Paulo Vitor de Campos
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Poços de Caldas, MG - Desde que anunciou, ainda que de forma extraoficial, a contratação do goleiro Bruno pelo Poços de Caldas Futebol Clube, o Vulcão, o presidente do time Paulo César da Silva teve a exata noção da repercussão negativa que vai enfrentar. Em entrevista ao jornal Mantiqueira na tarde desta quarta-feira ele se diz ciente do fato e que está preparado para o “bombardeio”. Ele falou ainda sobre a montagem do elenco, os próximos passos do time e rebateu críticas da imprensa, mais precisamente do vereador Antônio Carlos Pereira, que comanda o programa Tempo de Esporte, na TV Poços.
O novo presidente do Vulcão é nascido na cidade de Vargem Grande do Sul, tem 41 anos, é casado e tem um filho de 22 anos. “Fui catador de batatas, fui boia-fria e resolvi vir para Poços de Caldas onde comecei a vender bonés, óculos, carteiras, cintos pelas ruas da cidade. Comecei a fazer meus negócios, Deus começou a me abençoar e conheci pessoas certas na hora certa. Não sou rico, mas tenho um bom padrão de vida. Sei administrar e é assim que vou administrar o Vulcão. Será uma empresa de sucesso”.
Mantiqueira - A vinda do goleiro Bruno é uma jogada de marketing que vai colocar o Poços de Caldas FC, o Vulcão, na mídia nacional. Mas a repercussão será extremamente negativa. O senhor está preparado para isto?
Paulo César da Silva - Quero agradecer demais a oportunidade de falar com a imprensa sobre o Vulcão. Estamos preparados para tudo. Temos um projeto muito bom, um projeto social e acreditamos no Bruno, em sua total recuperação, e por isso estamos dando esta oportunidade para ele. Sobre as críticas eu penso da seguinte maneira: tem pessoas que pensam positivo e outras de forma negativa. Acredito que todo mundo merece uma oportunidade e é isto que estou dando ao Bruno. Meu relacionamento com ele será profissional, será sobre futebol e só. O restante, a vida pessoal dele, o que ele fez, ele está respondendo na justiça e recebendo as punições cabíveis. No meu entendimento ele está pagando pelo que fez e se a justiça lhe deu a liberdade em regime domiciliar é porque está apto a voltar ao futebol.
Mantiqueira - O que falta para cravar a vinda do Bruno para o Vulcão?
Paulo César da Silva - O Bruno já é jogador do Vulcão, 99% já está definido sobre isto. Precisamos apenas do ok da justiça para que ele faça parte do clube. O Bruno tem o direito de trabalhar, mas precisamos respeitar a parte jurídica, mas isto será facilmente resolvido nos próximos dias.
Mantiqueira - Como apareceu o nome do goleiro Bruno na vida do Vulcão?
Paulo César da Silva - Como diz aquela velha máxima do futebol, todo time começa com um grande goleiro. Quando assumi o Vulcão este era um dos objetivos, montar um time forte começando pelo gol e depois de conversas, negociações, a diretoria resolveu que o Bruno era o nome que a gente precisava.
Mantiqueira - Quem procurou quem?
Paulo César da Silva - Recebi um telefonema de pessoas próximas ao Bruno e foi assim que as negociações se iniciaram.
Mantiqueira - Qual a expectativa de chegada do Bruno a Poços de Caldas?
Paulo César da Silva - Provavelmente o contrato será assinado neste final de semana e na próxima semana ele estará na cidade de Poços de Caldas treinando. Ele deve ser apresentado para a imprensa e torcida num grande evento no Espaço Cultural da Urca.
Mantiqueira - O Vulcão não tem jogos oficiais por um ano. O Bruno está disposto a ficar em Poços de Caldas tanto tempo sem jogar?
Paulo César da Silva - Mas ele não vai ficar em jogar. Ele vai se preparar para estar em campo num prazo de 20 dias, quando já teremos amistosos com o Vulcão. Vamos participar de alguns torneios também, que darão ao goleiro e ao restante do time ritmo de jogo.
Mantiqueira - Que torneios seriam estes?
Paulo César da Silva - São competições que fomos convidados a participar, mas no momento não vou divulgar quais são.
Mantiqueira - Além do Bruno, outros jogadores de renome vão chegar a Poços de Caldas?
Paulo César da Silva - Estamos com três nomes de jogadores conhecidos da grande mídia bem encaminhados. Alguns outros também estão sendo cogitados, mas não vou adiantar que nomes são estes. Estamos trabalhando e estes nomes devem ser apresentados no mesmo dia do goleiro Bruno. O restante do time será montado através de peneiras que fazem parte do trabalho social em que estamos engajados. Vamos dar chances aos meninos que sonham em jogar profissionalmente. Serão meninos nascidos entre os anos de 97 a 99 de Poços e região. É uma área que possui muitos atletas de potencial que precisam de chance.
Mantiqueira - Para isto é preciso de um treinador. Qual o seu técnico?
Paulo César da Silva - A diretoria está empenhada nisto, estamos lutando para trazer um treinador que corresponda ao potencial do elenco que estamos montando. Acredito que neste final de semana estaremos apresentando o treinador e o preparador de goleiros.
Mantiqueira - Como está a situação financeira do Poços de Caldas FC hoje?
Paulo César da Silva - Uma casa quando é construída é feita por grandes alicerces, caso contrário vai cair. Não posso julgar administrações anteriores, mas assumi o Vulcão com muitas dívidas e completamente desmoralizado na cidade e conseguimos resolver tudo isto.
Mantiqueira – Por que você não conseguiu colocar o Vulcão no Campeonato Mineiro deste ano? Foi dinheiro?
