domingo, 4 de junho de 2017

Novos dirigentes do Vulcão falam dos planos para o recomeço do time

Poços de Caldas, MG - Esta semana foram apresentados para a imprensa a nova diretoria, a comissão técnica e os jogadores do Poços de Caldas Futebol Clube, o Vulcão. O time vai disputar a segunda divisão do Campeonato Mineiro e logo na estreia pega o Atlético Mineiro (B). O time vem sendo comandado pelos jovens Thales Assis, que aos 29 anos é o presidente do clube, e Diego Nogueira, de 33 anos. Ambos são paulistas, adotaram Poços de Caldas e traçam planos ambiciosos para o time. Nesta entrevista eles falam sobre os treinos em Caldas, a burocracia que deve atrasar as atividades em Poços, rivalidade com a Caldense e o plano sócio-torcedor.

Mantiqueira - Com viagens longas e possível prejuízo financeiro à vista, como a diretoria se preparou para a maratona que é a disputa do Campeonato Mineiro da segunda divisão?
Diego Nogueira - Estamos buscando vários tipos de parcerias. Desde transporte, hospedagens, alimentação, enfim, tudo que venha a facilitar a disputa do Poços de Caldas FC na competição. Estamos ainda mapeando todos os locais onde vão acontecer os jogos para fazer parcerias nos hotéis da região. Estamos fazendo planejamentos logísticos para que os jogadores não se cansem. Conhecemos casos de clubes que não se programam, chegam em cima da hora do jogo e este não será nosso caso. O Vulcão é o único clube do sul de Minas na disputa e teremos viagens longas, a menor distância será em torno de 500 quilômetros e por isto este planejamento tem que ser muito bem feito. Queremos chegar no local do jogo com pelo menos um dia de antecedência para que todos descansem, se alimentem bem e tenham condições de fazer uma boa partida.

Mantiqueira - Como está esta busca por parcerias? Existe uma equipe por trás ou o trabalho está somente entre os diretores Diego e Thales?
Thales Assis - Temos outros sócios em São Paulo que estão ajudando neste trabalho de buscar empresas parceiras. Em Poços o trabalho vem sendo feito por mim e o Diego, além do nosso coordenador Moisés, que está ficando mais em Caldas, indo nas lojas, enfim, no comércio da cidade para tentar qualquer tipo de apoio.

Mantiqueira - E como está a aceitação do nome do Poços de Caldas FC, o Vulcão?
Thales Assis - O momento no Brasil é de crise total e com isto muitas empresas cortaram investimentos e isto logicamente atrapalha. Tem ainda a desconfiança que se criou em torno do nome do Vulcão no mercado interno e também estamos tentando mudar este panorama.

Mantiqueira - E como mudar isto?
Thales Assis - O problema é que vieram pessoas com má fé que tentaram usar o nome do Vulcão e acabaram dando golpes na praça e nos antigos dirigentes. Isto abalou demais. Com a nossa chegada havia a desconfiança se o time realmente iria para frente desta vez. Acredito que agora que estão vendo que estamos falando sério, colocando a mão na massa, o time já está treinando, daqui a pouco vai disputar um campeonato, a mentalidade mude  e a confiança no nome do Vulcão volte. Só vamos mudar a mentalidade com muito trabalho e isto não estamos economizando. Já conseguimos alguns avanços e boas parcerias estão sendo conquistadas.

Mantiqueira - Mas como desvincular este novo trabalho dos problemas anteriores envolvendo o nome do Vulcão?
Diego Nogueira - Com muito trabalho de marketing, arregaçando as mangas, indo para o mercado, conversando cara a cara com os parceiros, explicando tudo o que estamos fazendo. Vamos mostrar com o trabalho que somos sérios, pensamos sério e vamos levar o Vulcão a ser um time de destaque no cenário nacional. Este é nosso planejamento e é para esta finalidade que estamos começando este projeto. O reaparecimento do Vulcão na mídia nestes últimos dias é outro trunfo. Estão vendo que é verdade a volta do time, que tem gente nova administrando o clube e isto certamente irá ajudar muito.

Mantiqueira - Qual o custo deste elenco de jovens montado para o campeonato?
Diego Nogueira - Temos uma folha bastante reduzida. Procuramos enxugar ao máximo os gastos e não existe nenhum jogador com salário astronômico. Para se ter uma ideia o maior salário nosso não chega a R$ 2 mil. Estamos trabalhando com a política de bônus por partida, ou seja, a cada jogo ele pode ganhar um extra em caso de bons resultados.

