de novos atletas e equipes para os jogos olímpicos”.
“Ano passado estive em Brasília a convite do Ministério do Esporte para participar do I Seminário da Lei de Incentivo ao Esporte. A lei é um grande passo para a evolução do esporte no Brasil, só que ainda precisa “pegar”. Quando digo “pegar” é no sentido de que não só os grandes clubes e entidades proponentes, mas também os pequenos possam ter seus projetos aprovados e com recursos captados através das inúmeras empresas de lucro real. O governo precisa fazer mais campanha para que as empresas e as pessoas físicas apóiem os projetos aprovados.
“Poços de Caldas reúne várias características positivas para impulsionar seu esporte, temos renda, várias praças esportivas e matéria-prima principal, crianças e jovens.Tendo tudo isso, se faz necessário propormos uma Conferência Municipal do Esporte e criar uma comissão pró-esporte com as diversas representações da sociedade, a fim de que possamos diagnosticar os problemas, discutir no âmbito político municipal e apresentar soluções. A nossa Secretaria Municipal de Esporte está sobrecarregada, a equipe não aumentou como deveria, a cidade cresceu muito e junto a esse crescimento vieram os eventos esportivos. Hoje são inúmeros os eventos esportivos locais que acontecem ao longo do ano, sem falar nos de grande porte, desta forma os projetos do dia-a-dia, aqueles de iniciação que acontecem nos bairros e comunidades ficam sem a atenção merecida, desmotivados e desprestigiados. Na minha opinião seriam necessários novos departamentos junto à Secretaria de Esportes, como por exemplo o de Gestão de Instalações Esportivas e Serviços Esportivos, Gestão de Projetos Esportivos e o de Esporte de Rendimento. E também, trabalhamos maciçamente a cultura do futebol, e os outros esportes? Tem crianças e jovens que não gostam do futebol, que opções damos a elas? Temos várias praças esportivas, precisamos aproveitar o máximo desse privilégio, temos que promover o acesso de nossas crianças e jovens nas mais variadas modalidades nos bairros onde residem. Não dá pra pensar em esportes sem infraestruturas condizentes”.
“Primeiramente gostaria de dizer que Educação Física não é esporte. Acredito que o profissional de Educação Física deveria usar branco e ser incluído obrigatoriamente na área da saúde, devido a sua formação acadêmica, que lhe outorga o direito exclusivo de prescrever exercícios e atividades físicas para a população saudável ou para públicos especiais, como cardiopatas, diabéticos, obesos, hipertensos, sedentários, entre outros. Seria a justa valorização desse profissional que é fundamental para promover a melhora e a manutenção da saúde global.
No caso da Educação Física escolar é preciso fiscalização por parte da Secretaria competente sobre que tipo de aula nossos alunos estão tendo. Quais os conteúdos? Será preciso agendar encontros entre os profissionais da área para troca de informações, criar um espaço de discussão para os professores debaterem as técnicas aplicadas, bem como emitir suas opiniões a respeito das aulas e os resultados atingidos”.
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