quarta-feira, 20 de julho de 2016

Ex-lateral direito fala da Caldense dos anos 70

 Poços de Caldas, MG - O torcedor da Veterana Renan Muniz vem fazendo uma série de entrevistas com pessoas relacionadas à Caldense. O quadro “Veteranos”, produzido para o Facebook da torcida Lama Verde, já contou com a participação de diversos ex-jogadores, dirigentes, membros da comissão técnica e companheiros de imprensa. O objetivo é registrar e resgatar um pouco da história da Associação Atlética Caldense, além de conhecer e valorizar as pessoas que trabalham e trabalharam em prol do clube. O entrevistado desta semana é Arnaldo Ciro Gonçalves, considerado um dos melhores laterais-direito da história da equipe alviverde. Confiram como foi este papo.

Renan Muniz - Por quais equipes você atuou?
Arnaldo - Iniciei minha carreira em um time da minha cidade, a Esportiva de Guaratinguetá-SP. Depois passei pelo Taubaté-SP, São José-SP, Flamengo de Varginha-MG, Atlético de Três Corações-MG e por fim a Caldense-MG.

Renan Muniz - Como foi sua chegada e passagem pela veterana?
Arnaldo - O Geraldinho Martins Costa tentou me trazer no começo de 1972, mas acabou não dando certo. Ao final do ano ele voltou a me procurar e assinei contrato. Cheguei junto com Gilberto Voador e Roberto Cruz. Fui muito bem recebido e me estabeleci na cidade, onde formei minha família e moro até hoje. Tive o privilégio de atuar pela Caldense até 1978, em um período de ouro da história do clube.

Renan Muniz - Quais eram as principais características deste time que marcou época na década de 70?
Arnaldo - Tínhamos a precisão dos lançamentos e bolas paradas do Ailton Lira, a marcação e os passes refinados do Jeremias, a explosão e a velocidade do Augusto, a garra do Buzuca, o Neto com suas qualidades técnicas de estilo clássico, além da elasticidade do Gilberto Voador.
Renan Muniz - Qual foi sua partida inesquecível?
Arnaldo - Em 1976 recebemos o Cruzeiro, que tinha acabado de ser campeão da Libertadores. Eles achavam que ganhariam fácil da Caldense, mas perderam por 2 a 1. Gols de Ailton Lira e Augusto para a Veterana e Jairzinho para a equipe celeste. Foi um jogo memorável.

Renan Muniz - Como era seu estilo de jogo?
Arnaldo - Quando eu jogava no Estado de São Paulo, os treinadores exigiam que os laterais apoiassem o ataque. Por isso, cheguei a Minas já com essa característica, de apoiar os homens de frente com passes e cruzamentos. Às vezes até conseguia chegar como elemento surpresa no ataque e marcar alguns gols.

Renan Muniz - Como era jogar no Estádio Cristiano Osório?
Arnaldo - A Caldense fazia prevalecer o mando de campo. A torcida ficava muito próxima ao gramado e colocava uma pressão muito grande nos adversários, era difícil nos derrotar. Havia um aconchego pelo fato de o campo ser no centro da cidade. Existia também uma integração muito grande entre os torcedores e os jogadores, éramos quase uma família.

Renan Muniz - Nos anos 70 a Caldense teve um treinador que ficou muito famoso por seus rituais, crenças e simpatias. Você se lembra de alguma história curiosa da época do Juquita José Lúcio?
Arnaldo - Sempre que a Caldense precisava vencer, o Juquita usava uma bola preta para nos dar um “apoio espiritual”. Certa vez fomos jogar em Uberlândia e tivemos que parar em Tambaú para que ele pudesse fazer o “trabalho” dele no cemitério de lá. Já havia anoitecido e o local estava fechado. Ele decidiu pular o muro, acabou caindo dentro de uma cova e começou a gritar: “me acuda, me acuda, estão querendo me levar”. Tivemos que ajudá-lo a sair de lá e ele voltou para o ônibus cheio de terra, pedaços de vela e flores no corpo. Foi muito engraçado. Apesar desse lado folclórico, gostaria de ressaltar que ele era um estrategista, estudioso, sabia dar treinos, impunha um padrão de jogo. Foi um dos grandes treinadores que tivemos na época, junto com Carlos Alberto Silva.

Renan Muniz - O que a Caldense significa pra você?
Arnaldo - Motivo de muito orgulho. Devo minha vida à Caldense. Parei de jogar em 1978, fui treinador interino por sete vezes, preparador físico, auxiliar técnico, treinador de goleiros. Sempre dei meu melhor e trabalho no clube até hoje. Aqui é minha segunda casa.

Para finalizar, você tem alguma mensagem para a torcida da Veterana?
Arnaldo - Gostaria de agradecer pela oportunidade de contar um pouco da minha vida e penso que está na hora de a Caldense subir mais um degrau na sua história. Tenho certeza que se a torcida se unir e incentivar o time conseguiremos o acesso para a Série C. A hora é agora. Um grande abraço!

Acesse a página da Lama Verde no Facebook para assistir a esta e outras entrevistas na íntegra.

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