terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Antônio Carlos do Santos: dedicação ao esporte amador de Poços

O último entrevistado do ano é o presidente da Liga Poços-caldense de Futebol Antônio Carlos dos Santos, o Ceará, que faz um balanço da temporada e do que espera em 2010. Ele destaca ainda seu amor pela carreira de árbitro de futebol.

Árbitro
“Comecei minha história no amador de Poços de Caldas como árbitro de futebol. Apitei várias finais, muitos jogos importantes, inclusive algumas partidas profissionais, como Caldense e Corinthians e Caldense e Internacional, na qual fui bandeirinha. Posso afirmar com toda certeza que como árbitro no futebol amador de Poços de Caldas eu me consagrei. Atuei em toda a região do sul de Minas e até mesmo em Belo Horizonte, quando fiz parte do quadro da Federação Mineira de Futsal. Meu pensamento era de me profissionalizar na carreira de juiz de futebol, no entanto, resolvi não me afastar da família ou até mesmo deixar meu emprego. Era trocar o certo pelo duvidoso então desisti de seguir adiante com meu sonho. Tenho certeza de se tivesse investido nesta carreira profissional teria conseguido sucesso. Isso tudo aconteceu em 1982. Na época fui convidado pelo Vilmar Barbosa para apitar jogos de futsal na quadra recém-construída na Alcoa. Minha primeira experiência foi para bandeirar um jogo em substituição a um dos titulares que não apareceu. Meu trabalho agradou e fui continuando a bandeirar. O Flávio Zotti era o presidente da Liga de Futsal na época e fiz um curso de futebol de salão patrocinado pela Alcoa e consegui a maior nota. Nessa época o Samuel Ferreira já era uma pessoa que sabia tudo de regras. Eu passei a admirar seu trabalho e ele começou a me orientar, me incentivou a estudar a fundo as regras do esporte. Ele dizia que seu eu não estudasse não iria apitar as partidas. A primeira oportunidade para apitar futebol de campo foi em um jogo no aeroporto. O juiz convocado para o confronto faltou ao compromisso. O Aldo José Lobo de Carvalho, juntamente com o Benedito Henrique Zangiacomi, que era o diretor de arbitragem da LPF, me chamou para apitar a partida, que seria entre Cruzeiro do bairro São José e Flamengo do Cascatinha. Um clássico daqueles tempos e para piorar eu nunca tinha apitado futebol de campo, não tinha nada, nem uniforme. O Aldo me emprestou a bermuda e a meia. A camisa eu usei a mesma que usava para apitar os jogos do futsal. Senti uma pressão muito grande e às vezes me pegava pensando o que estava fazendo ali. Fiz meu trabalho, não me recordo o placar da partida e acabei agradando. Depois disso fiz vários jogos e minha carreira decolou. Atuei muitas vezes como juiz, outras como bandeira e até mesmo como representante. Meu porte físico ajudava e comentavam muito sobre o novo árbitro, um cara grande, forte, que impõe respeito. Numa certa oportunidade Samuel foi ver de perto meu trabalho. Durante uma partida no Ronaldão apitei uma falta, o atleta ajeitou a bola com a mão para cobrar e eu inverti a cobrança. O Samuel me questionou o porquê da inversão e eu disse que era porque o jogador havia colocado a mão na bola. Ele me explicou que naquele caso eu estava errado pois a bola ainda não havia entrado no jogo pois eu mesmo havia parado o lance. Depois disso investi muito nos estudos das regras e consegui crescer muito como juiz de futebol. Após algum tempo o Lira passou a ser diretor de arbitragem da LPF e com ele tive mais chances para atuar”.

Presidente
“Roberto Moura, que era presidente da LPF, ficou doente e o diretor técnico na época era o Feijão, que ficou sozinho. Ele me chamou para dar uma força e me passou o cargo de diretor de arbitragem. Depois que o Roberto Moura teve uma melhora em sua saúde me deu uma procuração passando a presidência interina da entidade. Esse episódio causou uma desavença entre eu e o Feijão. Acho que ele queria ficar no cargo mas o Roberto Moura preferiu passar para mim e deixar o Feijão como diretor técnico. A alegação de Moura era que o Feijão tinha mais jogo de cintura para o cargo que ocupava. Fiquei seis a sete meses como interino na presidência. Em 2004, mesmo que relutante, acabei me candidatando à presidência. Na época o Dr. Luiz Quinteiro me deu todo o apoio para tentar o cargo. Foi realizada a eleição, disputei o cargo com o Jota Lopes e fui eleito com 13 votos contra 5 do oponente. Logo iniciei os trabalhos com o Quinteiro, montamos a comissão disciplinar. No primeiro ano vi que o futebol amador de Poços de Caldas andava desmotivado. O Lelo, atual secretário de Esportes, passou a ser diretor técnico da Liga, nos deu uma grande ajuda. Havia muitas coisas erradas acontecendo. Algumas pessoas disputavam os campeonatos um ano e em outros simplesmente resolviam que não iriam jogar. Vimos que aquilo não estava certo como os times que todos os anos se sacrificavam para estar nos nossos campeonatos. Foi aí que eu e o Lelo decidimos separar o amador em primeira e segunda divisão. Levamos a ideia para todos os envolvidos no amador, marcamos o arbitral e nossa sugestão foi aprovada. O primeiro campeonato reuniu oito equipes no módulo I e seis no módulo II. O segundo teve oito no módulo I e dez no módulo II e o campeonato deste ano manteve os oito times no módulo I, mas dezesseis no módulo II. A fórmula acabou se tornando sucesso. Antes desciam duas equipes do módulo I para o módulo II e subiam duas e nesse ano caíram duas equipes do módulo I e subiram três”.

