Mike Miranda, boxeador do grupo Dom King e empresário de Fernando Fumaça, está em Poços de Caldas acompanhando seu atleta, que fará no próximo mês a defesa do título latino-americano. Uma das novidades é que o boxeador não deixará mais a cidade para fazer seus treinamentos antes de lutas importantes. “Analisando o clima e ainda seguindo uma orientação médica, decidimos que o Fernando Fumaça a partir de agora treinará em Poços de Caldas e vamos trazer um treinador pra cá. Eu mesmo já senti na pele os benefícios desta cidade. Sou operado do joelho e sentia fortes dores na região. Era um pouco incrédulo com relação às águas sulfurosas de Poços de Caldas, mas bastaram apenas alguns segundos banhando meu joelho e o problema diminuiu e praticamente fiquei curado daquela dor. Aquilo me chamou a atenção para os benefícios desta água para um atleta que treina pesado e é passível de contusões. Poucos locais no mundo possui esse atributo de saúde”, disse Mike Miranda sobre o poder de cura das águas de Poços. O treinador acha que é uma das razões para muitos atletas do país treinarem em nossa cidade e a escolherem para morar definitivamente. Além de um treinador Mike quer trazer para Poços um outro boxeador para auxiliar Fumaça nos treinamentos.
No último final de semana Fumaça tinha uma luta agendada contra Alberto Lima, que foi adiada. Lima teve sérios problemas de saúde e o combate foi cancelado. Fumaça então vai intensificar a preparação para sua luta do próximo mês em local ainda a ser definido. Em caso de vitória o boxeador e seu empresario devem embarcar para o México onde tentam agendar uma luta valendo pelo título mundial.
“Conheci o Fumaça na Bahia e ele já era um profissional do boxe. Dei entrevista juntamente com ele, mas nem imaginava onde este garoto iria chegar. Tomei conhecimento na época que ele era 12 vezes campeão baiano, mais tarde fizemos uma grande amizade, eu também era profissional e estamos juntos até hoje”, conta Mike Miranda, que atualmente está entre os 15 melhores boxeadores do mundo na categoria médio ligeiro e é o único brasileiro em sua categoria que ocupa uma posição entre os top 100. Mike Miranda é atualmente o número 78 do mundo. Antes do fim do ano ele luta no Canadá. “Estou fazendo uma boa preparação para esse duelo e vou ficar alguns dias a mais em Poços de Caldas justamente para aproveitar o clima da cidade e assim ter uma preparação adequada para meu duelo no Canadá”, conta ele, que deve enfrentar Joaquim Alcing, um ex-campeão mundial considerado muito forte e que já derrotou alguns boxeadores brasileiros. “Por eu ser um atleta de Dom King hoje posso lutar tranquilamente no Canadá que na hora de uma contagem de pontos o juiz não vai tender para o atleta da casa. Dom King tem um peso muito grande no cenário mundial do boxe e isso ajuda para que resultados não sejam manipulados por arbitragens caseiras”, conta Miranda, que no passado deixou de lutar contra o canadense por temer os rumos que a arbitragem tomaria em caso do combate ter que ser definido por pontos. “Tenho acompanhando esse boxeador já há vários anos e tenho vários tapes dele enquanto que ele tem pouco material a meu respeito e isso é muito positivo, nta a meu favor” disse o boxeador. Segundo Mike, ser um atleta de Dom King não é fácil. “Fiquei quatro anos mandando material, tentamos vários contatos através de meu empresário. Meu cartel ajudou muito e assinei um contrato que só vence daqui dois anos”, disse Mike, que reluta em ficar nos Estados Unidos e dá preferência em treinar no Brasil. “Prefiro ficar aqui por estar próximo aos familiares, isso é importante demais na vida de qualquer atleta. Quando vou lutar fora sou acompanhado pela equipe de Dom King mas após a luta retorno para esse país que considero o melhor do mundo”, conta. Ele ressalta que tem que prestar contas de tudo que faz em sua carreira, até mesmo uma tatuagem deve ser comunicada para o pessoal do Dom King. Se eles não estiverem de acordo com alguma atitude do boxeador ele é multado. Mike Miranda é empresariado por Mauro Katzenelson, filho de Abrão Katzenelson, um dos responsáveis pela carreira do campeão Eder Jofre. “No início foi complicado. Eles queriam que eu ficasse nos Estados Unidos mas aos pouco consegui convencê-los de que se eu ficasse no Brasil seria melhor para todos. Quando estou nos Estados Unidos eles pagam tudo, moradia, alimentação, ajuda de custo, etc. Estando no Brasil o Dom King não tem uma despesa sequer comigo e acaba sendo vantagem para ele também”, conta o boxeador.
