As ruas de Poços de Caldas recebem hoje a prova mais tradicional do atletismo local. A Volta ao Cristo, que chega a sua 28ª edição, terá um número recorde de competidores, entre eles grandes nomes do atletismo mundial e nacional. Farão a largada 1.064 atletas, no Ronaldão, sendo 926 homens e 138 mulheres. A Volta ao Cristo é um dos eventos mais grandiosos organizado pela Secretaria Municipal de Esportes. Será a primeira vez que a prova recebe quatro atletas internacionais de ponta. “Conseguimos este ano melhorar ainda mais este grandioso evento. Além dos africanos, grandes competidores de elite do Brasil estarão correndo pelas ruas de Poços de Caldas. Acredito que teremos uma Volta ao Cristo maravilhosa neste domingo”, falou o secretário municipal de esportes Carlos Alberto dos Santos, o Lelo. Poços de Caldas terá alguns desfalques importantes. Tatiele e Camila Santos, revelações do atletismo feminino local, não vão competir, enquanto que Marcos Queniano, em início de temporada, participa da prova. Segundo o atleta de Poços, por estar começando o trabalho na temporada vai brigar por uma boa colocação, no entanto, vê poucas chances de vitória na prova que, segundo ele, foge ao seu estilo.
A prova terá Stanley Kipleting Biwott, do Quênia, Marco Joseph, da Tanzânia, Tekalegn Tebelu Abebe e Zeineba Hasso Hayato, da Etiópia, que chegam com status de campeões a Poços de Caldas. “A gente trabalhou duas semanas especificamente para esta prova. É uma corrida muito importante, uma referência nacional e marca um início de temporada. Será a primeira vez que acompanho a prova diretamente em Poços de Caldas, sempre mandei atletas, já fui campeão duas vezes em Poços de Caldas mas nunca vim acompanhar de perto. Este ano estou prestigiando e pelos atletas de elite que estão participando vamos ter uma prova fantástica”, disse Moacir Marconi, técnico dos atletas africanos que estarão na Volta ao Cristo. Segundo Moacir, os atletas não estão acostumados a participar de uma competição com as características da Volta ao Cristo e isto pode ser uma dificuldade a mais para eles. “Sabemos que as consequências pós-prova são muito grandes, como dores musculares causadas pela descida que é muito longa. Atleta é atleta e tem que estar preparado para todo o tipo de percurso e meus competidores trabalham na estrada e é assim que eles têm que correr”, finalizou Moacir, que atua com cerca de 40 atletas internacionais. A cada três meses ele renova o grupo num trabalho que é feito em Nova Santa Barbara, no Paraná.
A equipe do Cruzeiro vem forte e João da Bota, tricampeão, vai tentar o tetra. “Gosto de competir em provas variadas e correr em Poços de Caldas é especial por se tratar de uma prova diferente das demais do calendário, com planos e subidas e o rendimento do atleta varia muito. Quem consegue manter uma regularidade se sai melhor e assim tem mais chances de vencer a prova”, disse João da Bota. Segundo ele, é preciso treinar em lugares com percurso parecido com a Volta ao Cristo para ficar mais preparado para a competição. “Precisa de muita forma para subir e descer e se não tiver um preparo especial o atleta não consegue terminar a prova. Descer chega a ser mais perigoso do que subir, pois na descida os riscos de uma contusão são bem maiores”, disse João da Bota. Com relação aos adversários africanos, ele conta que apesar do respeito vai correr para vencer.
Entre as mulheres a grande favorita é Maria Zeferina Baldaia. Vencedora de São Silvestre e dona de um grande currículo ela é favorita absoluta para a prova de hoje, quando busca sua primeira vitória em Poços de Caldas, mas mantém um discurso mais modesto. “Gosto de correr em Poços de Caldas, um percurso totalmente variado com subidas, descidas e planos, muito parecido com o percurso que treino em Sertãozinho. Ter a chance de estar participando desta corrida é maravilhoso, a população incentiva, aplaude nossa passagem e além de tudo é um percurso que gosto muito de fazer. Por ainda estar num trabalho de base meu objetivo hoje é ficar entre as cinco primeiras que para mim já será uma grande vitória”, disse Baldaia.
O percurso da Volta ao Cristo é de 16 km com largada e chegada no estádio Ronaldo Junqueira. A largada será às 9h do dia 31 de janeiro e o público poderá acompanhar nas arquibancadas do local.
A trajetória abrange ruas do centro da cidade, estrada para a serra São Domingos e as avenidas João Pinheiro e Mansur Frayha. Haverá premiação em dinheiro e troféus. Os vencedores das categorias geral masculino e geral feminino receberão R$ 3 mil. Todos os participantes receberão camisetas e medalhas. Cada corredor usará um chip de cronometragem.
Correndo pela saúde - A grande maioria dos atletas que participa de grandes provas não briga por posições entre os melhores e sim por uma vida mais saudável. A Volta ao Cristo em Poços de Caldas não foge à regra. André Oliveira, dono da Academia Performance e um dos participantes da competição, é um dos adeptos da difícil luta de se manter com saúde e em forma, longe de males que uma vida sedentária pode causar. “Nós que não corremos por resultados e sim por hobby também precisamos estar bem treinados. Pessoas que correm duas, três vezes por semana conseguem realizar esta prova. A Volta ao Cristo é atípica, com 4 km de subida muito forte e a cada quilômetro que você vai subindo, ela fica mais íngreme. Mesmo para a gente que não é profissional, que se espelha mais numa qualidade de vida, a saúde, o bem-estar, o desgaste de uma prova como esta é muito grande. Quando você está no alto do Cristo já se sente muito cansado, as pernas sem resistência. Mesmo para quem busca apenas se manter com saúde a prova tem que ser levada a sério, não se pode passar dos limites do corpo. A maioria dos participantes corre por prazer e pela saúde e a corrida de rua se encaixa bem neste perfil”, conta André.
Para o dentista Otenil Pereira de Ávila, o atletismo é muito mais que um esporte, é uma paixão. Ele é veterano da Volta ao Cristo e também corre descompromissado de resultados. “Devo fazer o percurso por volta de uma hora e meia, tudo na maior calma, dentro do meu limite. É importante ressaltar que nós amadores precisamos ter cuidado, o atletismo pode ser perigoso se não for praticado de forma correta, podemos sofrer uma séria contusão e este não é o objetivo”, alerta. Ele brinca dizendo que se os africanos pararem no meio do caminho ele chega primeiro.
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