domingo, 12 de fevereiro de 2017

Analista de desempenho fala do amor por Poços de Caldas e pela Caldense

Poços de Caldas, MG - Claudio Grillo é daqueles profissionais que dispensa comentários. Com grande prestígio no mundo da bola e tendo trabalhado com treinadores de renome, como Muricy Ramalho, Paulo Autuori, Parreira, entre outros, o analista de desempenho desembarcou em Poços de Caldas, onde atualmente auxiliar Thiago Oliveira, a desvendar os segredos dos adversários. Nesta entrevista ao Mantiqueira, Grillo conta como é seu trabalho, como chegou à Caldense e o amor que nutre por Poços de Caldas, cidade pela qual tem uma forte ligação desde sua infância.

Mantiqueira - Como é seu trabalho de ficar sabendo informações importantes de adversários antes das partidas?
Cláudio Grillo - Procuro ter uma visão dos adversários um pouco diferente do que as outras pessoas têm. Tento encaixar tudo que eu sei em relação ao que o nosso time treina para poder usar algum atalho para consertar algo ou tentar evitar alguma coisa individual durante o jogo para o nosso próprio time. Tentamos potencializar uma jogada ofensiva ou aumentar a eficiência de um setor defensivo. Aí o trabalho é todo no computador. Gravo os jogos e faço as análises através de um softer que eu mesmo desenvolvi. Através de gráficos que são mostrados aos atletas na preleção numa linguagem que fica mais fácil para eles entenderem. O mais importante de tudo isto é ver jogos e mais jogos. Doutrinei minha visão para entender o jogo sempre coletivamente. Olho tudo, principalmente setores de campo, analisando quem está com a bola, quem neutraliza uma jogada, quem joga sem a bola, coisa fundamental no futebol de hoje e por isto utilizo muito vídeo porque ajuda bastante.

Mantiqueira - Em Minas, onde as distâncias são grandes e os times do interior não são tão badalados é mais difícil para você fazer as análises?
Grillo - A televisão claro que prioriza os times que estão mais na mídia, mas sempre temos bons contatos e conseguimos informações. São grupos de hackers, digamos assim, do futebol e sempre estamos mandando informações de jogo e sempre tem um que grava um jogo aqui, outro ali, e assim conseguimos o acesso. Um jeito temos que dar. Vamos nas partidas, nós mesmos fazemos o vídeo, mas o treinador não fica sem a informação. No meu trabalho a imagem é fundamental, mas tenho ainda outros recursos que tentamos transformar em produtividade. Costumo dizer que a informação que não é transformada em conhecimento não serve para quase nada. Se você pega os últimos jogos de determinado time, analisa esquema tático, forma de jogar, que jogador faz parte da criação, quem é o armador, quem são os volantes que marcam individual ou coletivamente é muito importante. Estas coisas mesmo sem imagens são informações bem conclusivas que ajudam muito na hora do jogo.

Mantiqueira - Como foi sua vinda para a Caldense e qual ligação com Poços de Caldas?
Grillo - Em Poços de Caldas estou em casa. Minha mãe é daqui, passei muito tempo de minha infância aqui, joguei futsal na Caldense com o sr. Mané da Pinta e isto me abriu portas. Depois saí da cidade, fui para São Paulo, virei profissional do futebol. Gostar de Poços de Caldas é muito fácil por se tratar de uma cidade maravilhosa, um lugar mágico, um clima sensacional, pessoas muito boas, enfim, é muito fácil morar em Poços de Caldas.

Mantiqueira - E esta fase na Caldense. O que significa?
Grillo - É meu time do coração. Acompanho a Caldense desde a época de Ailton Lira, Buzuca, Augusto, Cafuringa, enfim, uma grande leva de craques. Fui em muitos jogos no Cristiano Osório numa época inesquecível. A gente tinha um dinheirinho que gastava com sorvetes, íamos ao mercado, que era onde hoje fica a Casa Carneiro, ou seja, uma época inesquecível que faz trabalhar hoje na Caldense um momento muito especial. Por isto falo onde vou, mesmo tendo trabalhado em times grandes do Brasil, que a Caldense é meu time do coração.  Foram muitas vezes que me concentrei com o Flamengo, Santos, Fluminense e sempre aparecia com uma camisa da Caldense e todos brincavam com muito. Uma ligação muito legal que sempre tive com a Caldense.

Mantiqueira - A vinda do Oliveira facilitou sua vinda para a Caldense?
Grillo - Foi fundamental. Quando ele veio para a Caldense as portas se abriram. Trabalhei com ele no São Paulo, quando ele era jogador e quando ele foi contratado me chamou para conhecer o Ninho dos Periquitos. Aceitei na hora porque até então eu nunca tinha vindo no CT da Caldense. Conheço quase todos os centros de treinamentos do Brasil, mas o da Caldense não e não escondia que tinha muita vontade estar aqui. Tinha acabado de sair do Flamengo e vim conhecer. Aí foi tudo rápido, conheci o CT e o Alex Joaquim, que me convidou para fazer parte da equipe. Estou feliz em trabalhar aqui e com o Thiago e temos pela frente um Campeonato Mineiro muito difícil. O campeonato é competitivo do jeito que eu gosto e acredito que temos condições de fazer um bom campeonato. Além do mais, trabalhar com o Thiago Oliveira e a equipe que está aqui hoje é muito fácil. Vejo o Oliveira como um treinador muito promissor, de muito talento e que vai longe nesta carreira.

Mantiqueira - Como é lidar com a distância da família?
Grillo - Estou morando aqui e minha família está em São Paulo. Minha esposa vem com frequência. Não gosto de ficar longe da família e por isto levo eles para onde vou porque este contato é muito importante para mim.

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