quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O dia em que Galvão Bueno veio a Poços de Caldas premiar a Caldense

RENAN MUNIZ
Lama Verde

Poços de Caldas, MG - Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno é hoje o narrador mais famoso do Brasil. Suas transmissões marcantes, bordões e até mesmo gafes o fizeram ficar conhecido em todo o território nacional. Mas você sabia que em 1980 ele veio a Poços de Caldas para entregar um prêmio a um jogador da Caldense?
Em 1979 a Veterana foi convidada pela Confederação Brasileira de Desportos a participar pela primeira vez em sua história do Campeonato Brasileiro. Na época o governo militar havia pressionado a CBD para incluir equipes consideradas pequenas e de estados que normalmente não eram valorizados pela entidade, justamente para incentivar os clubes a crescerem. Por isso, a competição contou com a participação de 94 times.
Na primeira fase do campeonato a Caldense integrou o Grupo B junto a outras nove equipes e avançou em quarto lugar para a etapa seguinte. Na segunda fase a Veterana ficou em quinto, não conseguiu se classificar e encerrou sua trajetória na competição na 30ª posição.
O campeão daquele ano foi o Internacional, que alcançou o feito de forma invicta. Dos 23 jogos venceu 16 e empatou apenas 7. Por conta disso, o time de Porto Alegre ganhou destaque nacional por ter se tornado o primeiro e, até hoje, o único campeão brasileiro invicto. Com isso, as sete equipes que tiraram pontos do time de Falcão e companhia foram reverenciadas pela mídia, entre elas a Caldense.
O jogo ocorreu no dia 15 de novembro de 1979. A Veterana abriu o placar aos 39 do primeiro tempo com Mirandinha e sofreu o empate aos 42 da etapa complementar. “O Internacional tinha um dos melhores times do planeta, mas saímos na frente com gol meu. Foi um contra-ataque onde o Paulo Roberto foi ao fundo, cruzou e eu cabeceei para o fundo da rede, por cima do Benítez. Depois eles empataram e, aos 44 do segundo tempo, chutei uma bola no travessão. Ela quicou em cima da linha e voltou para o Márcio, que não conseguiu marcar. O jogo terminou em 1x1. Foi uma partida memorável” - lembra Mirandinha.
Paralelamente a isso, o saudoso radialista Lázaro Walter Alvisi organizava um evento anual que premiava os destaques esportivos da temporada. Diversas categorias davam direito ao troféu “Bola de Ouro”, como melhor jogador, gol mais bonito, melhor goleiro, etc. Pelo feito contra o Internacional, o centroavante Mirandinha concorria com Dadá Maravilha e outros jogadores de Atlético, Cruzeiro e América no quesito gol mais emocionante.
O evento tradicionalmente trazia convidados célebres para participarem da cerimônia, até mesmo pela amizade que Lólo e integrantes da Rádio Cultura tinham com outras emissoras. Para a edição de 1980, um dos principais nomes foi Galvão Bueno, que ficou responsável justamente por anunciar o vencedor do troféu de gol mais emocionante. Na época Galvão estava em início de carreira, ainda não tinha ido para a Globo, trabalhava na Bandeirantes. Havia participado da Copa de 1978 como comentarista e começava a transmitir suas primeiras corridas de Fórmula 1.
Mirandinha conta os bastidores daquele dia: “A cerimônia aconteceu em um salão no Véu das Noivas. O Galvão subiu no palco e fez um breve discurso, ele já era bastante conhecido no Brasil. Logo em seguida anunciou o vencedor e incrivelmente eu ganhei o prêmio de gol mais emocionante do ano. Lembro de ele me dizer que eu era artilheiro e que teria uma bela carreira pela frente. Depois ainda participamos de um churrasco no Bortolan”.
Galvão estava certo, Mirandinha até então em início de carreira, viria a se tornar o maior artilheiro da história da Caldense. “Foi um momento de muita emoção. Pude reencontrar o Carlos Alberto Silva que foi quem me lançou no profissional (Carlos Alberto treinou a Caldense em 76, foi campeão brasileiro pelo Guarani em 78 e veio a Poços para ser premiado como técnico do ano), ganhei várias camisas newlight e dei entrevistas para a imprensa de vários estados. A única coisa que fico sentido é que com o passar dos anos e as diversas vezes que mudei de cidade por causa do futebol, acabei perdendo o troféu. Mas as lembranças estarão para sempre na minha memória” - finaliza o artilheiro.

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