Mike Miranda tem 35 lutas, venceu 32, nocauteou 29 adversários. Perdeu apenas três duelos em toda sua carreira. “Uma das lutas que perdi define bem o que é o boxe. Eu era favorito, estava numa grande fase e meu adversário era considerado bem inferior a mim. Eu era considerado um nocauteador mas naquele dia o cara acordou com o “capeta” no corpo e eu não consegui derrubar ele. Logo no início ele me acertou um potente golpe no estômago que comprometeu toda a luta. Fui até o fim mas fui derrotado. Coisas do boxe”, finaliza Mike.
Com o adiamento da luta do último final de semana, Fernando Fumaça está em regime de concentração total para o desafio contra o argentino, que vale o título latino-americano. “Fiquei chateado por não lutar no sábado, treinei bastante, mas infelizmente o adversário ficou doente e foi uma pena já que foram bastantes torcedores de Poços de Caldas acompanhar a luta e acabaram se decepcionando também”, conta o atleta, que foca sua preparação para a defesa do título em novembro. Com a volta para Poços, Fumaça retoma os trabalhos de seu projeto, que está tentando colocar na lei de incentivo. Fumaça tem apoio da Climepe/Oxicooper, Pretória, Marcus Togni, Hotel Glória e Secretaria Municipal de Esportes.
Mike Miranda lamenta o afastamento da mídia com relação ao boxe no Brasil. Segundo ele, o país possui excelentes atletas mas eles aparecem pouco. No passado a TV dava destaque, programava lutas para horário nobre e foi ali que apareceram nomes como Maguila, Luciano “Todo Duro”, Popó. Hoje este trabalho de divulgação caiu e para Mike quem perde é o povo brasileiro que fica sem conhecer os valores que surgem. Essa falta de apoio da mídia acaba afastando empresários que deixam de dar suporte à modalidade que fica com sua sobrevivência ameaçada e o sonho de um título mundial mais distante. “Temos o exemplo do Fumaça que luta, corre atrás, achou apoio em Poços de Caldas e apesar de não ser muito consegue sobreviver do boxe. Temos treinadores excelentes no Brasil mas o apoio deixa a desejar. Fora daqui o boxeador é apenas um atleta enquanto que aqui Fumaça tem que dar aulas, cuidar da família, treinar, enfim, fazer tudo e isso acaba afetando o aproveitamento. Assim é a vida do boxeador brasileiro e lá fora o apoio é outro, a estrutura é outra”, conta Miranda.
O empresário destaca nomes como Naldelino de Barros e Alex Oliveira, pouco conhecidos no Brasil mas que estão com carreiras vitoriosas que a falta de divulgação esconde. Segundo Miranda, o próprio Popó teve que batalhar muito antes de se tornar conhecido do grande público e só conseguiu reconhecimento após o título mundial. “Com o apoio da mídia tudo fica mais fácil. O Maguila é um exemplo claro. Teve sua carreira patrocinada por 10 anos por Luciano do Vale e se tornou o nome mais conhecido do nosso boxe. Uma pena que isso parou e a mídia “esquece” nossos novos valores”, lamenta ele. Ela fala que o boxe brasileiro não está em decadência. O que está em decadência para o boxeador é a cabeça dos empresários brasileiros que deixaram de apoiar a categoria.
“Devido a isso tudo que relatei vejo o Fumaça hoje como um herói que batalha sozinho e consegue seus apoios e está entre os melhores do mundo e ainda ajuda os outros. Tem projeto social na cidade. Poços de Caldas hoje tem um campeão do mundo que só falta a confirmação dentro do ringue. Acredito que Fumaça será o novo campeão do mundo. Sou um especialista em boxe, vivo o boxe, conheço tudo sobre o boxe. Vejo tudo caminhando certo na carreira de Fumaça. Ele tem todas as características de um campeão e condições de desafiar e vencer as competições", finaliza Miranda.
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