Apoio dos clubes
“Claro que existem clubes que não aprovam nosso trabalho, criticam nossas medidas. Mas tudo é feito na imparcialidade, sempre sem pensar em “a” ou em “b”. Antes os atletas agrediam árbitros e companheiros. O campeonato parava e tudo ficava por isso mesmo. Hoje esse quadro mudou. Temos casos de atletas que já foram punidos com cinco mil dias de suspensão. Outros tomaram dois mil dias, ou seja, não existe impunidade e isso faz com que os campeonatos de hoje, disciplinarmente, sejam muito bons. Atletas e dirigentes entenderam nosso trabalho e procuram colaborar o máximo possível. A parceria com a Cristais São Marcos e com a TV Poços fez com que tudo ficasse mais profissional. Meu pensamento para 2011 é criar a terceira divisão no futebol amador. Queremos um amador mais longo, mas tudo isso só deve ser em 2011 devido à Copa do Mundo, que deve parar as competições na cidade por um mês. Para realizar o amador mais longo ainda precisa de um estudo já que isso gera custos que precisam ser muito bem discutidos”.

Temporadas 2009/2010
“Em 2009 tivemos uma temporada excelente. Clubes que nunca tinham ganhadonada conquistaram títulos. Tivemos campeonatos muito bons como o Mirim, o Infantil, Sub-20, dois campeonatos de master, o amador, a Taça Poços de Caldas, Taça dos Campeões. O Master deste ano foi disputado por 20 clubes e já estou pensando em criar duas divisões nessa categoria também. Em 2010 espero uma temporada melhor. Na Liga não fazemos nada de cartas marcadas e enquanto eu for o presidente da entidade o campeão é aquele que mereceu o título dentro de campo. Pretendo começar a temporada dia 17 de janeiro, com a Taça Campeão dos Campeões, e logo depois o Mirim, o Infantil, o Sub-20 e o Master. Logo após a Copa do Mundo já vamos dar início ao campeonato amador da temporada”.

Justiça
“Não posso deixar de falar de dois fatos que marcaram esse ano a LPF com relação à justiça. Desde 1998 corria uma ação contra a LPF. A entidade naquele ano realizou um bingo uma mulher acabou batendo (fechando a cartela) e no momento deu um pique de energia. Quando voltou tudo ao normal deram sequência ao bingo chamando a outra pedra e a mulher que havia ganhado o carro não levou o prêmio. Ela entrou na justiça contra a LPF e a pendência vinha se arrastando até pouco tempo. Eu não tinha conhecimento do caso e quando fiquei sabendo o prédio, que é sede da Liga, estava para ser leiloado. Acionei o Hélio, juntamente como Dr. Quinteiro, e ficamos com um tremendo “pepino” nas mãos. Foi aí que procuramos um grupo de empresários e eles prontamente nos atenderam e nos disseram que fariam o que fosse preciso para que o prédio não fosse a leilão. Procuramos a mulher em Governador Valadares e ela não quis conversa e não aceitou nossa proposta, disse que ia querer o que a justiça determinasse. Conseguimos adiar o leilão do prédio e depois disso esse grupo de empresários e a liga de futsal assumiram a dívida, pagaram a mulher e não perdemos o prédio. O outro caso que quero destacar é de um ex-colaborador da Liga que nos procurou dizendo que queria nos ajudar. Deixei claro para ele que a LPF não pode pagar funcionários e todos que ali prestam um serviço voluntário, tudo por amor ao esporte amador de Poços. Eu não recebo nada, o Quinteiro não ganha nada e assim por diante. Ele concordou e eu o aceitei. É uma pessoa competente, ajudou muito, conhece tudo da Liga, sabe tudo sobre tabelas. E começou a deixar de frequentar a entidade. O procurei e perguntei os motivos e ele me disse que não queria mais mexer com o futebol amador e que iria passar a cuidar de outros empreendimentos e dar início a um novo rumo em sua vida. Não coloquei nenhum impedimento mas me surpreendi ao receber alguns dias uma intimação acionando a LPF pedindo direitos trabalhistas. Me espantei com aquela situação, acionei os advogados no dia da audiência ele não compareceu”.

Futsal
“Cuidamos ainda da Liga de Futsal que hoje tem um ano bem ativo com aproximadamente 20 times Nossa Liga é forte com dois campeonatos divididos em três divisões. Queremos também realizar a Copa Verão entre janeiro e fevereiro. Estamos tentando reerguer o futsal feminino em Poços de Caldas. Nosso trabalho é duro mas fazemos com muito amor. Ainda cuidamos de outras cidades da região, damos suporte de arbitragem e todo o apoio com tabelas e outros assuntos que envolvem um competição”.

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