terça-feira, 13 de setembro de 2016

Ex-artilheiro da Caldense fala de sua trajetória no futebol

Poços de Caldas, MG - “Eu tinha a testa calejada, de tanto treinar cabeceio”. Isso resume a dedicação de um dos maiores artilheiros da história da Caldense. Centroavante completo, o poços-caldense Gláucio Rodrigues fazia a alegria da torcida da Veterana. Cabeceava como ninguém, possuía uma arrancada fortíssima, um preparo físico invejável e ainda batia bem com as duas pernas. Foi apelidado deMirandinha pela semelhança com o antigo jogador do São Paulo e daí pra frente virou lenda.

Como foi sua trajetória no futebol?
Comecei no Santa Rosália, onde fui artilheiro do campeonato regional.  Me destaquei e o Mané da Pinta me trouxe pra jogar na base da Caldense em 77. Fiquei cerca de três meses treinando e já estreei no profissional em um amistoso contra a Portuguesa, na época tinha 16 pra 17 anos. O Carlos Alberto Silva me deu uma oportunidade e aproveitei bem, ganhamos de 1x0 e fiz o gol da vitória. Na semana seguinte, começou o mineiro de 78, jogamos contra o América e ganhamos de 2x0, eu marquei os dois. Na época tinha o Cafuringa, que era titular absoluto na posição, mas quando comecei a jogar o treinador teve que mudar ele para a ponta, para a meia, pois de centroavante eu não o deixava jogar (risos). Atuei pela Veterana até 80 e depois retornei nos anos 90. Mas antes disso fui para o Panathinaikos da Grécia, junto com outros dois da Caldense, mas eles ficaram por pouco tempo lá e voltaram pro Brasil. Na época eram poucos jogadores que iam pra fora do país. Não me adaptei com a alimentação e comunicação e fiquei somente um ano em Atenas. Fui vendido para o Cosmos dos Estados Unidos, na época em que Pelé jogava lá,mas eu era muito novo e não tinha muita instrução e decidi voltar pro Brasil. Em seguida fui para o Bangu e tive duas propostas do Flamengo, mas como o Bangu pagava melhor, acabei não indo para o rubro-negro. Se eu tivesse ido, poderia ter tido mais sucesso no futebol, quem sabe até uma seleção brasileira. Mas minha carreira foi muito boa, joguei por cerca de 17 equipes.

Qual foi sua partida inesquecível pela Caldense?
Em 1979 jogamos contra o Internacional, que foi campeão brasileiro invicto, eles tinham um dos melhores times do planeta e saímos na frente com um gol meu. Foi um contra-ataque onde o Paulo Roberto foi ao fundo e cruzou, e eu cabeceei para o fundo da rede, por cima do Benítez. Depois eles empataram e, aos 44 do segundo tempo chutei uma bola no travessão. Ela quicou em cima da linha e voltou para o Márcio, mas ele não conseguiu marcar. O jogo terminou em 1x1. Foi uma partida memorável.

Você tem alguma história engraçada na Veterana?
Certa vez nos reunimos para almoçar e tinha um cara “meio gay” que servia almoço pra gente. Naquela época nosso grupo era cheio de conversa fiada, muitas brincadeiras. E, durante a refeição, esse rapaz parou na mesa e perguntou: “gente, quem é o Gilberto Voador?”, aí o pessoal ficou tudo espantado olhando pra cara do Gilberto e o rapaz disse: “ahh, então você que é o Gilberto Voador? Eu quero ver você voar em mim Voador!”. O pessoal nem almoçou mais, de tanta risada, a gente pega no pé do Gilberto até hoje por causa dessa história (risos).

Como foi sua vida depois que parou de jogar?
Mexi com escolinha de futebol em Poços por um tempo, mas acabei indo para o Rio trabalhar no Bangu, fiquei lá por alguns anos.Mas agora que voltei a morar aqui, gostaria de dar oportunidade aos atletas da região que têm potencial, por isso pretendo iniciar um trabalho com categoria de base na cidade, com jovens de 17 a 20 anos, pois tenho contato com grandes treinadores do futebol brasileiro. 

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