Paulo César da Silva - Isto não é a realidade. Não foi falta de dinheiro e sim falta de tempo hábil. Assumi o clube como presidente faltando 10 ou 15 dias para a regularização para a disputa do Campeonato e não deu tempo de resolver tudo. Não tinha como chegar num clube e deixar tudo pronto. Iria passar pelas mesmas dificuldades que passaram outros administradores. Preferi arrumar a casa.
Mantiqueira - A imagem do Vulcão é bastante prejudicada por administrações passadas. Ficou o rótulo de time caloteiro. O que você responde para quem ainda acredita que esta é a realidade?
Paulo César da Silva - As pessoas que insistem em falar sobre isto estão olhando o passado. Tá na hora destes críticos acordarem e entenderem que o Vulcão é o time do povo, um Corinthians de Poços de Caldas, digamos assim, um time que tem torcida e que eu, especificamente, sou apaixonado por ele. Estou sendo criticado por ser de Vargem Grande e por isto não tenho ligações com a cidade nem com o time. Mas como disse sou um apaixonado pelo Vulcão, por Poços de Caldas, e vou dar a minha vida pelo clube. Financeiramente temos os parceiros certos, amigos, pessoas que estão ajudando e vai dar certo todo o projeto.
Mantiqueira – Como o projeto tem chance de dar certo?
Paulo César da Silva - Corremos atrás de toda a parte jurídica, corremos atrás das pendências e hoje posso falar que a situação é outra. 60% das dívidas estão pagas, o CNPJ do clube está totalmente zerado de dívidas. As pessoas que falam que o Vulcão está devendo não sabem o que estão falando. Qual time do Brasil que não deve hoje? Aqui no Vulcão corremos atrás e estamos resolvendo tudo. Temos parceiros fortes que ajudaram muito e por isto o time está em condições de boa saúde financeira agora.
Mantiqueira - E a diretoria? Seu vice ainda é o Alessandro Gaiga?
Paulo César da Silva - Não mais. Ele começou conosco, mas pediu afastamento e resolvi acatar sua decisão. O Alessandro começou o projeto conosco, mas agora ele tem novos projetos profissionais e não faz mais parte. Na coletiva de apresentação do Bruno vou apresentar o novo vice-presidente do clube.
Mantiqueira - Onde o Vulcão treinará? Na questão de patrocínios, não existe um temor de que o Bruno irá afastar possíveis parceiros?
Paulo César da Silva - O Bruno não é um jogador barato e por isto precisamos de parceiros. Não temo afastamento, já que o projeto foi bem elaborado e temos um patrocinador que também será apresentado logo.
Mantiqueira - O secretário de Esportes Wellington Guimarães, o Paulista, divulgou uma nota esclarecendo que não participa do projeto. O que aconteceu para ele divulgar esta nota?
Paulo César da Silva - Deixo claro que nem o Wellington Paulista, nem o Fábio Paulista fazem parte da diretoria. Conheço o Fábio, mas não conheço o Wellington. Foi algum mal entendido.
Mantiqueira - Mas o Fábio Paulista não seria o seu gerente de futebol?
Paulo César da Silva - O nome dele acabou sendo ventilado, mas não chegamos a fazer a negociação. Não deu certo.
Mantiqueira - Você está num novo desafio. Nunca foi dirigente. O que você quer para o futuro do Vulcão?
Paulo César da Silva - Estamos começando a construção do alicerce do clube, em breve a casa estará construída e depois que ela estiver em pé, meu amigo, ninguém mais derruba ela. Agradeço a cidade pelo apoio. Algumas pessoas a favor, outras contra, mas o que vai mostrar uma boa administração minha será o trabalho. Nunca fui presidente de clube, mas já fui jogador, tenho noção de como as coisas funcionam e o tempo vai dizer se meu planejamento foi certo ou errado.
Mantiqueira - Você ficou magoado com a imprensa?
Paulo César da Silva - Fiquei chateado especificamente com um apresentador de um programa esportivo num canal da cidade. Trata-se de uma pessoa que se diz vereador, que não me conhece, não conhece o projeto do clube. Ele citou que eu era um comerciante que não entendia de futebol, chegou a pedir a intervenção do prefeito para barrar a vinda do Bruno. Para ele falar algo, primeiro tem que me conhecer, conhecer o projeto do clube. Ele disse que o Vulcão não tem uma camisa e quero deixar aqui registrado que o Vulcão terá três camisas oficiais e quando elas estiverem prontas estarei mandando uma para ele.
Críticas
O presidente do Vulcão citou o vereador e apresentador de TV Antônio Carlos Pereira, que durante o programa Tempo de Esporte de ontem teceu críticas à contratação do goleiro Bruno. O Mantiqueira procurou Pereira e ele se posicionou sobre o assunto. “Quero deixar claro que na TV eu sou apresentador, a questão de ser vereador é outro trabalho. Eu falei e continuo afirmando, é um clube que está inativo há muito tempo. Ninguém sabe quem é o senhor Paulo César da Silva na cidade, a maioria das pessoas não o conhece. Não tem diretoria, que eu saiba, só apareceu ele dando entrevista. Eu acredito que não tem nenhuma competição, a não ser o campeonato da segunda divisão de 2020, e a repercussão na cidade e em outros municípios foi totalmente negativa. Então, não tenho dificuldade nenhuma em dizer que minha posição é contrária, e continuo criticando sim a ideia totalmente equivocada de trazer este ex-goleiro. Para mim é um ex-jogador que está cumprindo prisão domiciliar. Se ele quer tocar o Vulcão, boa sorte. Mas, com mais critério nas contratações. Essa nós temos todo o direito de ser contra. Eu acredito que a cidade foi colocada de uma forma até pejorativa no nosso próprio município e também no restante do Brasil, pois a maioria das pessoas não aprova a vinda do Bruno para Poços de Caldas”.
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