quarta-feira, 21 de abril de 2010

Sherman Trezza

Poços de Caldas, MG - Aos 20 anos, Sherman Trezza de Paiva é um colecionador de títulos, sendo que o último foi conquistado na Guatemala, quando ele se tornou campeão pan-americano. O jovem agora traça planos e sonha com os próximos jogos olímpicos em Londres em 2012 e no Brasil em 2016.
O início - Me lembro exatamente do dia em que iniciei os treinamentos. Foi 24 de maio de 2001, quando me apaixonei pelo mountain bike. O começo foi na cidade de Lambari, onde tinha uma equipe chamada Lambari Iron Team. Logo no início participei de uma prova sul-mineira na categoria infantil. Acabei ganhando a corrida e fui tomando gosto pela modalidade. Depois disso, fiquei uns dois anos correndo em bike emprestada, pois com a minha não tinha condições de competir, mas com o apoio de meu treinador e de outras pessoas não desisti. Depois de dois anos ganhei uma bike de meu pai e comecei a frequentar cada vez mais campeonatos importantes e estou aí ate hoje. São nove anos de intenso relacionamento com esse esporte, que vem me trazendo muitas alegrias e títulos. Na minha cidade natal, Lambari, dei minhas primeiras pedaladas sob orientação de Wilson Leão, que era o comandante da equipe de lá. Ele sempre me incentivou e foi um dos responsáveis por eu não desistir do esporte. Hoje sou atleta de Poços de Caldas.
Conquistas - Fui bicampeão da Copa Internacional, uma competição que sempre procuro destacar devido a sua importância, vice-campeão brasileiro em 2009, vice-campeão brasileiro em maratonas na categoria elite e tricampeão sul-mineiro. Estes são alguns bons resultados de destaque em minha trajetória dentro do ciclismo.
Equipe - Atualmente sou integrante de uma grande equipe que me dá toda a sustentação para que eu consiga lutar pelas vitórias nas competições. Estou correndo pela Jamis Crank Brothers. Ainda tenho o apoio da Pedal Sports aqui em Poços de Caldas e assim estou com mais tranquilidade pra representar a cidade.
Treinamentos -Treino todos os dias, numa rotina bastante estudada pelo meu treinador. Vinha treinando muito forte desde novembro visando ao início da temporada mas agora estamos num trabalho pós-competição, mais curto e que visa não forçar muito para que eu tenha boas chances de entrar bem no próximo compromisso. Meus treinamentos são bastante específicos, simulamos uma competição. Temos uma pista excelente no Cristo que dá totais condições de treinamentos. Treino no local sempre e ainda faço um percurso de asfalto onde busco melhorar o desempenho de velocidade. Poços de Caldas é uma terra propícia para treinamento e isso acaba influenciando nos resultados.
Temporada - Estou bastante motivado para a temporada. No meio do ano tem o Brasileiro, competição que conta pontos para o ranking internacional e é um título que estou visando há muito tempo. Quero ver se este ano ele não me escapa. Sei que não será fácil mas é uma competição importante. Tem ainda mais duas etapas da Copa Internacional que também conta pontos importantes para o ranking. Vou ainda disputar a última etapa da Copa do Mundo em Nova Iorque, em agosto, e uma semana após estarei no Canadá para competir pelo Mundial. O Mundial na realidade é minha principal meta na temporada toda e por isso meus treinos estarão focados nesta competição.
Sonho olímpico - Este é, sim, um grande sonho e vou estar na luta por uma vaga no time brasileiro. Ano que vem será classificatório, com a disputa de pelo menos três campeonatos que darão vagas para os jogos de Londres. É difícil mas vou tentar meu lugar na equipe. Acho que ainda falta um pouco para eu estar no nível dos competidores de ponta mas não acho que é impossível conseguir meu lugarzinho. Vou trabalhar forte, lutar muito e quero muito este lugar. Se não der para Londres, em 2016 com certeza estarei lá. Vou estar com uma idade boa e no auge da carreira. Tudo depende de treinos e vontade e isso não me falta.
Família - Meus pais estão sempre me incentivando e isso é muito importante. Apoio da família é fundamental para qualquer atleta em qualquer modalidade.
Apoio - Eu estou bem neste sentido graças a Deus. Como já disse corro pela equipe Jamis Crank Brothers e ainda tenho o apoio da Pedal Sports. Sou um privilegiado pois tem muita gente que passa por dificuldades para conseguir apoio e isso é muito ruim. O meu título no Pan também pode me abrir mais portas juntamente com empresários e até mesmo com a prefeitura pois nunca esqueço de levar o nome da cidade por onde eu corro. Apoio nunca é demais. Eu mesmo estou aberto a conversar. Meu endereço é shermantrezza@hotmail.com e toda a ajuda será bem-vinda. Infelizmente apoio no Brasil é duro de conseguir. As pessoas não pensam que ajudando um atleta estão ajudando o esporte nacional. Muitos atletas que possuem condições de buscar grandes resultados param devido à falta de recursos e precisam abandonar o esporte.
Pan-americano - Não foi nada fácil, competi com grandes nomes do ciclismo de toda a América e foi com muito esforço e dificuldade que consegui trazer a medalha de ouro para Poços de Caldas. Apesar das dificuldade tive um bom controle da prova. A partir da segunda volta consegui certa vantagem mas tinha um competidor junto, brigando palmo a palmo pela vitória, mas acabei levando a melhor quase no final da disputa.
Elite - Ainda tenho mais dois anos antes de entrar para a categoria elite. Hoje sou sub-23 mas em algumas competições corremos todos juntos. Isso acontece justamente para que possamos pegar o ritmo dos atletas de elite e para quando subirmos de categoria já estejamos adaptados. Eu tenho me saído bem na elite. Em Araxá fiquei em terceiro, perdendo apenas para dois representantes olímpicos do Brasil.
Minas - Minas é um dos Estados que investem bastante do cross country, porém em questão de apoio São Paulo se sobressai bastante. Acho que a tendência é que as coisas melhorem. Vejo que Poços de Caldas hoje vem se tornando uma potência no ciclismo. É comum ver todo o tipo de gente pedalando pelas ruas da cidade e isso é muito bacana. É um esporte agradável e a cidade oferece uma grande logística para os que se interessam em entrar para a modalidade. A cada competição, a cada ano, aumenta o número de participantes.
Espelho - Todo atleta tem um espelho. Não tem como fugir desta regra. Eu me espelhei em bastante gente, competidores olímpicos, alguns atletas locais, mas é assim mesmo. É bom ter alguém para seguir e tentar ser igual ou melhor para ter sucesso dentro do que faz.

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