Mantiqueira - Como estão as conversas para trazer o time para treinar em Poços?
Thales Assis - Não estamos de forma alguma reclamando de nada. Recebemos apoio total da prefeitura local, do secretário Paulista, mas a coisa está ficando complicada na parte burocrática. Estamos percorrendo campos da cidade, fazendo orçamentos, escolher o melhor local e passar uma proposta concreta para a prefeitura. Sabemos que temos que dar uma contrapartida para usar os espaços da cidade e vamos buscar meios de fazer isto. Vamos atender os pedidos, fazer tudo de forma legal para trazer o time para treinar pelo menos duas vezes por semana em Poços.

Mantiqueira - E isto se resolve até quando?
Thales Assis - Dentro deste mês ainda.

Mantiqueira - E o que Caldas ofereceu?
Thales Assis - Campo de graça para treinarmos, boa estrutura e apoio da cidade. Não vamos abrir mão de treinar lá. Vamos tentar intercalar atividades nas duas cidades, sendo que as vésperas de jogos vamos fazer o treino de reconhecimento do gramado do Ronaldão. Vamos fazer treinos noturnos abertos para a torcida, tanto em Caldas, como em Poços.

Mantiqueira - O Vulcão hoje pode ser chamado de um time regional?
Thales Assis - Sim. Queremos pegar o gancho por ser o único time do sul de Minas e levar o nome de toda a região por onde estivermos.  Vamos passar de cidade em cidade, mostrar o que é o Vulcão e tentar arrecadar torcedores de todos os cantos. Se fosse possível treinaríamos um dia em cada cidade da região, mas claro que não dá, mas vamos tentar ônibus para trazer gente de cidades vizinhas para nossos jogos. Não queremos ser apenas um time do sul de Minas, mas sim o time da torcida de todo o sul de Minas. Queremos as pessoas da região visitando a cidade nos finais de semana, fazendo suas compras no nosso comércio e também indo ao estádio ver nossos jogos.

Mantiqueira - Este ano é de aprendizado ou o Vulcão entra no campeonato para buscar o acesso?
Diego Nogueira -Traçamos uma meta que é subir para a elite mineira em cinco anos. Mas esta meta é estipulada pelo tempo de trabalho ser o mais correto possível. Se este acesso vier antes, melhor, maravilhoso, é sinal de que o trabalho está acima do planejado. Seria magnífico, espetacular conseguir um acesso logo neste campeonato, o primeiro que disputamos, mas sabemos que é difícil, então vamos trabalhar de uma forma que nada seja feito de atropelos. Os jogadores chegaram esta semana animados, falando que dá para subir este ano, mas temos que ter a consciência que é difícil e temos muita estrada pela frente. A empolgação da torcida é outro fato que temos que saber lidar. Nos procuram, falam até em título da segunda divisão, mas vamos por partes e respeitando o potencial de cada um. Será um campeonato em que o Atlético Mineiro (B) vem forte e com a responsabilidade de representar um dos maiores times do Brasil. Tem ainda o Ipatinga, que tem força no Estado e quer reconquistar o espaço perdido e nós ainda somos pequenos, começando agora, engatinhando. Claro que se deixarem vamos pra cima e jogaremos nosso futebol. Se bobearem vamos tentar surpreender e buscar a nossa classificação. É difícil, mas não impossível. Vamos precisar da nossa torcida empurrar o time porque isto pode fazer a diferença.

Mantiqueira - E como será o trabalho do plano sócio-torcedor do Vulcão?
Thales Assis - Tiveram início nesta semana as vendas do nosso programa sócio-torcedor. Serão duas modalidades, sendo que na primeira o torcedor paga R$ 60,90 por mês e tem direito a ver os jogos das arquibancadas cobertas além de descontos em várias lojas da cidade. Com este plano o torcedor tem desconto de 40% em produtos oficiais do clube. A segunda opção dá direito a ver os jogos das arquibancadas descobertas e custa R$ 34,90. Com este plano o torcedor tem desconto de 20% em produtos oficiais do clube. Haverá para os dois planos sorteios de prêmios. Se até dia 25 de julho conseguirmos a marca de dois mil sócios vamos sortear uma moto 0 quilômetro. Estamos ainda buscando parceiros para criar uma rede de vantagens para os membros do programa.

