Quem acompanhou a decisão do Campeonato Amador da Liga Poços-caldense de Futebol (LPF) no dia 28 de novembro, entre Atlético Rosário e Cruzeiro, ficou impressionado com a performance do goleiro Rafael Afonso de Souza. O jogador do Atlético fez grandes defesas no tempo normal e garantiu o empate em 1x1 que levou a partida para as penalidades máximas, quando também foi o grande nome do jogo ao defender duas cobranças de pênaltis que deu o título ao time do Santa Rosália. Vale lembrar que o Cruzeiro era favorito disparado naquele jogo e poucos acreditavam que o Atlético conseguiria derrotá-lo. O que pouca gente sabe é que Rafael, com 1,92 m e apesar da pouca idade - 22 anos - tem uma longa jornada no futebol profissional com passagens por Caldense, onde iniciou a carreira profissional, Poços de Caldas FC, Fenerbahçe da Turquia, Atlético Paranaense dentre outros.
Em entrevista ao Mantiqueira, ele contou um pouco de sua carreira e diz que está esperando uma nova oportunidade para voltar ao futebol.
Mantiqueira - Quando você iniciou no futebol profissional?
Rafael - Meu primeiro contato com o futebol foi em escolinhas de Poços de Caldas - Athletic Center e Gol de Craque - até me transferir para o clube do ex-zagueiro da seleção brasileira e do São Paulo, Oscar, em Monte Sião. Depois de uma temporada me transferi para o Londrina, norte do Paraná, e depois voltei para a Caldense, onde me profissionalizei. Depois da Caldense fui para o Atlético Paranaense, voltei novamente para a Caldense e de novo deixei a cidade para jogar no Democrata de Sete Lagoas. Tive ainda passagens pelo Araxá e depois comecei minha carreira internacional. Fui para a Polônia e depois para o Fenerbahçe, da Turquia, onde tive uma das melhores fases de minha carreira. Tive contato de perto com grandes nomes do futebol, como Zico, que era o treinador, o lateral Roberto Carlos, entre outros. Depois de algum tempo voltei a jogar em nossa cidade, desta vez pelo Poços de Caldas FC, com o técnico Marcus Vinícius.
Mantiqueira - Por que você resolveu dar um tempo na carreira de atleta profissional?
Rafael - Acontecem algumas coisas e chega uma hora em que é preciso colocar na balança o que compensa e o que não vale a pena. Tenho uma família para cuidar e não posso ficar dependendo da má vontade de alguns dirigentes. Muitas vezes oferecem ajuda, mas quando vai ver mesmo acabo me decepcionando. Fica difícil a gente ter que esperar determinadas situações. A vida da gente não para e a família vem sempre em primeiro plano. Às vezes você deposita toda a sua confiança em determinadas pessoas, acha que esta pessoa vai impulsionar de vez sua carreira e ela acaba te dando uma facada nas costas. Lamentavelmente, no mundo do futebol existem muitas pessoas deste tipo, que prejudicam um atleta que pode render mais dentro do futebol. Coisas deste tipo acabaram pesando muito em minha decisão de dar um tempo com o profissionalismo e partir para outros meios para ganhar a vida. São poucas as pessoas que realmente querem te ajudar no futebol profissional. A maioria quer é lucrar de alguma forma com o atleta. Sinceramente, minha parada foi por medo de me decepcionar novamente.
Mantiqueira - Algum clube te procurou recentemente?
Rafael - Tem um clube de Goiás que mostrou interesse e estamos conversando, uma pessoa do Rio Grande do Sul também me ligou graças a indicações de amigos e vamos analisar tudo. Ainda não tem nada certo, vamos ver o que vai acontecer em breve.
Mantiqueira - Então sua meta é voltar ao profissionalismo?
Rafael - Sempre foi. É meu sonho de criança, deixar o futebol não tem jeito. Esta parada era necessária, mas quero retomar minha carreira.
Mantiqueira - Como foi a experiência de jogar no futebol amador de Poços de Caldas?
Rafael - Gostei muito. Disputei pela primeira vez este ano dois campeonatos e foi muito bom. Fomos campeões do Campeonato Amador e do Campeonato Regional de Congonhal. O Rural infelizmente não deu. Mas acabou sendo uma experiência nova, gostosa. O futebol amador de Poços de Caldas é muito bem organizado e vale a pena ser disputado. Fiz novas amizades e isto não tem preço.
Mantiqueira - Qual técnico você destaca em sua passagem pelo futebol?
Rafael - No Fenerbahçe, apesar de estar integrando a equipe de juniores, tive o privilégio de estar próximo ao Zico. É um treinador, um profissional fora de série. Trata todo igual e busca tirar o melhor de cada profissional. Em Minas acredito que o grande treinador com quem trabalhei é o Zezito. Para mim ele está um nível acima e é o melhor treinador do interior mineiro.
Mantiqueira - Quais as diferenças entre Europa e Brasil?
Rafael - A organização dos europeus é uma coisa que dificilmente se encontra por aqui. Os estádios, a torcida, a estrutura. Eles valorizam muito mais o profissional. A cobrança da imprensa também não é como no Brasil. Eles cobram de uma forma diferente. O jogador sul-americano é muito bem visto e acaba tendo bastante destaque enquanto no Brasil este mesmo jogador recebe uma cobrança grande que acaba prejudicando muito seu rendimento e até mesmo sua carreira.
Mantiqueira - Você teve contato com figurões do futebol mundial. Como foi isso?
Rafael - A primeira impressão que tive foi estranha. Quando vi aquela verdadeira seleção fiquei assustado. Ontem eu via na TV e naquele momento estava dividindo a concentração. Tinha contato muito próximo com o Roberto Carlos, hoje no Corinthians, Alex, Lugano, Edu Dracena, Marco Aurélio, David, era muito bacana. Com a convivência do dia-a-dia tudo se tornou comum. Me tratavam super bem. Queria ter continuado na Turquia. Dos lugares em que joguei foi o que mas gostei. Mas a vida tem mesmo suas reviravoltas, espero um dia poder voltar.
Mantiqueira - Se alguém se interessar pelo seu futebol como pode entrar em contato?
Rafael - Pode ligar para 9131-3288 ou 3713-1177 ou pelo e-mail rafinha_nanet@ hotmail.com
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