Empresário do ramo de suplementos alimentares, Juliano Fernandes Moreno já foi um apaixonado praticante do bicicross, tendo inclusive conquistado prêmios internacionais. Atualmente, o proprietário da Neo Nutri acompanha a modalidade ao lado filho Vitório A. Moreno e da mãe Terezinha, presidente do Clube de Bicicross Poços de Caldas.
Em entrevista ao Mantiqueira ele conta do seu início no esporte e como ele vê a modalidade hoje em Poços e no Brasil.
Mantiqueira - Sua ligação com o bicicross começou quando?
Juliano Fernandes Moreno - Aos 8 anos de idade eu já era completamente apaixonado por este esporte. Ganhei uma bicicleta de bicicross, um presente bastante comum naquela época. Poços era uma cidade privilegiada por ter no parque municipal uma pista para treinamentos. Me enturmei com os outros meninos que frequentavam o local, comecei a treinar e posteriormente a participar de competições.
Mantiqueira - E como foi seu desempenho nas competições na época de piloto?
Juliano - Tive oportunidade de participar de inúmeras competições importantes. Levava o bicicross muito a sério e este esporte acabou me conduzindo para realizar um trabalho voltado aos bons resultados. Tive boas oportunidades de disputar competições tanto no Brasil quanto no exterior, conquistei alguns títulos importantes, como o de campeão paulista, mineiro e sul-americano. Estes resultados vieram graças a um treinamento adequado.
Mantiqueira – Em quais países você teve a chance de competir?
Juliano - Disputei campeonatos na Colômbia, Estados Unidos, entre outros. A competição mais importante para mim foi o Mundial. Disputei de forma séria mesmo até 1997, quando estava no meu auge, havia acabado de ser campeão sul-americano e fazia parte da principal categoria do bicicross, que é a elite, chamada de Fórmula 1 do bicicross, onde estavam os melhores do mundo e em meio a isto tudo resolvi parar. Foi nesta época que comecei a trabalhar e estudar e não foi possível conciliar estudo, trabalho e esporte. Se fosse para continuar no bicicross tinha que ser para valer, com treinamentos de alto nível e trabalhando e estudando não dava. Fazer esporte por fazer não era meu interesse e por esta razão abandonei as pistas.
Mantiqueira - Naquela época como era o apoio para o esporte especializado no Brasil?
Juliano - O que tenho para falar sobre apoio para o esporte de uma maneira geral é que no Brasil existe uma deficiência muito grande por parte de empresas privadas e do setor público. Eu costuma dizer que o Brasil é o país do futebol mas não do esporte. Infelizmente, por isso, várias modalidades esportivas e atletas sofrem com a falta de incentivos. Na minha época de atleta não era diferente da situação de hoje, mas a gente batalhava muito. A Frigonossa na época foi uma grande apoiadora nossa, ajudou bastante para que pudéssemos ir para várias viagens. Ainda tínhamos o apoio da Secretaria Municipal de Esportes, que sempre esteve ao lado do bicicross de Poços de Caldas.
Mantiqueira - O tempo passou e você hoje é um empresário muito bem sucedido. Com a experiência e visão que você tem facilita estar ao lado do esporte?
Juliano - Eu resgatei a vontade e a disposição para o bicicross com a introdução do meu filho, Juliano A. Moreno, na modalidade. Ele começou a competir este ano e acabou me despertando novamente para ajudar a modalidade. O Clube de Bicicross Poços de Caldas estava precisando de alguns ajustes e incentivos para conseguir retomar os tempos áureos. Por eu ser um empresário do ramo de suplementos alimentares, que é ligado ao esporte, busquei ajudar a resgatar todo este trabalho e dar condições aos pilotos da cidade para disputar algumas etapas e provas de campeonatos regionais.
Mantiqueira - E a parte estrutural para o bicicross da cidade? Você tem acompanhado de perto os problemas enfrentados para treinamentos com a pista do parque em reforma?
Juliano - Realmente hoje está complicado treinar por causa da reforma da pista. Mas esta dificuldade é provisória, e logo teremos uma pista ainda melhor da que tínhamos antes. A nova pista será maior, melhor e mais estruturada, enquanto isto os meninos se viram como podem, mas em minha visão a recompensa depois será maior. Os pilotos hoje estão sentindo falta de um local para treinar e a gente tem que buscar alternativas, muitas vezes desconfortáveis. Eles treinam na rua, sobem montanhas e morros, buscam terrenos para rampas improvisadas.
Mantiqueira - Você acompanha de perto todo este trabalho?
Juliano - Estou bastante envolvido com o bicicross de Poços. O Bicicross Poços Clube é presidido pela minha mãe Terezinha, que assumiu recentemente e quer ajudar a modalidade a atingir os níveis do passado. Estou junto com ela para ajudar no que for possível.
Mantiqueira - Qual a mentalidade do Bicicross Poços Clube hoje?
Juliano - O Bicicross Poços Clube foi fundado há aproximadamente 20 anos e procuramos manter a estrutura que já existia. A nova diretoria que assume em poucos dias está tentando colocar a casa em ordem, ajustar todas as lacunas, os ponteiros que estavam deficientes.
Mantiqueira - A nova diretoria encontrou muitos problemas?
Juliano - Na verdade encontramos muitas questões burocráticas para resolver. Por se tratar de uma empresa, existe uma constituição jurídica, com balanços, balancetes, prestação de contas e isto realmente precisou ser ajustado.
Mantiqueira - Hoje, como você tem visto o bicicross brasileiro?
Juliano - Poços de Caldas é celeiro de pilotos de nível mundial. Temos hoje o Renato Rezende, campeão mundial e que atualmente está na Suíça, com grandes chances de representar o Brasil nos Jogos Olímpicos de Londres e do Rio. O Renatinho é espelho para a maioria meninos de Poços e outros talentos devem surgir na cidade.
Mantiqueira - Como você vê a importância do esporte para as novas gerações?
Juliano - Eu comecei muito cedo e falo por experiência própria que o esporte faz a diferença na vida das pessoas. Tive colegas que não se enveredaram para esporte nenhum e consequentemente não tiveram uma vida tão saudável, não tiveram hábitos alimentares, atividade física. Alguns foram para outros caminhos e tudo isto não faz bem para a saúde. Meu apoio é para que esta molecada pratique esporte, encontre nele um caminho saudável, seja em qual modalidade for.
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