Recentemente, o judoca Fábio Dechichi Gonçalves trouxe para Poços o título de campeão pan-americano sênior, um dos mais importantes da modalidade. Ele ressalta que o grande responsável pela evolução do seu judô é Elton Fiebig, que redirecionou todos os seus treinamentos e o colocou em competições de grande nível técnico no interior de São Paulo, onde a modalidade é considerada a mais forte do Brasil. Dechichi destacou ainda que o fato de estar lesionado complicou mais seu desempenho no Pan, realizado em Roraima. Por isso, o título acabou sendo mais marcante para o atleta. Ele conseguiu vaga no Pan depois de ficar em segundo lugar na seletiva e mesmo perdendo a final terminou como segundo melhor em sua categoria.
Mantiqueira - Como foi estar numa competição tão importante defendendo as cores da seleção brasileira?
Fábio Dechichi - Para mim foi uma experiência completamente nova. Eu nunca tinha disputado um campeonato internacional e esta foi minha primeira oportunidade. Sempre fui a competições regionais, estaduais, mas nunca numa tão importante como este Pan-americano.
Mantiqueira – Como foram suas lutas no Pan-americano?
Fábio - Fiz uma competição excelente. Realizei três combates. O primeiro venci por wazari. No segundo acabei enfrentando mais dificuldades e a luta terminou empatada. Quando o combate termina empatado, a decisão fica com os juízes, que foram unânimes em dar a vitória para mim. Neste critério eles escolhem o atleta que é mais agressivo durante a luta e graças a Deus eu fui escolhido por eles. Com o resultado me credenciei para a final, quando enfrentei justamente o atleta que me derrotou na seletiva. Como nós já nos conhecíamos fizemos um combate muito amarrado. Comecei melhor e fiz um ponto por yuco. Depois deste golpe ele veio forte para cima de mim, atacando muito e acabei levando duas faltas e a luta ficou empatada. Mudei minha estratégia e faltando um minuto para acabar o combate ele estava muito cansado e eu comecei a dominar as ações. Restando apenas 15 segundos consegui encaixar um hippon que me deu o título. Foi uma vitória sensacional por tudo que envolveu a luta. Eu tinha perdido para ele na seletiva e dei o troco justamente no Pan-americano, foi maravilhoso.
Mantiqueira - O que este título vai trazer de benefícios para sua carreira?
Fábio - Este campeonato não é classificatório para nenhum outro, porém, tenho certeza de que me abrirá muitas portas daqui em diante. Acho que vai facilitar correr atrás de patrocinadores, pois agora passarei a ser mais visto por todos dentro deste esporte. Até hoje tive uma carreira difícil, sempre muito dedicada aos treinos. Ralei muito, machuquei muito, sem nunca ter tido nenhum retorno. Acho que este título pode melhorar este lado. Talvez algum empresário passe a acreditar no meu potencial. Isto ajudaria meu judô a crescer cada vez mais.
Mantiqueira - Você teve apoio para estar no Pan?
Fábio – Para esta competição tenho que agradecer muito ao Laércio Martins, presidente da Associação Atlética Caldense, o Lelo da Secretaria Municipal de Esportes e o vereador Tiago Cavelagna, três pessoas que muito me ajudaram a estar neste Pan-americano. Se não fossem eles eu não conseguiria. Tem ainda o Projeto Soma que me dá muita força para os treinos e a escola de inglês Uptime que sempre esteve do meu lado.
Mantiqueira - Qual o fator que foi determinante para você conquistar este título?
Fábio - Tenho que agradecer muito ao sensei Elton Fiebig. Se não fosse ele eu não teria chegado aonde cheguei. Eu já disse antes e repito que ele é uma pessoa que sabe muito de judô e fez um trabalho comigo muito bacana. Desde o momento em que me classifiquei para o Pan-americano ele mudou toda a minha rotina de treinamentos. Devido a minha lesão ele fez uma programação diferenciada que foi fundamental nesta conquista. Fiz um treino de musculação e resistência todo focado para esta competição, além da parte técnica que estamos trabalhando desde que ele chegou a Poços de Caldas. Toda a preparação física ajudou muito, pois Roraima é quente demais. Fizemos lutas com um calor de quase 40 graus e se não fosse feita uma preparação especial eu não sei se o resultado teria sido o mesmo. Claro que o calor era para os dois atletas, mas com o conhecimento de Elton eu tive vantagem na luta final, que me deu as condições de trazer este título para Poços de Caldas.
Mantiqueira - Além do título você ainda trouxe uma medalha de bronze no Kata. Como foi esta conquista?
Fábio - O Kata consiste em técnicas pré-determinadas. Ao chegar em Roraima vi que havia apenas quatro duplas para disputar e uma boa chance de disputar esta modalidade também. Treino desde pequeno e é uma de minhas especialidades. Como não tinha parceiro, passei um tempo procurando uma pessoa para fazer as demonstrações comigo. Faltando 15 minutos para o encerramento das inscrições encontrei o Mateus, atleta do interior de São Paulo, que também estava sozinho. Nos unimos e ficamos na terceira colocação.
Mantiqueira - Como foi competir lesionado?
Fábio - Esta foi a pior parte, muito difícil mesmo. Devido a esta lesão não pude aplicar meu golpe principal. Eu me especializei em entrar debaixo do adversário e para isto é preciso dobrar o joelho. Como estava contundido tive que lutar sem aplicar esta técnica. A lesão veio no Campeonato Paulista Sub-23. Na verdade ela se agravou lá. Senti muitas dores, fiquei algumas noites sem dormir e sem conseguir me mexer. Esta lesão realmente atrapalha muito no desempenho.
Mantiqueira - Que lesão é esta e como vai ser o tratamento?
Fábio - Lesionei o menisco e devo fazer em breve uma cirurgia. É uma intervenção bem simples e devo ficar apenas um mês sem competir. Quero disputar o Paulista em agosto. É uma competição importante que dá vaga para o Brasileiro e acredito que me recupero até lá. Sei que não vou estar 100% mas acredito que dá para chegar bem na competição e conseguir uma vaga.
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