quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Psicologia do Esporte e a saúde mental dos atletas

Adriana Pereira Barcelos

O mês de setembro foi escolhido para a realização de uma campanha nacional de conscientização e prevenção do suicídio, ressaltando a importância dos cuidados com a saúde mental. Conhecida como Setembro Amarelo, a campanha foi criada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e que vem sendo desenvolvida desde 2015. Ela conta a cada ano com a adesão de mais instituições e profissionais, que se mobilizam em torno da necessidade de fomentar diálogos sobre a temática.

Uma das áreas responsáveis pela promoção da discussão acerca da saúde mental dos atletas no ambiente esportivo foi a Psicologia do Esporte. Ao longo de toda a sua carreira, o atleta de alto rendimento é exposto e vivencia de forma intensa inúmeras situações de estresse, rotinas de treinamentos desgastantes, cobranças internas e externas (família, treinador, equipe, torcida, etc.), pressão por resultados, frustrações, dores, lesões e sacrifícios como a ausência em comemorações familiares e convívio com os amigos fora do meio esportivo. Lidar com todas essas questões que são apenas a pontinha do iceberg, e ainda, se superar para melhorar seus resultados pode se tornar algo pesado demais para o atleta conseguir resolver sozinho, além de, por em risco sua saúde mental e consequentemente sua carreira.

Não são raros os casos de atletas que adoecem e são diagnosticados com depressão, transtorno de pânico, transtorno de imagem, transtornos alimentares e outras questões de ordem biopsicossocial. Após anos de casos abafados, invisibilidade e negligencia nos cuidados com a saúde mental, vários atletas quebraram o silêncio e falaram publicamente sobre seu adoecimento, como é o caso do jogador de futebol Nilmar (ex-Santos), da ex-nadadora Joana Maranhão, da judoca Rafaela Silva, do ginasta Diego Hypólito e muitos outros. Contudo, ainda é notável a vergonha e o desconforto ao se expor e falar sobre este assunto, mediante o medo de ser julgado e estigmatizado devido a concepção errônea de que “só quem é louco ou fraco” vai ao psicólogo.

A Psicologia do Esporte é uma subárea da Psicologia e vem desenvolvendo ao longo dos anos conhecimentos específicos para a atuação no cenário esportivo, seja na iniciação esportiva, no alto rendimento, na reabilitação e nas práticas esportivas de lazer.

Neste sentido, a Psicologia do Esporte possui técnicas que podem auxiliar o atleta a lidar com as fases e adversidades da carreira esportiva, a gerir suas emoções e desenvolver habilidades que potencializem seu desempenho tendo como premissa uma mente saudável.

Se você se identificou com algumas das situações descritas ou viveu algo semelhante, converse com pessoas próximas e de sua confiança sobre seus sentimentos e procure ajuda profissional. Lembre-se que antes de ser um atleta, você é uma pessoa e todas as pessoas vivem situações semelhantes no que diz respeito à condição humana: sentimos medo, alegria, raiva, nos frustramos e sentir isso faz parte de nossa natureza.

Não se esqueça, cuidar da sua saúde mental não é frescura, nem sinônimo de fraqueza e muito menos “coisa de doido”, pelo contrário, é uma necessidade básica para seu bem-estar, seu desenvolvimento pessoal, para uma boa performance e a conquista dos resultados desejados.


Adriana Pereira Barcelos é psicóloga graduada pela PUC Minas campus Poços de Caldas, pós-graduada em Especialização em Psicologia do Esporte e da Atividade Física e pós-graduanda do curso de Especialização em Esportes e Atividades Físicas Inclusivas para Pessoas com Deficiência pela UFJF


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