O presidente da Caldense, Antônio Bento Gonçalves, fez sua avaliação sobre os erros e os acertos na campanha do clube. Ele criticou bastante a fórmula de disputa do Campeonato Mineiro e conta que vai fazer de tudo para que a competição tenha mudanças na temporada de 2012.
Sobre a continuação ou não do futebol no segundo semestre, Bento Gonçalves diz que espera por algum patrocínio. Se conseguir, o time disputa a Taça Minas, caso contrário só volta aos treinamentos em dezembro deste ano.
Mantiqueira – O senhor foi um crítico da atual fórmula de disputa do campeonato antes dele se iniciar. Hoje, sua posição qual é?
Antônio Bento Gonçalves – Eu acho que a Federação Mineira não fez um campeonato da forma correta. Na atual fórmula de disputa os clubes gastam muito dinheiro e não têm chance alguma de fazer nada na competição. Dificilmente o título fica para um clube do interior. Eu sempre fui um vencedor e ser campeão faz parte da minha vida, estou acostumado ao primeiro lugar. No caso do atual Campeonato Mineiro, não é possível. Onde já se viu participar de uma competição sabendo que apenas duas coisas vão acontecer com uma equipe do interior. A primeira, nunca ou raramente será campeã porque Atlético e Cruzeiro sempre vão estar na frente, ou torcer para fazer um bom campeonato e não cair para a segunda divisão. Esta situação é absurda e desleal com os times do interior.
Mantiqueira – O senhor pensa em tomar alguma atitude para tentar mudar este panorama?
Gonçalves – Vou esperar passar os meses de maio e junho e procurarei todos os presidentes de clubes do interior, vou agendar quantas reuniões forem necessárias para pedir para eles nos ajudarem a mudar esta fórmula de disputa. Do jeito que está não pode continuar, não é correta.
Mantiqueira – Qual proposta o senhor fará para o próximo campeonato?
Gonçalves – A fórmula mais justa, e que vou tentar buscar apoio para aprovar, é que façam uma competição com Cruzeiro, Atlético, América e mais uma equipe disputando entre eles um campeonato, enquanto os outros disputam um outro separadamente. Se ficarem oito times neste campeonato faríamos turno e returno. Assim o interior mineiro teria um campeão. Esta fórmula daria chances para todos os times do futebol do interior fechar a temporada com título. Acredito que assim os jogadores destas equipes ficariam mais motivados, a torcida, enfim, todos. Este absurdo que está acontecendo não pode continuar.
Mantiqueira – Os gastos da equipe foram muito altos nestes poucos jogos da temporada?
Gonçalves – A Caldense gastou mais de um milhão de reais para poder disputar um campeonato, sendo que o torcedor viu apenas cinco jogos. Tivemos um gasto de 200 mil reais em cada jogo disputado nesta competição, então, em todos os sentidos e, principalmente, financeiramente, é negativo, deficitário e precisa de mudanças urgente. Claro que a Caldense vai continuar disputando o Campeonato Mineiro, mesmo que não haja mudanças. É um clube que surgiu do futebol e tem obrigação de manter o futebol profissional. Mas precisa de mudanças, precisamos de uma fórmula diferente da atual.
Mantiqueira – O senhor assumiu a presidência há pouco tempo e já teve uma disputa importante pela frente. Como avalia esta primeira experiência?
Gonçalves – Toda pessoa que manda, no caso da Caldense o presidente, que sou eu e não abro mão desta postura, está sujeita a acertar ou errar. Só não erra aquele que não manda. Tudo que fiz sempre assumi e agora não vai ser diferente. Procurar fazer o que faço bem, claro que posso errar, mas procuro acertar a maioria das vezes. A fase mais complicada e mais propícia a erros é justamente na hora de montar uma equipe. Errar nesta fase do trabalho pode prejudicar todo o andamento que foi planejado. O futebol é dinâmico, depende do homem, do dirigente, do técnico, enfim, uma série de fatores. Recebi o clube do ex-presidente Laércio Martins e ele tentou ajudar de todas as formas possíveis. Ele pagou todos os jogadores até dezembro e eu assumi esta responsabilidade de janeiro em diante. Acredito que houve erros, sim, mas vamos buscar soluções e queremos montar um time forte para dar alegrias a todos os torcedores.
