sábado, 18 de fevereiro de 2017

Vida de capoeira

Ser um capoeira ou um capoeirista depende de fatores extremamente pessoais, talvez seja uma das principais causas do abandono desta arte cultura corporal brasileira chamada capoeira. Em nossa região, se tomarmos como exemplo, temos vários pais hoje que no auge de sua juventude nos anos de 2000, 2001, 2002 participaram dos grandes eventos que havia em Poços de Caldas. Encontro de capoeira chamado “Encol Pesti Bim” - Encontro de Mestre Pastinha e Mestre Bimba. Usavam-se vários ginásios para a realização deste evento, pois atraía os capoeiristas não só da região como de todo o país! Como era lindo ver tantas pessoas apaixonadas por esta arte e cultura brasileira. Pena não sabermos qual ou quais motivos fizeram as pessoas se afastarem desta arte corporal, já que hoje qualquer atividade física é bem-vinda ao nosso cotidiano. Mas o que podemos considerar como algo estranho é ver que hoje estes mesmo atletas capoeiristas das antigas, sendo pais, não direcionam seus filhos para a capoeira, principalmente sabendo das grandes variáveis de valores nesta arte que ao mesmo tempo é luta, dança, jogo e brincadeira, além de ter no seu cotidiano uma carreira hierárquica de graduações, saindo de um aluno iniciante, até a chegada em um mestre desta arte, que é dado como um reconhecimento pelo âmbito da melhora do conhecimento, não só na performance física como na sua história . Existe também nesta arte a música, os instrumentos, uma parte da história da humanidade e também do nosso país; além de oferecer também uma série de recursos motivadores que impede a capoeira de se tornar uma coisa repetitiva, ou seja, uma mera mesmice. No âmbito instrumental se constitui uma mini banda ou uma mini orquestra! O que atrai diferentes grupos dentro da sociedade, pois podem-se criar vários sons e ritmos despertando o desejo de ouvir. Nas músicas experimentamos os valores histórico, romântico, empolgante, sentimental, misturado nos sentimentos de paz, alegria e tristeza. Da dança, uma ginga, para lá e para cá com uma destreza corporal invejável, tornando-se um autêntico bailarino, como dizia Mestre Pastinha. Com o objetivo de ludibriar o oponente confundindo assim sua análise ótica de onde realmente poderia vir o ataque. Da brincadeira, uma confraternização entre amigos, sendo conduzida pelas cantigas expressadas, junto ao delirante ritmo da bateria constituída por berimbaus, pandeiros, agogô, atabaque, reco-reco, tornando-se dessa forma como uma brincadeira de pega-pega que em um olé consegue desviar-se da tentativa da pega do outro em uma alternância ora sendo caça ora sendo caçador. Do Jogo de saberes, como dizia mestre pastinha, se constitui a colocação de movimentos com o próprio corpo, pernas, cabeça e até mesmo as mãos em movimentos de idas e vindas, formando assim um “diálogo”, tendo como objetivo de encurralar ou anular a pergunta ou até mesmo resposta do outro, se constituindo então em um ponto ou um gol. Da luta, os movimentos velozes e fortes com os pés, cabeça, mãos, cotovelos e joelhos em busca de traumatizar e anular o oponente, safando-se então da prisão deste corpo tornando-se assim um corpo não escravizado. Da carreira de graduação, uma faculdade inacabável como dizem os que chegam a ser mestre: a partir deste ponto que irão começar aprender, pois vieram em etapas ou período de conhecimento, aceitações, domínios, inclusões para o entendimento da verdadeira capoeira, levando vários anos para isto!

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