Poços de Caldas, MG - O sonho ambicioso de fazer parte da elite do futebol brasileiro até 2020 deixou de existir oficialmente ontem. O Poços de Caldas FC, conhecido por sua torcida como Vulcão, não existe mais. A diretoria divulgou nota oficial lamentando a atual situação do clube e comunicando o encerramento das atividades.
A história
O Vulcão foi fundado em 2008 por um grupo de amigos. Na realidade parte deste grupo tinha ligação com a Associação Atlética Caldense e se rebelou, criando uma associação para fazer frente ao time da Veterana. No primeiro ano as coisas aconteceram de forma surpreendente. Disputando a terceira divisão de Minas Gerais, o Poços de Caldas conseguiu atrair ao Ronaldão mais de três mil pessoas, público bem superior ao da Caldense, que disputava a elite mineira. Em sua primeira temporada, o Vulcão já conseguiu o acesso para o Módulo II. Naquele ano a Caldense fez péssima campanha no Campeonato Mineiro e acabou rebaixada. No ano seguinte aconteceria então o enfrentamento entre as duas forças da cidade.
Em 2009, o time teria que medir forças com a própria Caldense, América Mineiro e Ipatinga e fez um campeonato tumultuado. Foram muitas brigas entre dirigentes com jogadores e com a imprensa. Num dos casos mais famosos Giovane Gaspar e Régis Pitbull se desentenderam em campo. O caso ganhou repercussão nacional. Nesta época o dirigente acabou se desentendendo também com a reportagem do Mantiqueira e a situação foi parar na justiça por dois anos. No campo o Vulcão também não vinha bem, para piorar foi derrotado em todos os confrontos que teve com a Caldense.
Santo André
Em 2010, veio o melhor momento do Vulcão. Numa grande parceria com o Santo André, o time conseguiu fazer um Campeonato Mineiro quase perfeito, brigando até a última rodada pela classificação para a elite do futebol mineiro. O Vulcão ficou a apenas um ponto da primeira divisão. Só que a diretoria não conseguiu manter a parceria de sucesso no ano seguinte e o time voltou a cair. Em 2011, brigou contra o rebaixamento até a última rodada. Se livrou por um daqueles milagres que acontecem apenas de vez enquanto. Precisando de uma combinação de resultados para se manter no Módulo II, o Vulcão contou com a ajuda dos deuses e não foi rebaixado. Ano passado o fiasco se repetiu. Sem conseguir montar um bom time e com dificuldades financeiras, o Poços de Caldas FC brigou até as últimas rodadas contra o rebaixamento. Novamente se manteve na elite, porém, os sinais de que o time poderia acabar a qualquer momento eram visíveis.
Ingenuidade
O fim do Vulcão foi marcado por uma demonstração de ingenuidade de seus dirigentes. Acreditanto num empresário desconhecido - Celestino Del Carmen Villa Zapata - a diretoria do clube esbanjou confiança e fez apresentações pomposas. Nas dependências do Palace Hotel mostraram Amaral e Cléber para a imprensa. Veio Finazzi, depois um gringo uruguaio. Tudo ilusão. O time ficou hospedado em hotel de luxo e a dívida só crescendo. Neste momento, Celestino sumiu. No dia seguinte o Jornal da Cidade publicou várias dívidas do tal empresário. Dívidas que poderiam facilmente serem averiguadas pela diretoria do Vulcão, mas por alguma razão não o fizeram. O fato é que graças a uma grande e inacreditável ingenuidade, o Poços de Caldas não existe mais.
Jogadores
Em entrevistas para emissoras de rádio e televisão ontem vários jogadores do Vulcão lamentaram o ocorrido. Alguns denunciaram que estão sem receber salários desde o início do trabalho e passam dificuldades financeiras. Muitos nem sabem como irão embora para suas cidades. O mais grave da situação é que até a tarde de ontem nenhum representante da diretoria havia procurado os atletas para explicar a situação. A imprensa em geral também não foi atendida pelos diretores da equipe, que preferiram se manifestar através de uma nota oficial.
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