domingo, 29 de abril de 2012

Amadorismo e falta de investimentos fazem clubes mineiros desistir da Série D


Bruno Furtado

(Matéria publicada no portal Uai) - A segunda vaga de Minas Gerais na disputa da Série D do Campeonato Brasileiro está indefinida. O motivo? Faltam candidatos. Depois de o Guarani anunciar que não tem condições financeiras de participar da competição, por falta de patrocínios, outros clubes do interior também estão propensos a recusar.
A Caldense, da rica cidade de Poços de Caldas, no Sul de Minas, teria direito à vaga na Série D com a desistência do Guarani. A Veterana foi a sétima colocada no Mineiro deste ano. Mas o vice-presidente do clube, Franco Martins, já se posicionou em entrevista ao Jornal da Mantiqueira. “Financeiramente é inviável e também não existe prazo para montar um bom time. Os jogadores que estão aqui já estão sendo emprestados e toda a comissão técnica foi dispensada. Teria que se começar um trabalho do zero e isto é inviável”, disse.
Oficialmente, a Caldense só será convocada pela Federação Mineira a disputar a Série C a partir de quarta-feira que vem, quando a diretoria do Guarani protocolar a sua desistência. Mas a chance de a cúpula da equipe de Poços mudar de ideia é praticamente zero.
Segundo o repórter do Mantiqueira Paulo Vitor Campos, que cobre o dia a dia da Caldense, o desinteresse de dirigentes em ver o clube no cenário nacional vem de longa data. “A principal alegação é financeira. Setores da Caldense entendem que não vale a pena, que uma participação dessa pode quebrar o clube, que hoje é saneado, organizado. Dinheiro o clube tem, mas não há interesse. A Caldense disputou o Brasileiro da Série A em 1979, duas Copas do Brasil, um Supercampeonato e só. Todo ano é Mineiro e nada mais”, conta.
”A população de Poços está revoltada. Todos queriam ver o clube na Série D. O pessoal não se conforma de a Caldense não se interessar. A imprensa também pressionou muito para que o time entrasse. Mas, pelo jeito, vai ficar fora mesmo”, destaca Paulo Vitor Campos.

Ninguém quer
Com as desistências de Guarani e Caldense, a vaga na Série D poderá ser herdada pelo América de Teófilo Otoni – 9º colocado no Estadual -, justamente o clube que, no ano passado, abriu mão da disputa alegando também falta de recursos financeiros.
 O Superesportes conversou neste sábado com o diretor de futebol do América-TO, Genílson Carleh, que deu sinais de que a Série D estará fora dos planos novamente. Segundo ele, a única pessoa autorizada a se posicionar seria o presidente Nodje Walter. De qualquer forma, entrar no Brasileiro exigiria a renegociação de todos os contratos já encerrados.
“O time que disputou o Mineiro já foi todo desfeito por questões de contrato. Reunir os atletas é até possível, mas levaria tempo. O treinador (Gilmar Estevam) também já saiu. Mas se houvesse uma condição dessa, de jogar a Série D, creio que ele voltaria. O problema é dinheiro. Jogar esta competição necessitaria de um investimento superior a R$ 1,5 milhão, pois, se você avança, tem de viajar de avião. O deslocamento é caro, o custo é muito alto”, disse Genílson Carleh.
 O presidente Nodje Walter não foi encontrado para falar do assunto.
 Com a possível negativa do América-TO à Série D, a desprestigiada vaga poderia cair no colo do Villa Nova, o 10º colocado do Mineiro, primeiro fora da zona de rebaixamento. Mas o momento do clube sugere outro “não” ao torneio organizado pela CBF. Do elenco que disputou o Estadual, 21 atletas já foram dispensados. O Supermercado BH, principal patrocinador, praticamente abandonou o projeto no futebol profissional e migrou para o Nacional de Nova Serrana, único clube mineiro já confirmado na Série D.
 O Leão do Bonfim até emprestou, por um ano, dois dos seus principais atletas ao Nacional: o meia Henrique, revelação da base, e o atacante Ualisson. Nenhum deles representará o Villa no Mineiro de 2013.
 Historicamente, a prefeitura de Nova Lima responde por 70% dos investimentos no futebol. O presidente Jairo Gomes não atendeu a reportagem para falar das chances de disputar a Série D. A assessoria de imprensa informa que essa chance é remota.

Um comentário:

Jonathan/Florianópolis disse...

A situação é a mesma no rio Grande do Sul. A equipe do Veranópolis conquistou a vaga e abriu mão de disputar por falta de investimento. A vaga foi repassada a equipe do Novo Hamburgo que também abriu mão, e posteriormente foi o São José de Porto Alegre que abriu mão da disputa. Agora a vaga foi oferecida a equipe do Pelotas, a qual poderá aceitar, pois seu maior rival (O Brasil de Pelotas) irá disputar a D. Mas é lamentável uma situação dessas. Esse é o Brasil da nossa CBF.