Treinar com uma bolsa em lugar de bola, dormir com três bolas espalhadas pelo quarto, ter um “hermano argentino” como treinador e um espírito de companheirismo que poucos esportes proporcionam. Tudo isto é um pouco do Poços de Caldas Rugby Clube, time local que treina todos os domingos no parque municipal e sonha em competir grandes campeonatos do Brasil.
O início do time foi de forma inusitada. Um grupo de amigos se reunia no parque municipal para treinamentos. Como o dinheiro era pouco, pois a maioria era de estudantes da Puc, e tinham nos estudos a prioridade, nem bola eles tinham para treinar. Foi aí que apareceu o argentino Aldo Raquita na vida dos jovens amantes da modalidade. “Eu estava morando em Poços de Caldas há pouco tempo e fui até o parque municipal fazer exercícios físicos. Vi um grupo de rapazes passando uma bolsa de mão em mão numa espécie de aquecimento. Fiquei um tempo observando e eles continuavam e a curiosidade falou mais alto, me aproximei e perguntei o que eles estavam fazendo. Para minha surpresa disseram que era Rúgbi”, disse Raquita, que começou a prática da modalidade na Argentina, mais precisamente na cidade de La Prata aonde chegou a disputar algumas competições como semi-profissional. “Não acreditei no que estava acontecendo e vi ali uma oportunidade de levar o esporte adiante aqui na cidade. Falei para eles esperarem um pouco e corri até minha casa e trouxe três bolas de rúgbi. Os olhos deles brilharam no mesmo instante e ali nasceu o primeiro time de rúgbi de Poços de Caldas”, lembra Aldo Raquita.
O treinador tinha experiência de sobra para passar aos rapazes de Poços de Caldas. Depois que deixou a Argentina ele passou um período nos Estados Unidos e por lá o rúgbi também fez parte de sua vida onde jogou em times universitários e ainda foi treinador de algumas equipes.
O rúgbi a primeira vista parece ser um esporte bastante violento. O contato físico é a tônica de uma partida e muitas vezes a impressão de que graves acidentes serão inevitáveis. Os praticantes do esporte, no entanto defendem o rúgbi com unhas e dentes e não admitem que o esporte seja violento. “Tem contato físico sim, mas todos estão treinados para dar e receber as pancadas. Ninguém entra numa partida sem estar devidamente preparado para o que vai encontrar pela frente”, disse Donatello, um dos jogadores do time de Poços de Caldas que tem papel importante na formação da equipe. “O Danatello e o Zani são meus grandes aliados em não deixarem o esporte morrer em Poços de Caldas. São eles que incentivam os jogadores a continuarem os treinamentos e amam este esporte como poucos”, disse o treinador.
Parece exagero, mas não é. Zani, um dos homens fortes do time, com um 1,90 de altura e grande massa muscular, mostra toda sua paixão pelo esporte ao admitir que dorme com várias bolas de rúgbi espalhadas pelo quarto.
“O esporte está no sangue e deixo sempre pelo menos uma bola por perto”, disse ele que veio na redação do Mantiqueira com sua inseparável bola embaixo do braço. Ao ser questionado pela reportagem o porquê da bola ter vindo ao jornal, Zani disse o seguinte: “Ela sempre está comigo, em todos os momentos”.
Uma partida de rúgbi é disputada por duas equipes com 15 jogadores cada. Para quem acha que todos precisam ter força física para a prática do esporte se engana. Os homens mais fortes ficam para conter os bom corredores, formados geralmente por atletas mais magros. “Qualquer um pode praticar o rúgbi, desde uma pessoas com um porte físico grande até uma pessoa mais magra. Os menores e magros são os que correm mais enquanto os “fortes” ficam na retaguarda para conter o avanço deles”, conta Donatello.
O time de Poços de Caldas tem como mascote um bode e vive uma grande fase. Há poucos dias venceu a forte equipe da Ufla de Lavras, terceira colocada no último Campeonato Mineiro. A vontade do treinador Aldo Raquita e de seus atletas é participar de várias competições a partir de 2012. Este ano o time está concentrado na realização de amistosos. “Queremos estar bem preparados para as competições e por isto este ano vamos continuar realizados amistosos. Quanto mais jogarmos, mas bagagem nossos atletas ganham para os campeonatos que virão”, disse o treinador.
“Hoje temos muitos jovens interessados em fazer parte do time. Eles nos procuram começam a treinar e isto é muito bom. Antigamente não era assim e a dificuldade em termos uma equipe era grande. Precisamos aproveitar este momento e fortalecer nossa equipe”, finalizou o treinador.
Serviço - Os interessados em fazer parte da equipe do Poços de Caldas Rugby Clube podem entrar em contato com Donatello, Zani ou Raquita. Os telefones são os seguintes: 9958-8832 (Aldo); 9184-8911 (Donatello) ou 91987877 (Zani).
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