quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Campeão de Poços na Volta ao Cristo

Campeão de Poços de Caldas na Volta ao Cristo, Daniel Gouveia é o entrevistado da semana. Ele fala da preparação para a prova, de apoio e do calendário.


Início
"Meu primeiro contato com o esporte foi no mountain bike em 1995. Dois anos depois conheci o Diamantino Silveira, um maratonista que hoje reside em Poços e ainda o André Ramos, outro maratonista que morava perto de minha casa. Na época eles começaram a me observar e a me incentivar a trocar de esporte. Comecei a migração de um esporte para o outro aos poucos e desde 2002 minha dedicação se tornou completa pelo atletismo".

Treinamentos
"Hoje treino de manhã e à noite sendo que de tarde eu trabalho. No período da manhã faço os treinamentos mais pesados, mais longos e no período noturno um treino mais leve ou de musculação. Faço cerca de 12 a 13 sessões de treinos por semana e uma média de 100 a 110 quilômetros por semana".

Equipe
"Corri a Volta ao Cristo neste final de semana pela Tri-Poços. A equipe tem participado pouco de competições por não ter um patrocínio, aliás coisa que o esporte em geral tem sentido muito, devido a crises, entre outros problemas. Estou fechando contrato com uma equipe de Itu pois infelizmente em Poços de Caldas não temos muito apoio e os resultados têm aparecido melhor fora da cidade. Já corri por uma equipe de Pouso Alegre, outra de Piracicaba e tento me manter em atividade da melhor forma possível. Moro em Poços de Caldas mas trabalho em Pouso Alegre. Esse contrato que estou fechando em Itu vai me dar mais condições de correr grandes provas, competir fora com atletas de elite. A gente precisa estar competindo para pegar ritmo de prova e não ficar parado. Treino é uma coisa e competição é outra".

Metas
"Atualmente não levo o atletismo tão a sério como outros profissionais levam. Corro pelo prazer e pela saúde. Sou formado em Direito e tenho que conciliar o esporte com meu trabalho no Fórum de Pouso Alegre. No Brasil são poucos os privilegiados que podem se dedicar apenas ao esporte e a maioria precisa ganhar a vida com um trabalho paralelo. Já recebi algumas propostas de equipes grandes mas não tive como priorizar o esporte e deixar minha carreira de lado. Aos 30 anos posso me considerar já numa idade avançada para viver apenas do esporte, então tento levar os dois lados enquanto tiver fôlego".

Volta ao Cristo
"Me preparei bem para esta prova e já esperava ficar entre os primeiros colocados. Meu treinador, o professor Sidney de Parólis, fez um planejamento todo especial para mim especialmente para esta competição. Fiz o percurso algumas vezes para me adaptar. Minha intenção era chegar entre os 10 e fiquei na 11ª colocação pela segunda vez na minha carreira. A cada ano que passa a prova está ficando mais forte, mais atletas de nome participam, atletas internacionais. Isso é bom pois a gente cresce junto. Minha colocação não foi supresa para mim nem para meu treinador. Na subida eu consegui ficar entre os oito primeiros, depois perdi duas posições na descida e mais uma na reta, mas mesmo assim fiquei muito satisfeito como meu resultado, até porque nos testes que a gente faz dá para se ter uma boa noção do tempo que vai fazer na hora da prova para valer".

Percurso difícil
"A Volta ao Cristo tem um dos percursos mais difíceis do Brasil, com todo o tipo de terreno. Tem uma reta que se você não tomar cuidado pode ter problemas. Nas subidas e descidas não se pode empolgar muito. O mais complicado da prova e que necessita de um bom praparo é a descida. Você precisa estar com a musculatura forte pois o desgaste é muito grande. Quando você está descendo o sangue desce aos membros inferiores e a perna fica muito pesada e quando você atinge a reta fica meio desconcentrado e pode perder o foco. Quando se chega perto da Cerâmica Togni é onde acaba a prova para muitos atletas pois você veio de uma descida que exigiu bastante e aquela reta explora ainda mais os seus limites. Quando o atleta chega ali ele já deu tudo de si, o que vier pela frente é o que ele não tem, é o momento de superação e que ele vai pagar depois".

A chegada
"Este ano foi gratificante. Quando entrei no estádio o alto-falante anunciou que era o primeiro atleta de Poços e a galera nas arquibancadas começou a aplaudir e neste momento fiquei emocionado, foi muito bonito ver o estádio daquele jeito. Deu para sentir o calor e o carinho da torcida por eu chegar tão próximo aos primeiros colocados. Este carinho é o que motiva a gente a levantar cedo, treinar, se dedicar. O maior valor é o reconhecimento da cidade que vê seu esforço, seu trabalho. Esse reconhecimento não tem troféu nem dinheiro que pague. Subir ao pódio depois de uma boa prova é o mais gratificante para qualquer atleta".

Resultados
"Ano passado tive um excelente desempenho na meia maratona do Rio de Janeiro quando larguei junto com o povão, cheguei atrasado e não consegui largar na elite e mesmo assim cheguei em 35º geral entre mais de 7 mil participantes".

Calendário
"Agora vou me preparar para correr os 10 quilômetros de Itu e em março devo correr a meia maratona internacional de São Paulo. Neste começo de ano sempre visamos mais um trabalho de base, uma preparação para a temporada. Voltando na questão de apoio hoje vou por conta minha mesmo. Tento participar do maior número possível de corrida mas é difícil. Agora, na equipe de Itu vai facilitar com as viagens, alimentação, hospedagem, mas salário apenas duas equipes no Brasil pagam. No geral o atleta vive por si só, como se fosse um autônomo, se ganhar o prêmio vai custear suas despesas naquela competição caso contrário ficará apenas com os gastos".

Agradecimento
"Meu treinador Sidney de Parólis tem feito um grande trabalho não só comigo mas também com vários atletas da cidade. Agradeço ainda ao sr. Chico Corredor, uma figura emblemática em Poços de Caldas que trabalha há muitos anos com o atletismo trazendo as crianças para o esporte. Ele teve um papel importante no meu início dentro do atletismo e ainda agradeço a todos que me aplaudiram no estádio".

Incentivo

"O atletismo de Poços de Caldas cresceu muito e acho que a cidade deveria dar um reconhecimento maior na hora da premiação. Hoje o melhor atleta de Poços de Caldas ganha R$ 100,00, é muito pouco para um campeão local. Tem provas em outras cidade em que a premiação é maior e isso ajuda a levar mais atletas de ponta para estas competições. Valorizar o que é da casa é muito importante para o futuro do atletismo".

Nenhum comentário: