Após o anúncio da Fifa sobre a exclusão de Poços de Caldas como subsede para a Copa do Mundo, há pouco mais de um mês, a reportagem ouviu Laércio Martins, presidente do comitê local, sobre o que foi feito desde então para recolocar a cidade na briga pelo campeonato mundial. O otimismo demonstrado por Martins é grande. A estratégia é negociar diretamente com as embaixadas de países europeus. Segundo ele, quatro países podem visitar Poços de Caldas e avaliar a cidade como local de treinamentos durante a competição mundial.
Mantiqueira – Como a comissão recebeu a notícia da exclusão de Poços de Caldas da Copa do Mundo?
Laércio Martins – Foi uma surpresa muito grande. A gente tinha certeza de que seríamos escolhidos. Fizemos uma pressão para saber os motivos desta exclusão. O que foi apontado não nos convenceu. Éramos a única cidade com um centro de treinamentos pronto, considerado um dos melhores do interior de Minas. Este CT foi integrado com estrutura do Sest/Senat. Nossa rede hoteleira é muito boa e tudo que nos foi solicitado foi feito. Aqui, nada precisava ser construído, tudo estava pronto, necessitando apenas de adequações. Isto era justamente uma das imposições da Fifa. Não se aceitava o termo “a construir”. Apontar nossa rede hoteleira e o aeroporto como pontos desclassificatórios foi no mínimo estranho. Temos promessa do governador do Estado de aumentar em 300 metros a pista do aeroporto local e a Fifa tinha conhecimento disto.
Mantiqueira – O que a comissão está fazendo para reverter a decisão da Fifa?
Laércio Martins – Desde aquela surpreendente decisão, nos reunimos e decidimos não desistir de colocar Poços de Caldas no evento. A gente entendeu que a escolha das cidades não foi por questões técnicas e resolvemos atacar em outros campos. Vimos que ir direto às embaixadas seria o melhor caminho.
Mantiqueira – O que mais surpreendeu nas exigências da Fifa?
Laércio Martins – Eles pediram para a gente tentar buscar com os hoteleiros locais investimentos na rede de Poços. Impossível. Como iríamos chegar aos donos de hotel, pedir investimentos, se não temos garantia que a cidade seria escolhida? Não temos condições de fazer este tipo de solicitação aos empresários. Um absurdo este pedido.
Mantiqueira – Você acredita que Minas pode ficar sem subsedes na Copa?
Laércio Martins - Se insistir apenas com as cinco cidades indicadas pela Fifa, o Estado corre sim o risco de ficar sem localidades de subsede. Para se ter uma ideia da gravidade do problema, São Paulo indicou 37 cidades, realizou um trabalho em cima de todas estas cidades. Paralelamente, a Secretaria paulista está trabalhando direto nas embaixadas para colocar estas 37 cidades na Copa do Mundo. Conheço a maioria das cidades paulistas indicadas e posso afirmar, com categoria, que todas são bem melhores que as cinco indicadas por Minas.
Mantiqueira – Mas o senhor acredita que existem interesses extras nas escolhas da Fifa?
Laércio Martins – Claro que sim. Ficamos sabendo que tem interesse financeiro do exterior. O Brasil possui vários resorts modernos construídos com fundos de fora do país. Eles agora querem que este investimento seja utilizado na Copa do Mundo. Em Poços não temos este tipo de investimento e isto pesou muito na decisão da Fifa.
Mantiqueira – E como está sendo direcionado este novo trabalho pela comissão local?
Laércio Martins – A prefeitura está produzindo um material muito bom de divulgação da cidade. Vamos levar este material diretamente para as embaixadas das seleções que irão disputar as eliminatórias para a Copa do Mundo. Acredito que com este material sendo levado direto aos interessados temos chances de conseguir nosso objetivo. Temos quase certa a visita do representante da embaixada da Inglaterra na cidade. A França, Itália e Estados Unidos sinalizaram positivamente e também devem agendar visitas em nossa cidade. O caminho é por aí. Quem vai dar a palavra final são as embaixadas e isto nos enche de otimismo.
Mantiqueira – Existe alguma promessa de ajuda, fora de Poços, para recolocar a cidade no evento?
Laércio Martins – Temos alguns amigos em Brasília que ficaram surpresos com a exclusão de Poços. Eles prometeram ajuda, incentivaram a continuação do trabalho e, em contrapartida, vão nos ajudar nesta empreitada.
Mantiqueira – Houve algum progresso?
Laércio Martins – Sim. A secretária Cibele recebeu pedido da própria Secretaria do Governo de Minas para a produção de um material fotográfico de alta resolução do CT e do Sest/Senat. Este pedido veio agora e nos deixa mais otimistas. Acredito que alguma coisa nova aconteceu. A prefeitura está providenciando este material. Parece que resolveram dar um valor maior para Poços de Caldas. Queira Deus que a Secretaria de Minas tenha resolvido nos ajudar, colocando a gente novamente na disputa por seleções. Independente desta nova janela que está se abrindo, vamos continuar trabalhando duro, contando com ajuda de Brasília. O que não pode é uma cidade como Poços de Caldas ficar fora de um evento grandioso como este. Temos tudo para não ficar de fora. Oferecemos benefícios que poucos locais oferecem. Teremos em breve uma Thermas que será a melhor do Brasil. Nosso clima é europeu e pode nos ajudar. Qualquer seleção quer vir pra Poços. Temos uma qualidade de vida muito parecida com a Europa. Imagine um alemão em Montes Claros? Não dá, é muito quente para eles.
Mantiqueira – Mudando um pouco o foco, qual o papel do comitê na escolha de Poços como local de treinos durante os Jogos Olímpicos?
Laércio Martins – Fizemos um trabalho sério e que deu certo. Até isto nos causa estranheza sobre a decisão de nos deixar de fora da Copa do Mundo. Como sermos escolhidos para receber atletas olímpicos e não servirmos para a Copa? Claro que tivemos parceiros importantes também nesta empreitada. Marcelo Corrêa Norberto, que é de Poços e mora no Rio já há um tempo, nos ajudou bastante no COB. Ele tem contatos importantes e facilitou nosso trabalho e da prefeitura junto ao COB. Sem apoio como o do Marcelo fica difícil e por isto estamos nos apegando a parceiros fora de Poços que podem nos ajudar também a colocar nossa cidade dentro da Copa do Mundo.
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