Mantiqueira – O senhor achou que a troca de comando da Caldense veio tarde?
Gonçalves – Acredito que se o Roberto Fonseca tivesse assumido mais tempo ele poderia ter levado o time mais adiante no Campeonato Mineiro. O Catanoce, em seis partidas, empatou duas e perdeu duas, conquistando apenas quatro pontos. O Roberto teve apenas cinco jogos no comando da Caldense e somou nove pontos, com três vitórias de duas derrotas. Ele foi muito produtivo para a Caldense.
Mantiqueira – E nas contratações de atletas, onde ocorreram os erros?
Gonçalves – No meu ponto de vista tivemos duas contratações muito ruins. O Lúcio Bala, que não produziu o que dele se esperava, e o Fernando Gaúcho, que, em minha opinião, e, acredito, de todos na cidade, não entrou em campo. A decepção com o Fernando foi maior, pois ele sempre foi um goleador por onde passou e por isto foi contratado. Aqui infelizmente não deu certo. Agora, as outras contratações surtiram efeito. Chimba, Rodrigo Dias, Esquerdinha, William, Mário são jogadores que vieram e somaram.
Mantiqueira – A Caldense está renovando alguns contratos. Estes atletas serão emprestados?
Gonçalves – Renovamos com o Glaysson, Chimba, Jardel, Maxsuel, Luisinho, Mário e Rodrigo Dias, além do Marcinho, que defendeu o Vulcão no Módulo II deste ano e agora está conosco. Estes jogadores terão seu futuro definido em maio. Se não formos disputar mais nenhuma competição na temporada eles serão emprestados. Todos os jogadores que foram citados terão seus contratos renovados até 1º de maio de 2012. Então, já temos um time base para a próxima competição.
Mantiqueira – Caso o time só dispute o Campeonato Mineiro de 2012, quando devem começar os trabalhos?
Gonçalves. A programação é para dezembro. Temos um acordo verbal com o Roberto Fonseca e é nossa vontade que ele seja o técnico da equipe ano que vem. Se ele vier, contará com os jogadores que citamos e mais outros que ele indicará para nós. Ele acha que em 50 dias consegue colocar a equipe em boas condições de disputar o campeonato e conseguir uma classificação bem melhor que o sétimo lugar deste ano. Caso o Roberto não venha, ele nos indicará um técnico competente para nos ajudar.
Mantiqueira – Nesta montagem do elenco, o senhor continuará investindo em jogadores caros como nesta temporada?
Gonçalves – A questão é um pouco mais complicada. Não que este ano demos prioridade para jogador caro. Tivemos de ir atrás do que estava disponível na época. A gente chegou numa situação no campeonato que tinha que ter mudanças. Do jeito que estava não podia ficar. O problema é que naquela época a gente não conseguia achar jogadores disponíveis no mercado de forma alguma. Em dezembro você consegue bons jogadores com um custo aceitável. Em fevereiro não se consegue mais achar jogadores pois a maior parte já está empregada e sem condições de sair do clube no qual se encontra. Quando a gente precisou de atletas tivemos que ligar para muitos lugares para tentar alguma alternativa. Na época, conseguimos o Fernando Gaúcho, que veio por um preço mais alto. O Fernando vinha de uma lesão, mas estava tendo boas atuações. Para você ter uma ideia, uma semana antes, jogando pelo Ituano, marcou dois gols. Pensamos que era, sem dúvida, o homem que a Caldense estava precisando. Mas, infelizmente, aqui ele simplesmente não jogou. Como poderíamos adivinhar? Em campo ele parecia que não tinha vontade, que seu futebol tinha acabado. Domingo, contra o Guarani, ele teve que ser substituído porque não rendia nada em campo. Agora, com relação ao custo, se este jogador for resolver o seu problema, vale a pena. Não foi o caso do Fernando Gaúcho.
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