PAULO VITOR DE CAMPOS
Poços de Caldas, MG - Potita vinha fazendo um excelente início de Campeonato Mineiro. Logo no primeiro jogo contra o Democrata, em Governador Valares, ele deixou sua marca. O atacante já tinha sido um dos destaques da pré-temporada, porém, depois da saída do técnico Zezito acabou perdendo, inexplicavelmente, espaço com Roberto Fonseca. Em entrevista ao Mantiqueira ele contou detalhes dos acontecimentos e ainda disse que o treinador ouvia muito pessoas de fora, que interferiram o tempo todo no trabalho que vinha sendo feito no Centro de Treinamentos Ninho dos Periquitos.
Mantiqueira - Você teve um ótimo início de campeonato, fez gols importantes e poderia ter brigado pela artilharia. Que avaliação você faz sobre este início?
Potita - Eu estava muito bem, me sentindo bem em todos os aspectos. Vim a convite do técnico Zezito e o time tinha um bom relacionamento. Começamos vencendo o Democrata, depois empatamos com o Cruzeiro e tudo parecia que ia bem. Aí veio a eliminação para o Fluminense da Copa do Brasil e a derrota para o Tupi, que acabou mudando o comando do time e me atingindo diretamente.
Mantiqueira - Com Roberto Fonseca você atuou na derrota contra o Boa e depois contra o Atlético Mineiro, marcando inclusive o gol da vitória em Belo Horizonte.
Potita - Senti muito a saída do Zezito, assim como todos os companheiros sentiram, mas somos profissionais e no futebol as coisas são assim mesmo. Contra o Boa, o Roberto não teve tempo de fazer muita coisa, não conhecia o time e acabamos perdendo. Em Belo Horizonte ele me colocou no banco, onde fiquei boa parte do jogo. Quando entrei tentei ajudar no que pude. Numa jogada rápida de contra-ataque o Feijão cruzou a bola e eu consegui mandar para o gol. Fiquei muito feliz, mas depois, em entrevistas, eu agradeci ao técnico Zezito, que foi quem me trouxe para a Caldense. Fiz de coração, mas isto acabou selando meu destino no campeonato.
Mantiqueira - Então você está dizendo que o treinador Roberto Fonseca o afastou do time por retaliação por falar bem de Zezito?
Potita - Claro que sim. Ele não gostou nem um pouco e apesar de nunca ter chegado em mim e falado que não tinha gostado ele mudou o tratamento comigo. Mas não me arrependo e agradeço a todos que me ajudaram em minha carreira e o Zezito é um deles. Não acho que eu tenha feito nada de errado.
Mantiqueira - Mas em alguns jogos que você não atuou foi passado para a imprensa que estava lesionado. Era verdade ou foi um jeito de ninguém questionar o porquê de você estar de fora?
Potita - No jogo contra o América era verdade sim. Eu me machuquei e fiquei sem condições de jogo, mas na partida contra o América em Belo Horizonte eu tinha condições e ele não me usou porque não quis. Ele não gostava quando a torcida e a imprensa pedia para me colocar no time. Aí que ele não colocava mesmo.
Mantiqueira – Por que você não ficou nem no banco na partida contra o Uberlândia?
Potita - Porque ele simplesmente não quis me colocar. Eu tinha condições e queria ir para o jogo, mas fui excluído.
Mantiqueira - Além do elogio ao Zezito você acredita que mais alguma coisa contribuiu para que ele não te colocasse mais no time?
Potita - Ele escutava gente de fora do CT. Gente que não tinha nada mais a ver com a Caldense, mas que dava as cartas do mesmo jeito e influenciava nas decisões dele. Não quero citar nomes, mas era gente que não gostava do Zezito e achava que eu tinha que ser punido por ter sido trazido pelo treinador.
Mantiqueira - Mas outros jogadores do elenco também foram trazido pelo Zezito. Por que eles não foram retaliados?
Potita - Porque eles ficaram quietos e não elogiaram o Zezito. Só depois do campeonato alguns se manifestaram a favor de Zezito.
Mantiqueira - Que sentimento fica já que pelo seu início você poderia ter brigado pela artilharia do Campeonato e ajudado a Caldense a se classificar para as quartas?
Potita - Claro que o sentimento é de tristeza, pois, como disse, eu estava me sentindo bem, fazendo gols e poderia ter ajudado mais. Mas tenho que destacar os companheiros que entraram e conseguiram tirar a Caldense da situação de rebaixamento, o que seria uma grande tragédia para o time.
Mantiqueira - E o futuro. Você disputa a Série D pela Caldense?
Potita - Estamos conversando, negociando. A diretoria rescindiu o contrato de todos os jogadores e depois vai chamar um por um e ver quem está disposto a ficar. Para os que ficarem a redução salarial é bem grande, mas a vontade é de continuar por aqui sim. A diretoria da Caldense é muito honesta, nos tratou muito bem. Agradeço ao presidente Antônio Bento Gonçalves pelas condições que nos deram, mas vamos ver como fica o futuro.
Mantiqueira - Você tem alguma proposta?
Potita - Tenho, mas nada de oficial ainda. Tudo está sendo conversado, mas se puder continuar na Caldense e jogar mais um campeonato eu ficarei. Vamos aguardar os acontecimentos.
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