domingo, 20 de novembro de 2016

Elogiado por Telê Santana, treinador Juquita é considerado um dos melhores da Caldense

(Renan Muniz)

Poços de Caldas, MG - Juquita José Lúcio nasceu em 1921 e faleceu em janeiro de 1989, aos 67 anos, vítima de trombose cerebral, no hospital Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde ficou internado por oito dias.
Era funcionário da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), onde trabalhou como carpinteiro das oficinas do horto florestal. Na política, militou no PTB na década de 40, foi eleito delegado da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários em meados da década de 50 e, na mesma época (1957), fez parte da comissão executiva do diretório estadual do PSB em Minas Gerais.
Após a aposentadoria na RFFSA, trabalhou em diversas equipes do interior de São Paulo e Minas Gerais, especializando-se em salvar times do rebaixamento para a segunda divisão. Juquita fez história no futebol mineiro, principalmente na Associação Atlética Caldense, onde foi homenageado na festa de 84 anos do clube, em 2009, dando nome a uma das salas de reunião do Centro de Treinamento. Para muitos, foi o melhor treinador que já passou pela tradicional equipe de Poços de Caldas.
Moreno alto, 1,90m de altura, forte, sempre sorridente e de voz grave e pausada, era rigoroso e exigia de seus subordinados total disciplina. Chegou a ser elogiado por ninguém menos que Telê Santana, que o apontava como um treinador capaz de treinar qualquer time grande. Sua fama de “macumbeiro”, no entanto, o prejudicava, impedindo voos mais altos.
Tipo folclórico, foi um dos maiores “pais de santo” do futebol brasileiro, um técnico supersticioso ao extremo, de pouca prosa, cara fechada, embora fosse uma pessoa afável, frequentemente recorrendo a artifícios extracampo, como sal grosso e despachos de macumba para, segundo ele, amarrar o time adversário. Assessorado pelo massagista Benê, preparava suas bolas pretas para serem jogadas dentro do gramado no desenrolar dos jogos, imaginando com isto desestabilizar o emocional dos adversários, temerosos com os poderes sobrenaturais creditados às mesmas.
Sua passagem na Veterana ficou marcada pelas inúmeras histórias hilárias que ele proporcionava nos bastidores das partidas e principalmente pelos excelentes resultados obtidos como treinador. O ex-lateral Arnaldo relembra um dos causos.
“Sempre que a Caldense precisava vencer, o Juquita usava uma bola preta para nos dar um “apoio espiritual”. Certa vez fomos jogar em Uberlândia e tivemos que parar em Tambaú para que o ele pudesse fazer o “trabalho” dele no cemitério de lá. Já havia anoitecido e o local estava fechado. Ele decidiu pular o muro, acabou caindo dentro de uma cova e começou a gritar: “me acuda, me acuda, estão querendo me levar”. Tivemos que ajudá-lo a sair de lá e ele voltou para o ônibus cheio de terra, pedaços de vela e flores no corpo. Foi muito engraçado. Apesar desse lado folclórico, gostaria de ressaltar que ele era um estrategista, estudioso, sabia dar treinos, impunha um padrão de jogo”.
Seu último trabalho como técnico foi no Araxá, no ano de 1985, e hoje, além das homenagens da Caldense, é nome de uma rua em Poços de Caldas.

Nenhum comentário: