Paulo Vitor de Campos
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Poços de Caldas, MG - O Poços de Caldas Futebol Clube, através de seu presidente Paulo César da Silva, anunciou esta semana a contratação do goleiro Bruno, condenado pelo assassinato e sumiço do corpo de Eliza Samudio, em 2010. A confirmação oficial da contratação do goleiro pelo time do Vulcão, como é conhecido na cidade, depende ainda de liberação da justiça, já que ele cumpre prisão domiciliar em Varginha. Para jogar e treinar em Poços de Caldas ele teria que seguir vários procedimentos legais e alguns juristas acham difícil a liberação. Independente disso, o presidente do Vulcão está confiante no desfecho do caso e disse que prepara uma grande festa de apresentação do goleiro. Ele vem divulgando que esta apresentação será realizada no Espaço Cultural da Urca. Desde o anúncio da contratação do goleiro o vereador Antônio Carlos Pereira tem se manifestado, tanto em seu programa de televisão, quanto na sua função de vereador, totalmente contra a vinda do jogador. Ele disse que vai enviar ao prefeito Sérgio Azevedo o ofício pedindo que nem a Urca, nem qualquer espaço público sejam liberados para a apresentação de Bruno. O Mantiqueira conversou com Pereira.
Mantiqueira - O senhor tem se manifestado contra a vinda do goleiro Bruno para Poços de Caldas e também uma possível apresentação na Urca. O senhor tomará alguma medida para tentar impedir que isto aconteça?
Antônio Carlos Pereira - Sou totalmente contrário à vinda deste polêmico jogador, condenado, cumprindo pena em prisão domiciliar em Varginha. O anúncio da sua vinda causou uma repercussão totalmente negativa em Poços de Caldas e em todo o Brasil. Com a vinda dele ficará uma imagem ruim para Poços de Caldas e eu, como um representante da população da cidade, sou contra. O que Poços de Caldas precisa é de fatos positivos, divulgação de nossas belezas naturais, nossas águas termais, dos eventos que aqui são realizados e não ser exposta por um fato deste que coloca a imagem de uma cidade tão importante como a nossa no cenário nacional de uma forma tão pejorativa, tão negativa. A medida que vou tomar será na próxima semana, quando estarei enviando um ofício ao senhor prefeito Sérgio Azevedo pedindo que de forma alguma ceda qualquer espaço público para uma possível apresentação do Bruno em Poços de Caldas. Acho que seria outro absurdo. Se o senhor Paulo César da Silva quer fazer uma festa, que faça ela com seus amigos, mas em um local particular, porém, de forma alguma use um espaço público com esta finalidade. Tenho certeza de que o prefeito irá acatar a sugestão e não cederá em hipótese alguma espaço público para esta finalidade.
Mantiqueira - Como vereador o senhor tem recebido manifestações sobre o assunto?
Antônio Carlos Pereira - Recebi várias mensagens e telefonemas de pessoas contra. Na verdade, se as pessoas quiserem me comprometo a liderar um abaixo-assinado para que esta pessoa que se coloca como presidente do Vulcão mude de ideia. Seria um abaixo-assinado que certamente teria grande adesão, principalmente das mulheres da cidade, além da população em geral que se manifesta totalmente contrária à vinda deste que para mim é um ex-jogador. Além do mais, o que o Vulcão vai disputar? Não existem competições em vista para esta equipe que está tentando surgir no cenário mineiro. Vai treinar onde? Até entendo que se confirmar a vinda deste absurdo Bruno, que a cidade não faça nenhum tipo de parceria porque este cidadão Paulo César da Silva colocou a cidade de forma negativa e pejorativa no Brasil todo. Este é meu posicionamento e quero que a cidade venha a se posicionar de forma contundente contra esta aberração que é esta possível vinda do Bruno. Mas a gente estava conversando sobre as legalidades e é muito difícil que a justiça libere o jogador para vir “trabalhar” em Poços de Caldas. Na verdade o que o senhor Paulo César da Silva quis é aparecer, infelizmente de uma forma usada por ele muito negativa e prejudicial para nossa cidade nesta tentativa de mídia.