Mantiqueira - Quem são os novos diretores do Vulcão?
Diego Nogueira - Chegamos no Vulcão através de um trabalho com nosso time de futebol amador em São Paulo. Foram indicações daqui e dali que nos trouxeram aqui. Quando chegamos a Poços de Caldas entendemos o que realmente era o Vulcão. Conversando com as pessoas nas ruas notamos que valia a pena investir neste time, que seria um sucesso total. Precisava apenas de um inventivo, de um apoio financeiro e saber os erros do passado para não repeti-los. Foram muitas pessoas falando do Vulcão, torcedores empolgados, redes sociais bombando. Até hoje falamos com torcedores todos os dias através de rede social e a empolgação está muito grande. Somos dois jovens com vontade de levantar este time, amor ao esporte e faremos de tudo para dar certo.

Mantiqueira - Quais os sonhos, até onde vocês esperam chegar com o Vulcão?
Thales Assis - Sonhos são muitos. Porque não um dia estar na primeira divisão do Campeonato Brasileiro? A meta é em dez anos estar na B do Brasileiro e se pudermos ir mais longe, melhor. Não queremos ficar parados no tempo. A primeira meta é sair da segunda do Mineiro em dois anos, depois buscar o módulo I e mais tarde pensar em projeção nacional. Este ano é aprendizado, ano que vem o acesso é obrigação. Acredito que depois de chegarmos ao Brasileiro não paramos mais.

Mantiqueira - Como será a relação com a Caldense?
Diego Nogueira - Da nossa parte será tranquila. Acho saudável para a cidade dois times profissionais, bom para as torcidas e todo mundo tem seu espaço. Não temos problemas nenhum com eles, não pretendemos ter e a rivalidade tem que ser apenas dentro de campo. Espaço pra todo mundo certamente tem. Nossa ideia não é brigar com a Caldense, mas sim buscar nosso espaço, crescer e, quem sabe, ser até maior. Da parte deles sei que vão buscar se manter onde estão e o futebol de Poços ganha muito com isto.

Mantiqueira - O trabalho vem sendo forte nas redes sociais. Como é este trabalho?
Diego Nogueira - Atualmente as redes sociais são o caminho mais fácil de se trabalhar. Hoje em dia existem transmissões via youtube, twitter, facebook, enfim, um grande leque de caminhos para chegar até o torcedor. Temos esta mentalidade e a página do Vulcão hoje é um exemplo disto. Quando assumimos o clube a página tinha 89 seguidores e agora está chegando perto dos 50 mil. São quatro milhões de acessos diários. Estamos trabalhando forte no instagram e até o meio do mês o site do clube estará no ar. Este é o caminho e estamos buscando a modernidade.

Mantiqueira - E como lidar com a imprensa? Como está o relacionamento?
Diego Nogueira - Até agora nenhum problema. Sabemos de situações de outros clubes da região que têm problemas com a imprensa, mas a imprensa é um dos pilares do nosso trabalho. Se não tiver um relacionamento bom com a imprensa vou ter problemas diversos.

Mantiqueira - E como é a ligação com a antiga diretoria?
Diego Nogueira - Muito tranquilo e estão nos ajudando no que podem em relação a dúvidas. São pessoas maravilhosas que nos receberam muito bem. O Giovane Gaspar e o Mário são dois exemplos de pessoas que amam o Vulcão e querem fazer de tudo para ver o time dando certo. São pessoas que agem com o coração e queremos fazer este trabalho dar certo por eles. Será maravilhoso ver o sorriso no rosto deles a cada vitória do Vulcão e devo isto a eles por tudo que fizeram por nós.

Mantiqueira - Ficaram dívidas antigas. Como está esta situação?
Thales Assis - A cada dia uma surpresa nova e um novo boleto para pagar. Conforme mexemos no vespeiro uma novidade aparece. Mas estamos conversando com todo mundo, arrumando a situação, parcelando daqui e dali e pagando todo mundo. Ninguém fica sem receber nada. Tem dívidas até com a Receita Federal, mas como disse, tudo sendo negociado.

Mantiqueira - Mas nada que impeça o Vulcão de entrar em campo?
Thales Assis - De forma alguma. O Vulcão estará em campo dia 29 contra o Atlético, tenha certeza.

Mantiqueira - E os planos para o Vulcão fora de campo?
Thales Assis - Queremos tornar ele uma marca reconhecida com produtos vendidos no Brasil inteiro. Queremos ter linhas de roupas, brinquedos, bonecos, enfim, queremos ter de tudo. Isto não é sonho e sim um trabalho muito sério que estamos fazendo e que vamos usar muito as redes sociais para levar o nome do clube nacional e internacionalmente.

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