sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Capoeira e educação ambiental

OPINIÃO DE LUIZ KONG

Muitas alegrias chegam a nós da Associação de Capoeira Angola Navio Negreiro, de Poços de Caldas (Acanne), através da proposta apresentada por uma aluna do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas. O estudo, realizado pela nossa aluna Laura, consiste na aplicação da capoeira como uma ferramenta para a Educação Ambiental. Tal empenho deixa-nos muito felizes. Porque é, para nós, motivo de orgulho vermos nossa capoeira, Patrimônio da Humanidade, sendo, mais uma vez, valorizada e homenageada em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, campus Poços de Caldas, por meio de uma nova vertente.

Laura, em seu início no curso de capoeira, há dois anos, mostrava-se tímida ao receber os primeiros fundamentos dessa arte ancestral e, confesso, não esperávamos que dentro daquela alma, aparentemente introvertida, habitasse tanto brilhantismo e originalidade. Em sua proposta, ela soube, com profundidade, extrair uma das essências dessa rica cultura, que transcende os limites corporais e espirituais. Em suma, ela soube, como ninguém até então, extrair a Alma da Capoeira Angola.

É, de fato, gratificante sabermos que alguém de nossa cidade tenha estabelecido um paralelo entre a Capoeira e o Meio Ambiente. Tal proposta eleva essa nossa herança afro a uma plenitude  que a coloca, com lauréis, entre as grandes contribuições de nossos ancestrais, visando à evolução e esclarecimento da Humanidade. E fazê-la chegar às cátedras universitárias é uma emoção inestimável.

Como professor, jamais imaginei que chegaríamos a esse desfecho, uma vez que a capoeira ainda luta para vencer o preconceito e a rejeição proveniente de uma pequena fatia da sociedade.

Dediquei a essa arte-cultura a minha vida. Vejo-a como um fio-condutor de minha história, com a qual se confunde. E tal atitude, provinda de uma de minhas alunas, além de deixar-me orgulhoso, faz-me visualizar os frutos que serão colhidos, através de tal iniciativa, uma vez que a real intenção de um mestre dessa Arte não é formar um exímio capoeirista, mas sim conduzir esse adepto à verdadeira essência dessa expressão cultural brasileira, que mistura arte marcial e popular, prática esportiva, dança e música.

O empenho de Laura faz jus às palavras de mestre Moa, assassinado durante a última campanha de eleição presidencial: “é a capoeira angola revolucionando”. Ou, em outras palavras, é a Capoeira Arte em sua busca pela liberdade de expressão e na incansável luta para contribuir na formação, não somente do indivíduo, como também de uma sociedade mais justa e conscientizada.

Mais uma vez, expresso minha gratidão a Laura, utilizando-me de uma gíria popular: “Vamos que vamos, capoeira na veia”.

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