Mantiqueira - O senhor acredita em pretensões políticas da parte dele?
Antônio Carlos Pereira - Não conheço pessoalmente o senhor Paulo César da Silva, para falar a verdade não tenho vontade nenhuma de conhecê-lo. Acompanhei, assim como você acompanhou, os primeiro passos do Vulcão, que era um clube simpático comandado por pessoas da cidade que a gente conhecia, como o Giovane Gaspar, Marcus Vinícius, Fernando Galan, enfim, gente que tinha boas intenções. Quando chegou em Poços de Caldas aquele senhor chamado Celestino o Vulcão começou a entrar em crise e infelizmente se afundar. Era um aventureiro que veio e plantou uma série de possibilidades inimagináveis na cidade e depois deixou um passivo de dívidas que colocaram em sérias dificuldades os dirigentes do Vulcão na oportunidade. Tomara que neste momento este senhor Paulo César da Silva assuma sozinho os riscos que uma montagem de um time de futebol profissional oferece e todos sabem muito bem disso. Temos o exemplo da Caldense, que com toda a estrutura que possui, disputou o Campeonato Mineiro e depois para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série D buscou parcerias, terminou o campeonato e ainda está sem definição sobre o que fará no próximo ano.
Mantiqueira - Mudando o assunto, como anda seu acompanhamento do esporte local?
Antônio Carlos Pereira - Procuro manter meu vínculo com o esporte de Poços de Caldas. Esta pergunta veio a calhar, já que esta semana fui procurado por pessoas que dirigem equipes amadoras e que estão insatisfeitas com a forma com que o futebol amador de Poços de Caldas vem sendo conduzido. Conversei com o Silvio, popularmente conhecido como “Véio”, do bairro São José, e ele me disse decepcionado com o que acontece atualmente com o futebol amador e pensando seriamente em parar. Outros dirigentes também, com equipes na zona rural, estão insatisfeitos. Vou entrar em contato com o secretário de Esportes, o Wellington Guimarães, o Paulista, e solicitar uma reunião com ele e sua equipe, o presidente da Liga Poços-caldense Ceará e dirigentes dos clubes para que o futebol amador da cidade não acabe. Sempre vi o futebol amador de Poços de Caldas, mesmo antes de entrar na imprensa e depois me tornar um homem público, como algo muito importante para a cidade. São campeonatos que tiram os meninos das ruas, já que quando estão jogando se motivam para outra vida e precisamos ver o que está acontecendo. No meu entendimento, dinheiro utilizado no futebol ou em qualquer outra modalidade não é despesa, mas sim investimento.
Mantiqueira - Politicamente, qual o futuro de Antônio Carlos Pereira?
Antônio Carlos Pereira - Estava vindo para esta entrevista e enquanto dirigia pensava nas perguntas que seriam feitas. Tenho uma maneira transparente de tratar as coisas e não fujo de responder aos mais diversos assuntos. Não tenho pretensões de ser candidato a prefeito, não pretendo ser candidato a vice-prefeito, também não quero Secretaria. Sinceramente, estou pensando em deixar a vida pública. Estou conversando com familiares, amigos e o pensamento de continuar é cada vez menor. É muito desgastante nossa atividade, por mais que estejamos diariamente na Câmara cobrando providências, visitando os bairros, atendendo pedidos em várias áreas, principalmente na saúde e estrutura. São mensagens infinitas em meu celular de pessoas que pedem nossa intervenção e fazemos o possível para buscar soluções para todas. Mesmo assim são críticas pesadas, ofensivas, agressivas e num caso recente, que foi o parque infantil em frente ao Palace Casino, até com ameaças. Fiquei realmente impressionado e estou tomando as providências cabíveis para acionar estas pessoas na justiça.
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