terça-feira, 10 de abril de 2012

Presidente da Caldense não esconde decepção com time e avalia se Série D vale a pena

Poços de Caldas, MG - Visivelmente irritado com o desempenho da Caldense diante do Villa Nova e decepcionado com a pouca presença do torcedor nos jogos finais, o presidente da Associação Atlética Caldense avalia se vale a pena participar da Série D do Campeonato Brasileiro.  Em entrevista ao Mantiqueira ele aborda o assunto e diz que vai fazer todo o esforço para entrar na competição nacional. Sobre dispensas, disse que uma reunião hoje discutirá o assunto.


Mantiqueira - A Caldense está realmente interessada em disputar a Série D?
Antônio Bento Gonçalves - Primeiramente temos que conseguir esta classificação dentro de campo, o que ainda não aconteceu. Temos um compromisso pelo Campeonato Mineiro, será um jogo que vai definir se nosso time entra ou não na competição nacional. Conseguindo a vaga em campo, eu, como presidente do clube, vou fazer um levantamento de tudo que foi gasto na disputa do Campeonato Mineiro, qual foi o comprometimento que tivemos analizando todas as despesas que tivemos durante a competição. Depois disto saberei o que vai sobrar e o que poderei gastar no futebol. Tivemos em patrocínios um total de 753 mil reais. Uma parte deste valor vou ter para gastar no futebol no segundo semestre. O departamento do marketing me garantiu aproximadamente 150 mil reais em patrocínios para a disputa da série D do Brasileiro. Colocando o valor de suporte da Caldense mais estes 150 mil, vou analisar se vale a pena entrar na competição. Tudo será colocado na balança. Os jogos que a Caldense terá pela frente, qual a despesa com atletas, transporte, hospedagem, gastos que teremos nas partidas em Poços de Caldas, taxas, enfim, tudo. Depois vamos verificar as condições de disputar o campeonato. Se faltar algum valor recorremos ao apoio da imprensa para nos ajudar a conseguir o valor necessário para a disputa. Vamos procurar fontes para nos suprir em valores que faltar. A imprensa de Poços nos ajudou muito durante o Campeonato Mineiro e acredito que vai continuar assim no restante do ano.

Mantiqueira - A falta de apoio da torcida nos jogos finais do Mineiro decepcionou o senhor?
Bento Gonçalves - Infelizmente não tivemos o apoio que esperávamos nos jogos diante do América-TO e contra o Villa Nova. Mesmo com todo o apelo da imprensa e da própria Caldense, o torcedor não apareceu para os jogos e tivemos prejuízos. A gente precisava muito deste 12º jogador. O jogo contra o Villa Nova, além da decepção que tivemos como resultado final, quando vencíamos por 2x0 e fomos surpreendidos por um empate, tivemos uma arrecadação muito pequena que nos deu um prejuízo de quase dez mil reais. Uma pena, pois esperávamos mais da torcida nesta reta final.

Mantiqueira - A pequena presença do torcedor pode pesar na hora de definir a participação da Caldense no Campeonato Brasileiro?
Bento Gonçalves - Vamos fazer todo o esforço possível para manter a Caldense em atividade no segundo semestre. Queremos disputar o Brasileiro e vamos trabalhar para isto. Confesso que tenho medo de não ter o apoio do torcedor. Tenho medo deles não colaborarem com a Caldense indo aos jogos, participando e sendo nossa força extra fora de campo. Será que vale a pena disputar o Brasileiro sem este apoio? Fico em dúvida, pois no Campeonato Mineiro, na hora que mais precisamos não tivemos este apoio. Volto a dizer que vamos fazer de tudo para disputarmos o Brasileiro, mas o torcedor também precisa fazer sua parte.

Mantiqueira - Parte da imprensa de Poços e algumas pessoas ligadas a Caldense afirmam que o clube não vai disputar o Brasileiro da Série D, pois está sem dinheiro, e que está apenas adiando para passar esta informação para todos. O que tem de verdade nisto?
Bento Gonçalves - Estão falando bobagens, besteira. Quem decide se vamos ou não disputar o campeonato é o presidente da Associação Atlética Caldense. Eu, como presidente do clube digo que se classificarmos e tivermos recursos, vamos disputar sim. Não teremos um time caro pois não podemos ter uma folha de pagamento alta. Não vou comprometer o patrimônio do clube em razão do futebol. Temos que ter os pés no chão e montar um time de acordo com nossas possibilidades.

Mantiqueira - A atual comissão técnica será mantida caso o time dispute o Brasileiro?
Bento Gonçalves - Creio que não. A comissão técnica hoje é cara e não temos recursos para mantê-la no segundo semestre. Vamos manter jogadores nossos que estão com contratos firmados por um período mais longo e vamos dar oportunidades aos jogadores da base. Deveremos realizar uma ou outra contratação, porém, nenhuma envolverá jogador caro.

Mantiqueira - O senhor me parece bem decepcionado com a campanha da Caldense. O que aconteceu na sua visão?
Bento Gonçalves - Fiquei muito decepcionado, não escondo. Traçamos algumas metas. A primeira era não cair para a segunda divisão e conseguimos cumprir. A segunda era ficar entre os seis e isto está seriamente ameaçado. O jogo de domingo é decisivo neste sentido, mas estou com medo de não conseguirmos este objetivo. Ficar entre os seis é muito importante porque nos dará condições de fazer seis partidas em casa no ano que vem. O outro projeto nosso era ficar entre os quatro finalistas, mas o resultado contra o Villa Nova nos tirou esta possibilidade.

Mantiqueira - Haverá dispensas ainda esta semana?
Bento Gonçalves - Vou me reunir hoje com Franco Martins e o Bambine, além do Alex Joaquim e vamos resolver justamente esta questão. Não sei ainda se vamos dispensar alguém esta semana ou se vamos aguardar o final do campeonato. A reunião acontece pela manhã e agora não posso antecipar o que deve acontecer. Minha decepção com o resultado de domingo é tão grande que se tivesse que decidir agora, dispensaria muita gente.

Mantiqueira - Qual sua relação com o conselho do clube?
Bento Gonçalves - Não tenho oposição dentro do conselho, nunca tive. Meu relacionamento com eles é o melhor possível, até porque não escondo nada daquilo que existe. A Caldense é resumida em números, tendo receitas e despesas, que são apresentados a cada trimestre. O clube hoje é uma associação forte, existe arrecadação dos associados e existem despesas naturais. Hoje temos 153 empregados e tudo está funcionando muito bem. Tenho procurado dentro do possível que a Caldense se integre realmente na sociedade e vice-versa, afim que haja uma aproximação através de eventos. Cada vez mais os associados estão nos prestigiando. O primeiro baile que foi aberto para a população em geral houve cerca de 40% de não sócios presentes. O último baile, realizado na semana passada, 80% dos presentes eram de sócios. Isto mostra que o associado estão prestigiando nosso eventos e estão satisfeitos com a administração.




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