terça-feira, 12 de junho de 2018

Poços-caldense será quarto árbitro na abertura da Copa

PAULO VITOR DE CAMPOS
pvcampos@gmail.com

Poços de Caldas, MG - O poços-caldense Sandro Meira Ricci, que está em sua segunda Copa do Mundo, quase entrou para a história. Ele era um dos favoritos para apitar o jogo entre Rússia e Arábia Saudita, pela abertura da Copa do Mundo. Seria a primeira vez que um juiz brasileiro teria este privilégio. A Fifa no entanto escolheuo argentino Néstor Pitana, 42.Pitana terá como assistente os compatriotas Juan Pablo Belatti e Hernán Maidana. O poços-caldense será o quarto árbitro da partida que terá início às 12h (de Brasília).



Confira trechos de entrevista de Ricci ao jornal Mantiqueira

Mantiqueira - Até quando você viveu em Poços de Caldas?
Sandro Meira Ricci – “Sou nascido em Poços de Caldas mas com apenas dois anos de idade fui para Brasília. Meu pai, funcionário do Banco do Brasil na época, foi transferido para a capital federal. Passei infância e adolescência lá, porém, todos os feriados e férias escolares eu vinha a Poços. Eu frequentava o clube da Caldense. Joguei amadoramente futebol em Milão, na Itália, morei naquele país durante três anos. Ao retornar ao Brasil eu treinei no Brasília, uma equipe do Distrito Federal, mas percebi que a pressão era grande e eu não aguentaria e resolvi desistir de vez da ideia de ser um jogador de futebol”.

Mantiqueira – Como surgiu a vontade de ser um juiz de futebol?
Sandro Ricci – “Em 1994 eu estava acompanhando a Copa do Mundo e ao assistir à final coloquei na cabeça que queria participar de eventos importantes como aquele. Comecei a trabalhar a ideia de ser um árbitro. Conclui a faculdade de Economia e em 2003 consegui fazer o curso de árbitro, já aos 30 anos de idade. Em 2004 coloquei o primeiro apito na boca e comecei a atuar em jogos de futebol. Já naquele ano fiz finais de categorias de base em Brasília. Minha estreia no futebol profissional foi em 2005. Em 2006 passei a integrar o quadro de árbitros da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Mantiqueira – Como foram os primeiros trabalhos como árbitro da CBF?
Sandro Ricci – Infelizmente logo no primeiro ano enfrentei alguns percalços. Num jogo da Série C do Brasileiro tive uma atuação muito infeliz e acabei afastado por um ano. Só era convocado para ser reserva, atuar como quarto árbitro e não tive chance nenhuma para apitar jogos. Graças ao apoio que recebi do Jorge Paulo no final do ano de 2007, que acreditou no meu potencial e praticamente me recolocou no caminho da arbitragem, voltei a fazer jogos importantes e na época apitei a partida entre Remo e São Caetano pela Série B do Brasileiro. Essa partida decretou o rebaixamento do Remo para a Série C. Tive uma boa atuação e já no ano seguinte comecei a trabalhar em grandes campeonatos. Fiz jogos da Copa do Brasil, que é uma espécie de torneio experimental para todo juiz de futebol, fiz muitos jogos da série B e cinco jogos da Série A em 2008. Consegui construir um nome junto à Comissão de Arbitragem da CBF. Em 2008 eu fui o árbitro que mais atuou no futebol brasileiro incluindo as vezes em que fui juiz principal e quarto árbitro.

Mantiqueira – Como é lidar com a pressão de grandes jogos?
Sandro Ricci – A preparação da arbitragem hoje é fechada em quatro pilares: o técnico, que é a condição do árbitro para apitar uma partida, o físico, que mostra se ele tem condições de fazer uma partida, o mental, que avalia se ele tem condições de suportar as pressões de um jogo de futebol, incluindo torcida, imprensa e dirigentes, e, finalizando, o social, que avalia o árbitro fora dos campos de futebol, sua formação acadêmica, intelectual, a vida social regrada, pois acabamos nos tornando um bem público. O árbitro não pode trabalhar esses pilares de maneira separada. É preciso trabalhar bem o lado psicológico para reagir bem a todo o tipo de pressão. No começo de carreira você fica impressionado com as pressões mas depois acaba se acostumando devido à experiência que se adquire. O que não pode é o árbitro deixar se levar por essas pressões, normais dentro do futebol.” 

 Mantiqueira – Você pensa em um dia voltar a morar em Poços de Caldas?
Sandro Ricci – Como um apaixonado por essa cidade eu pretendo sim um dia voltar a morar aqui. Vamos esperar o que o futuro nos reserva.

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