Os alunos do sensei Elton Fiebig receberam esta semana a visita do educador físico Wantuir Francisco Siqueira Jacini, da Unicamp. Ele esteve em Poços a convite de Fiebig e aplicou nos judocas do Projeto Soma várias avaliações de inteligência e concentração. O resultado destes testes deve sair em alguns dias.
Formado em educação física, Jacini é pioneiro neste tipo de estudo no Brasil. Recentemente, ele analisou, em humanos, os efeitos que os exercícios físicos podem causar no sistema nervoso central. A pesquisa, inédita no país, foi realizada em judocas, corredores de alto nível técnico e pessoas sedentárias, todos com características similares de peso, altura e idade. Os índices para mensurar o aumento da substância cinzenta no sistema nervoso central foram medidos por voxels, o equivalente a um cubo de um milímetro nos três eixos que compõem a região do sistema nervoso.
Segundo Jacini, o resultado dos judocas impressionou devido ao alto ganho nas regiões do cérebro, cerebelo e parietal. O aumento do volume de substância cinzenta em judocas foi de sete mil voxels.
Para o sensei Elton Fiebig, a vinda educador físico é um grande privilégio para os alunos do Projeto Soma. “O Wantuir foi atleta de judô, é praticante de esporte, já foi convocado para a seleção nacional, viveu no Japão durante um ano e tem uma vivência muito grande dentro do esporte. Hoje ele faz um trabalho cientifico que busca soluções para jovens e tivemos o privilégio de recebê-lo em Poços”, disse.
Jacini conta como surgiu a ideia de uma pesquisa deste tipo. "Sou formado em educação física. Fiz mestrado na Unicamp e realizei uma comparação entre o cérebro dos judocas, corredores e pessoas sedentárias. Em trabalhos experimentais anteriores, com animais, eu tinha observado que a atividade física pode estimular a atividade neuronal. Vimos ali uma infinidade de possibilidades de explorar este campo em possíveis formas de atuações, lesões, doenças neurológicas. Durante o trabalhos com os judocas, atletas e pessoas sedentárias, fizemos uma ressonância do cérebro de todos eles. Encontramos aumento na concentração de substância cinzenta em várias áreas do cérebro dos judocas. A massa cinzenta é a parte pensante do nosso cérebro", explica.
Ele continua dizendo que percebeu aumento de proliferação celular, mas pode ter ocorrido um aumento das conexões celulares. "Aquelas áreas estimuladas podem ser mais funcionais, causando um benefício neural para o judoca", completa.
Sobre os benefícios que essas descobertas podem trazer para o atleta, Jacini diz que os praticantes de esportes, principalmente os judocas, que foram o foco mais direcionado de seu estudo, possuem tendência a ter menos transtornos opositores desafiadores. "Avaliei um grupo de crianças que já praticava o judô e outro que não praticava. Foram analisadas 275 crianças que faziam judô com 292 que não praticavam o esporte. Todas as crianças eram da mesma classe social e os pais tinham nível superior. Depois de muito trabalho, pudemos observar que os praticantes de judô tem menos transtornos opositores desafiadores. Este transtorno é o que propicia às pessoas desvios de conduta, como abuso de drogas, tendência à delinquência. Entre outros esportes, o judô pode contribuir muito para que a criança siga um caminho correto", analisa o pesquisador. Ele conta também que além do judô e do atletismo, tem feito algumas avaliações em outras modalidades esportivas.
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