quarta-feira, 27 de julho de 2016

Entrevista com o preparador de goleiros da Caldense

Poços de Caldas, MG - O goleiro da Veterana William Neguet vem se destacando no Campeonato Brasileiro da Série D. Foram cinco jogos seguidos sem levar um golzinho sequer, incontáveis defesas difíceis e de quebra ainda é um dos arqueiros menos vazados da competição. Que isso é fruto de muito trabalho e dedicação todos já sabem. Mas quem está por trás disso tudo? O repórter Renan Muniz, da torcida Lama Verde, foi investigar os segredos do trabalho de Wanderley Britto, o atual treinador de goleiros da Caldense.

Renan Muniz - Quais funções você já exerceu no futebol?
Britto - Atuei profissionalmente como goleiro, joguei em grandes equipes, mas acabei encerrando minha carreira cedo. Logo em seguida, comecei a estudar para me tornar um treinador de goleiros e trabalho na área desde então.

Renan Muniz - Você já esteve na Caldense em temporadas passadas?
Britto - Sim, em 2009 fui contratado pelo Jânio Joaquim e tive uma sequência de trabalho em 2010 e 2011. Depois saí e rodei em alguns clubes, mas sempre mantive contato com a diretoria da Veterana. Poderia ter retornado anteriormente, mas voltei agora em 2016 por intermédio do Franco Martins e do Alex Joaquim.

Renan Muniz - Como é sua rotina de trabalho?
Britto - Meu trabalho é mais voltado para a técnica do goleiro, os fundamentos. É muito importante treinar situações de jogo como a comunicação com o setor defensivo, a habilidade com os pés em caso de bolas recuadas, o psicológico do atleta para quando falhar ou jogar em situações adversas, além, é claro, dos atributos básicos como tempo de reação, agilidade, reposição e posicionamento. Diariamente costumo dar mais de trezentos chutes nos trabalhos com os três arqueiros do grupo.

Renan Muniz - Qual tipo de bola é mais difícil para o goleiro defender?
Britto - As bolas mais complicadas são aquelas próximas ao corpo, principalmente um cabeceio à queima-roupa ou um chute de longa distância, onde a bola faz várias curvas. Nessas situações o atleta perde a noção de espaço e tem muitas dificuldades para chegar no tempo certo, o que pode resultar em um rebote. O goleiro tem que simplificar, ter uma regularidade de jogo, ter domínio sobre seu raio de ação e esses fatores só podem ser otimizados com a experiência e principalmente com os treinamentos.

Renan Muniz - O que passa na cabeça de um goleiro quando leva um “frango”?
Britto - É complicado, mas é na falha que se conhece o bom goleiro. Todos estão sujeitos a erros, mas temos de ter personalidade para assumi-los e aprender com eles. Nesse momento é necessário usar a experiência, manter a calma e passar confiança aos companheiros para se superar dentro da partida.

Renan Muniz - Numa cobrança de pênalti, é melhor tentar adivinhar o canto ou esperar a batida?
Britto - O pênalti mexe basicamente com a reação do goleiro. Costumo pedir aos atletas que esperem ao máximo para saltar e que tentem fazer a defesa se beneficiando de sua envergadura, principalmente no caso do Neguet, que é um goleiro de grande estatura.

Renan Muniz - Quais as maiores alegrias e dificuldades da profissão?
Britto - A maior alegria, sem dúvida, é ver os goleiros que treino fazendo grandes trabalhos, como é o caso do Neguet, que ficou praticamente seis jogos sem levar gol e tem feito muitas defesas difíceis. A maior dificuldade é enfrentar as derrotas, que nos fazem repensar o trabalho que vem sendo realizado.

Renan Muniz - O que a Caldense significa pra você?
Britto - Significa muito. Desde que cheguei criei uma simpatia enorme pela cidade e pela entidade. A Caldense é um dos poucos clubes onde os profissionais sabem que vão receber em dia e que tem pessoas que fazem de tudo para nos dar as melhores condições de trabalho. Torço que meus treinamentos sigam surtindo efeito e que eu possa continuar na Veterana por muitos e muitos anos.

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