terça-feira, 23 de agosto de 2016

Ganzepe relembra sua trajetória no futebol


Poços de Caldas, MG - O futebol de Antônio Pedro de Alcântara se destacava entre a molecada devido à sua velocidade. Franzino e serelepe, foi apelidado de Ganzepe. Nasceu em Poço Fundo e jogou por equipes amadoras do sul de Minas até se tornar profissional. E, em 1971, chegou à Caldense para se tornar um dos melhores jogadores da história do clube.

Renan Muniz - Como era seu estilo de jogo?

Antônio Pedro de Alcântara, Gazepe - Eu era um ponta-esquerda velocista e cheguei a ser goleador, mas perdi espaço quando chegaram estrelas como Cafuringa, Jeremias e Aílton Lira. O time se beneficiava da minha velocidade pelas laterais do campo, eu fazia bons cruzamentos para a área, era um perigo para a defesa adversária.

Renan Muniz - Quais eram os principais rivais da Caldense na época?

Gazepe - Nosso grupo era muito equilibrado, todos tinham condições de jogar. Na década de 1970, sempre fomos considerados a terceira força mineira. A torcida comparecia e nos incentivava. A rivalidade era grande com as equipes do sul de Minas, como Flamengo de Varginha, Atlético de Três Corações e Esportiva de Guaxupé. As equipes da capital nos enfrentavam esperando conseguir empate, dificilmente nos derrotavam.

Renan Muniz - Qual era o diferencial deste time dos anos 70?

Gazepe - O amor à camisa, a amizade e o tratamento que recebíamos da cidade. Na época não havia patrocinadores. O clube se mantinha com ajuda da prefeitura, dos comerciantes, dos hotéis e dos torcedores. O futebol nunca parava, tinha jogo o ano todo. As coisas eram mais simples, era gratificante jogar na Caldense, pois fazíamos isso com amor.

Renan Muniz - Você tem alguma história engraçada na Veterana?

Gazepe - Certa vez fomos jogar contra a Esportiva de Guaxupé e eles tinham um lateral chamado Bassi. Ele vinha me marcar, me chutava, dava murro e eu reclamava para o árbitro, mas não adiantava nada. Eu estava ficando irritado. Fui cobrar um lateral e achei uma caixa de fósforos no chão. Resolvi pegar um pedaço de madeira da caixinha e fingir que era uma lâmina para intimidá-lo, mas ele não acreditou. Em seguida, achei um prego. No primeiro lance que ele veio, espetei a barriga dele. Ele reclamou para o juiz, mas eu fui esperto e escondi o prego. O jogo seguiu. No lance seguinte, ele me deu um carrinho e quando caímos, risquei a perna com o prego. O arbitro viu o sangue escorrendo, mas disse que o machucado era por causa da queda. Depois disso, o Bassi ficou com medo de me marcar. Ele ficava a uns dez metros de mim. Foi a maneira que encontrei para me livrar da marcação (risos).

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