Adilson José Pereira, o Ligeirinho, é um super atleta acostumado a grandes percursos. Por não ser rápido o suficiente para disputar competições de curtas distâncias ele se especializou em provas de altas quilometragens, em que a força de vontade e, principalmente, o bom preparo físico falam mais alto. Recentemente, Ligeirinho venceu a BR 135, uma das provas mais importantes do mundo, sendo disputada em três etapas. O atleta percorreu 217 quilômetros e chegou mais de duas horas na frente do segundo colocado. Infelizmente, por falta de apoio Ligeirinho não disputará as outras duas etapas que são fora do Brasil.
A BR 135 vencida por Ligeirinho em janeiro é a primeira etapa do Mundial, competição considerada a mais difícil do mundo e com atletas que brigam diretamente para serem os melhores do planeta.
A prova teve largada em São João da Boa Vista com chegada em Paraisópolis, percorrendo a Serra da Mantiqueira, passando pelo Pico do Gavião, sem descanso para o atleta que faz os 217 quilômetros sem parar.
Ligeirinho concluiu a prova em 27 horas e 59 minutos, batendo seu recorde pessoal em duas horas e 19 minutos. Durante este tempo de prova o atleta se alimenta andando e ele parou poucas vezes apenas para trocar o tênis. “Mesmo chegando com folga na frente do segundo colocado não consegui relaxar em momento algum durante a competição. Você fica estressado, sem racionar muito bem para saber se a diferença é grande ou pequena e por isso a tendência é perder o mínimo de tempo possível”, conta Ligeirinho.
Dificuldades
Apesar de ser um atleta acostumado aos desafios de longas distâncias, Ligeirinho conta que alguns momentos são mais difíceis e se não existir uma força de vontade muito grande não completa o percurso. Para ele a madrugada é o momento mais difícil devido ao frio e à chuva. Durante o dia o forte calor também fez com que muitos competidores desistissem da prova. “É preciso um trabalho psicológico muito bom para não desistir. Eu estava muito bem preparado e isso me ajudou a superar as dificuldades”, concluiu.
Falta de apoio
Ligeirinho agora está em preparação para as 24 horas da Aman, prova que será disputada no final de março em Rezende, Rio de Janeiro. “Vou buscar um bom resultado nesta prova, pois tive um bom desempenho na BR 135 e quero manter essa boa fase. O difícil para um atleta não é vencer e sim conseguir se manter no auge, não pode se descuidar pois a concorrência é grande e conta com competidores de muita qualidade”, disse. Ligeirinho lamenta a falta de apoio, segundo ele, sem patrocínio fica complicado participar de competições importantes dentro e fora do Brasil. “Hoje tenho muitos parceiros, amigos que me ajudam, mas falta um apoio financeiro para me ajudar nos treinos e nas competições”, conta ele. De acordo com Ligeirinho, a falta de apoio o tirou das outras etapas da BR 135. “Ainda bem que posso contat com os amigos, como a Pé Q Voa, Alcace, DMAE, Neo Nutri, Centro Otorrino, Loja da Borracha, Taú Esportes, o professor José Luiz, enfim, vários que colaboram. Mas falta um patrocínio grande, o que me impede de representar o Brasil num campeonato mundial, correr nos Estados Unidos”, conta Ligeirinho.
Para o treinador de Ligeirinho, José Luiz, a falta deste apoio é muito ruim para a carreira do atleta. Segundo ele, o resultado obtido nesta etapa da BR 135 o credenciou para a segunda etapa que será disputada no deserto mas infelizmente ele não estará na competição por falta de um bom patrocínio. “O Adilson tem amigos que mantêm seus treinamentos, alimentação, enfim, ajudam da forma que podem, mas esses amigos ainda são poucos e sem um apoio maior não dá para ir mais longe”, conta o treinador.
Pé Q Voa
Adilson Ligeirinho hoje integra a Pé Q Voa, uma das poucas equipes em Poços de Caldas que orientam seus atletas em todos os treinamentos e traça um perfil para cada um dentro do atletismo. O professor José Luiz tem uma grande experiência na área e sempre preparou atletas para competições. Desde o ano passado, devido ao aumento de amadores nas corridas de rua, o treinador mudou o foco de seu trabalho. “As pessoas começaram a correr em busca da saúde, da estética, do lazer e por isso montei uma assessoria para cuidar deste grupo”, disse o professor. Para ele, existe um grupo de pessoas de média idade que estava perdido já que o apoio para o início de atividades em Poços é muito grande mas faltavam orientação para as pessoas que correm por lazer. “O foco era só o atleta, só as competições. Montei a Pé Q Voa justamente para assessorar essas pessoas que estão numa constante busca pela saúde. Como sou um profissional de educação física tenho apoio de cardiologistas, nutricionistas e ortopedistas que me dão suporte para trabalhar com esse grupo”, conta o professor.
A Pé Q Voa iniciou suas atividades com quatro corredores e hoje conta com mais de 50 atletas que correm e treinam juntos. “Esses corredores são amigos, pararam de procurar receitas em revistas, nunca sofreram contusões que o obrigassem a parar de correr. Estou próximo a eles, com horários específicos e esse grupo é acompanhado de perto. Eles não treinam sem orientação, os exercícios, a parte nutricional e fisioterápica são acompanhados de perto”, conta José Luiz.
Os atletas da Pé Q Voa disputam pelo menos uma competição por mês, tudo pré-definido em um calendário. Por ser uma das poucas equipes da cidade com uma orientação completa para seus atletas a procura por competições aumentou e todos participam de quase todo o calendário de eventos do ano. “Devido ao trabalho de assessoria da Pé Q Voa, o grupo de meia idade hoje está se destacando em relação aos outros,” conta o professor, que trabalha com todas as faixas etárias. Para entrar na equipe, segundo ele, é necessário uma avaliação médica. Cada corredor tem sua planilha de treinamentos seguindo orientações de vários profissionais da área. Para participar da equipe José Luiz disse que é só procurar por ele no parque municipal onde acontecem os treinamentos, na academia Fit Run, na rua João Batista Pansini, 160, nos telefones 371-4746 ou 9178- 6967 ou ainda pelo e-mail peqvoa@hotmail.com
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