terça-feira, 20 de maio de 2014

Árbitros protestam contra Comissão Disciplinar da LPF e jogo não é realizado

Poços de Caldas, MG - O que parecia impossível de acontecer no futebol amador da cidade aconteceu. Devido ao protesto dos árbitros do quadro da Liga Poços-caldense de Futebol, cansados da impunidade em casos de violência, um jogo semifinal da Copa Café, competição sob tutela da Liga Poços-caldense de Futebol, acabou não acontecendo. Segundo Deusdedit Assis Filho, o Dedão, da empresa D&D, responsável pela arbitragem do campeonato, a demora em julgamentos de casos de violência contra a árbitros gerou o protesto conta a Comissão Disciplinar da Liga Poços-caldense de Futebol. “Não podemos aceitar que um jogador agrida pessoas de bem, faça ameaças e volte a jogar normalmente pouco tempo depois como se nada tivesse acontecido. Se passaram 30 dias e nada aconteceu, por isto não vamos realizar o jogo”, disse Dedão. A empresa divulgou nota oficial na qual salientou que a decisão de não fazer o jogo partiu dos árbitros. Leia o trecho: “É importante relatar que a empresa D&D Esportes Ltda, prestadora de serviços, vencedora  da licitação da Prefeitura Municipal de Poços de Caldas, para executar os serviços de arbitragem designados em contrato pela SEMEL, em nenhum momento influenciou em nossa decisão, que entendemos ser legítima e justa , em favor da classe dos árbitros que  atuam no futebol amador de Poços de Caldas”, disse a nota.

Entenda o caso
No último domingo acontecia os jogos semifinais da Copa Café, uma das principais competições da zona rural de Poços de Caldas. Na primeira partida jogaram Fazenda Sete Quedas e Fazenda Santo Antônio. Depois de um empate em 1x1 no tempo normal o jogo foi para as penalidades máximas e terminou com vitória da Fazenda Sete Quedas. O jogo de fundo envolveria as equipes da Fazenda Cocal contra a Fazenda Córrego D´Antas. O problema começou quando foram confirmadas as escalações de Binho, no time da Fazenda Cocal, e Morcego, que defende o Córrego D´Antas. Binho teria ofendido moralmente o árbitro Marcelo Godde durante o jogo entre Fazenda Cachoeirinha e Fazenda Cocal. Já Morcego “deu uma voadora”, segundo súmula do árbitro Luiz Fernando Souza no jogo  entre as equipes Fazenda Córrego  D´Antas x Fazenda Cachoeirinha. O jogador Morcego foi punido preventivamente por 30 dias, porém, neste período ele não foi julgado, o que gerou indignação entre os árbitros. O caso de Binho sequer houve punição preventiva e o jogador não sofreu nenhum tipo de punição, segundo os árbitros. Devido as estes fatos eles decidiram em não realizar a partida em protesto.
“Realizamos uma reunião com as equipes de arbitragem que prestam serviço para a empresa D&D Esportes Cultura e Lazer Ltda e eles decidiram protestar e não realizar o jogo. Este protesto vem de encontro a omissão e morosidade da Comissão Disciplinar da Liga Poços-caldense de Futebol em julgar casos de agressões que aconteceram na edição deste ano da Copa Café.  Não tem como entender porque um caso de violência não seja julgado num prazo de 30 dias. Casos assim não podem continuar e espero que este protesto sirva como exemplo e que a Comissão Disciplinar tenha mais respeito com o pessoal que trabalha com arbitragem”, disse Deusdedit. “A arbitragem se sente desprestigiada, desmotivada e desvalorizada por uma comissão  e resolvermos não aceitar mais isto”, finalizou Deusdedit.

Revolta dos times
A atitude dos árbitros em não realizar o jogo acabou gerando uma grande revolta de jogadores e dirigentes das equipes. “Temos gastos para colocar o time em campo. Cada fazenda deve ter desembolsado pelo menos mil reais para estar aqui no Bandolão. Não dá para entender que um grupo de árbitros resolva não fazer o jogo e fique por isto mesmo. O futebol de Poços de Caldas está uma bagunça e hoje (domingo) foi a gota d água”, disse Décio Benelli, presidente do Córrego D´Antas. O dirigente atacou a empresa D&D Esportes Ltda. Segundo ele a mesma não cumpriu o que pedia a licitação que venceu. “Está tudo errado desde o começo pois a empresa que venceu a licitação da Prefeitura não fez o que tinha que ser feito. Segundo a licitação eles tinham que enviar um árbitro, dois auxiliares e um mesário nos jogos. Está escrito que é obrigação eles cumprirem este regulamento, porém, teve jogo que mandaram apenas um juiz, sem auxiliares e sem mesário. Liguei para a Secretaria de Esportes que  informou que não poderia fazer nada porque a responsabilidade era da empresa vencedora da licitação. Falamos que não iríamos jogar e nos ameaçaram dizendo que se não jogássemos perderíamos por wxo. Fomos aceitando as condições deles e eles ganhando nosso dinheiro público sem honrar com os compromissos. Agora temos que engolir mais esta atitude. Nosso jogador não agrediu ninguém, mesmo assim foi suspenso, cumpriu os 30 dias e tinha condições de jogo. Pensou se vira moda, o juiz acha que pode mandar no futebol e não apita o jogo. Isto não pode acontecer. Fico muito triste com tudo isto e espero que este descaso não aconteça mais. Vira e mexe criticam o povo da roça, mas quem tomou esta atitude vergonhosa foram os juízes da cidade”, disse Décio Benelli. O dirigente prometeu buscar seus diretos e espera que pelo menos os gastos que teve em colocar o time em campo sejam cobertos. Ontem ele se reuniu com o Secretário de Esportes. “Perdi quase mil reais para vir aqui e agora é hora de mostrar que o povo da zona rural não é  palhaço”, finalizou o dirigente.
O jogador Morcego pode ser julgado ainda esta semana e a partida entre as Fazendas Cocal e Córrego D´Antas deve ser remarcada para o próximo domingo. O secretário de esportes, Albert Mareca, confirmou que conversou com Benelli e também com Dedão ontem.  “Fiquei triste com acontecido mais tenho certeza que chegaremos a consenso entre as partes envolvidas para resolvermos e encaminharmos de uma maneira que possamos encerrar este belíssimo campeonato tranquilamente”, disse Mareca. A rodada decisiva de domingo não tinha policiamento e nem a presença de nenhuma autoridade da Liga Poços-caldense de Futebol, organizadora do campeonato. Apenas quando a confusão já estava mais calma é que a PM chegou, solicitada por pessoas que estavam no estádio.

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